domingo, 29 de junho de 2025

Capítulo 41 - A Guerreira do clã

 

Capítulo 41 - A Guerreira do clã

Os dois continuaram se olhando por um tempo, até que finalmente quebraram o silêncio.

– O que foi que aconteceu? – Thainá reiniciou o diálogo.

– Fui parar num labirinto duas vezes, e na última descobri que o Ícelo está usando o Mundo Virtual para se fortalecer.

– Mas como isso seria possível? Humanos não deveriam ser capazes de ter acesso àquela dimensão.

– Aparentemente eu não sou uma pessoa comum, a Esme me contou algo sobre eu ser o Guardião. – Akin falou para Thainá que pareceu ter recebido a informação como uma pedrada.

– Isso não pode ser possível - falou baixo, mais para si, do que para ele.

– Thainá, eu preciso das anotações, mas o que houve entre você e a Esme? – Akin falou em um tom de ordem.

Ela estranhou o quanto ele havia mudado desde a última vez que se viram, a informação sobre ele ser o Guardião a abalou.

– Nós éramos apaixonadas, mas nosso destino não permitiu que ficássemos juntas. – Os olhos dela lacrimejaram.

– Apaixonadas? – falou de sobressalto, levantando rapidamente.

– Sim, brigamos feio quando ela decidiu entrar para à Ars Magna.

– Mas… Como… – Ele ainda tentava entender. – Mas não dava para continuarem mesmo com ela lá?

– Não, faz muito tempo que ela não retorna para casa, porque está em uma missão a anos, buscando informações através da Ars Magna.

– Que tipo de informações?

– Informações de onde o Guardião está. – Concluiu levantando os olhos, e o encarando.

– Então agora que ela achou, vocês vão se encontrar?

– É possível, mas muita coisa mudou desde então, e temos destinos diferentes.

– É sobre ela ser a guardiã das chaves?

– Não, isso não importa agora. – Pegou o pedaço de papel com o poema escrito da pequena bolsa que carregava consigo, em sua cinta. – Toma. – falou mudando de assunto.

– Porque mudou de opinião? Não ia resolver isso sozinha?

– No nosso clã, cada família é responsável por uma função específica, a família da Esme, faz parte dos Sacerdotes, a minha faz parte das guerreiras, e minha função é ajudar o Guardião. –  Ela o encarava fixamente sem piscar.

Akin pegou o papel devagar, parecia ainda estar processando a informação.

– Onde exatamente fica o seu clã?

– No nordeste do continente.

– E onde exatamente estamos?

– Estamos em uma ilha do planeta Karawara, fica muito longe do continente Tekohá que foi encontrada pelo Zen e usada como base para proteger os assuntos mais sigilosos sobre a pesquisa sobre os três.

– Se o Zen é o pai da Esme, ele não deveria ser Sacerdote?

– Não exatamente, a mãe dela é sacerdotisa, ele é responsável pela arqueologia, os estudos antigos.

– Então agora você é minha guarda-costas?

– Não vai se achando, garoto – Ela riu quebrando o gelo que estava depois da informação. –  O que faremos agora senhor guardião?

– Vamos para casa, preciso te contar sobre o que aconteceu comigo, onde o Kong está?

– Você não percebeu?

– O que?

– Ele era você o tempo inteiro, fazia sua proteção enquanto você não conseguia acessá-lo internamente.

Ela encostou nele devagar, e colocou a mão suavemente no centro do seu peito.

– Ele agora está aqui. – Falou olhando-o fixamente.

– Certo…

– Vou te ajudar com isso, agora vamos…

– Porque esse lado da floresta é tão escuro? – Akin perguntou enquanto caminhavam.

– As Árvores cresceram demais desse lado da ilha, o que fez com que muitos animais noturnos migrassem para cá e cuidassem do território.

– Foi aqui que encontrei o Kong pela primeira vez.

– A presença dos animais noturnos deve ter te deixado em alerta e ele se manifestou.

– Vou poder fazer isso com frequência?

– O quê? Usar a forma animal?

– É…

– Com frequência não, exige muito gasto de Vigor.

– Então somente em situações extremas?

– É o recomendado, o que sentiu quando sentiu a presença dele pela primeira vez?

– Me senti com muita raiva, mas com uma energia pulsante esquentando o meu corpo inteiro - falou lembrando da luta com Zat’ar.

– E depois…?

– Senti minhas forças se esvaindo e caí de joelhos.

– Exatamente, você precisa aprender a controlar esse fluxo, para não se desgastar demais e poder continuar ativo.

– E como vamos fazer isso?

– Do outro lado da Floresta há um lago.

– Na Floresta de Pedra?

– Floresta de pedra? – Thainá riu. – Lá é onde fica o lago Sagrado, é onde vamos treinar. – Colocou a mão dentro da pequena bolsa novamente e retirou um pergaminho.

– O que é isso? – Pegou o pergaminho e quando abriu viu que era mapa do continente.

– Vê isso aqui no centro? é uma região que atualmente se encontra deserta, mas já foi uma grande floresta.

– O que aconteceu? – Houve um grande cataclisma gerado pela guerra dos 3, a muito tempo atrás.

– Há mais ou menos 600 anos? – chutou Akin.

– É por aí – Confirmou – Esse evento deixou quase metade do continente infértil, nosso clã tem a missão de restabelecer o ecossistema de Tekohá, mas um clã surgiu logo depois desse cataclisma, eles se intitulam de Mariposas, eles não têm respeito nenhum pelo nosso ecossistema e fizeram a base deles nesta região aqui. – Apontou para o Sudeste do mapa.

– Porque eles não respeitam o Ecossistema?

– Eles estão utilizando a tecnologia como forma de sugar os nossos recursos para enriquecer na terra.

– O Clã das Folhas não tem forças suficientes para os confrontarem?

– Não diretamente, e não sem o guardião, a tecnologia deles os colocam em uma certa vantagem, e com isso eles se protegem muito bem.

– Deixa eu adivinhar, aí precisam do Guardião para equilibrar a batalha.

– Exatamente. – Ela falou olhando para ele, rindo.

– Que no caso, sou eu…

– Por isso eu gosto de você, você é espertinho. – Falou em tom de deboche.

– E qual o plano?

– Primeiro, você tem que treinar, segundo eu preciso entrar em contato com a Soraia.

– Soraia? – Akin perguntou enquanto se aproximavam da casa.

– Sim, a minha Mestre, ótima caminhada, não acha? – Thainá entrou na casa, enquanto guardava o mapa.


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