Capítulo 40 - Hesitante
Havia acabado de sair de
uma situação muito arriscada, mas estava decidido a voltar, já entendia como o
labirinto funcionava e não queria deixar a oportunidade passar, porém seu corpo
estava muito cansado, decidiu comer e descansar.
– Como foi de bebedeira
ontem? – Sua mãe havia acabado de entrar no quarto.
– Como a senhora sabe? –
Falou com uma voz arrastada, de quem havia acabado de acordar, e com uma
ressaca terrível.
– Eu já tive sua idade,
Akin, não precisa mentir para mim, confesso que você até demorou. – Falou
rindo, mas com uma expressão ainda preocupada.
– Estou bem, só preciso
descansar um pouco.
– Liguei para o colégio
informando que você não vai hoje, tire o dia para descansar, mas quero saber
dos detalhes quando eu voltar do trabalho, tá bem? – Letícia lhe entregou um
remédio para dor de cabeça e um copo de água. – Beba bastante água, tem suco de
laranja na geladeira, e coma direito, mesmo se estiver sem fome, se você se
comportar, esse mal estar vai passar rápido, mas da próxima vez não exagere, ou
terei que lhe proibir de sair com seus amigos sem supervisão, já vou. o café já
está na mesa.
– Ta bem mãe, te amo. –
Akin falou aliviado por não ter levado uma bronca, mas com uma estranha
sensação de incômodo, em relação a ela.
Passou o dia se cuidando e
no meio da tarde já estava bem, a tontura, o mal estar e a dor de cabeça já
havia passado, então decidiu meditar, foi para o quarto e sentou na posição que
havia aprendido no dojo.
Sentiu seu corpo adormecer
e aos poucos foi sentindo sua consciência se expandindo, pouco tempo depois já
conseguia se ver meditando, enquanto flutuava em seu quarto, começou a subir
buscando o mundo virtual, estranhamente a fronteira que ele costumava ver entre
a atmosfera e a terra havia sumido, decidiu continuar subindo, até ver as
estrelas, não havia o mundo virtual naquele momento “O que aconteceu?” pensou.
Já conhecia o caminho até
Andrômeda e continuou sua viagem até lá, no caminho admirava as estrelas, o
espaço, os pequenos planetas, alguns longe demais das estrelas para serem
vistos a olho nu de lá da terra, foi uma viagem confortável até avistar S-And,
entrou em seu sistema até avistar o pequeno planeta, entrou em sua órbita até
encontrar a ilha do Zen, foi descendo até a Casa de madeira, era tarde, Kong
estranhamente não estava pelas redondezas como de costume.
– Porque demorou tanto?
Odeio ficar muito tempo no mesmo lugar, e você me fez esperar muito. – Thainá
foi perguntando assim que ele entrou, nem deu tempo dele a cumprimentar.
– Eu estou bem, obrigado
por perguntar.
– Onde está a caneta?
Descobriu quando vamos poder acessar a câmara? – continuou o interrogatório.
– Eu passei por várias
situações desagradáveis, dá para ser um pouco mais simpática?
– Garoto, não temos muito
tempo para sua choradeira, a vida é difícil, me responde. – Thainá falou
aborrecida por ter esperado muito.
– A Caneta está com a Esme,
eu não sei quando é que vamos poder acessar a câmera porque você não me deu as
anotações, e eu quase morri de novo.
– A Caneta está com quem!?
– Thainá avançou até ele, furiosa.
– Ela disse que iria
resolver com você.
– Não acredito que você fez
isso.
– Ela me encurralou,
Thainá, eu não tive para onde ir, era isso ou lutar.
– QUE LUTASSE! E agora, o
que pretende fazer, Sr. Inteligente?
– Agora você vai me dar as
anotações para eu levar até ela e poder descobrir como abrir a próxima câmara.
– Nem pensar, Garoto! –
Respondeu passando por ele e caminhando até a porta.
– Para onde você vai? –
Akin a acompanhou enquanto ela saía da casa.
– Resolver isso sozinha –
Ela saiu correndo em direção a Floresta Negra, ao leste da casa.
– Espere! – Akin começou a
correr atrás dela.
Ao entrarem na floresta a
Thainá começou a correr numa velocidade surpreendente, e Akin estava a
acompanhando com dificuldade, ela deu um pulo em uma raiz grande que tinha mais
ou menos um metro de altura e antes de tocar o chão já havia se transformado em
onça, Akin ficou enfurecido, não conseguiria a acompanhar naquele ritmo, sentiu
seu coração acelerar, e sua pele ferver, sentiu o calor fluindo por todo seu
corpo, sua visão melhorar, e seu corpo fazer movimentos animalescos, a presença
de Kong tão intensa que chegava a ser palpável, e quando notou, estava
acompanhando a Thainá a um palmo de distância, tentou chamá-la, mas ao invés
disso ouviu um rosnado grave que a assustou, dando a possibilidade de avançar
em cima dela, os dois se embolaram no chão, ela na forma de onça, ele em forma
de um Gorila duas vezes maior que ela, ao rolarem entre as árvores da floresta
negra, os dois voltaram a forma humana e Akin aterrissou em cima dela, com o
rosto quase colado no dela, com um olhar dourado ameaçador, enquanto ela o
olhava completamente desorientada por não ter entendido o que aconteceu.
Estavam próximos demais, seus lábios quase se tocavam pela proximidade, ela desviou o olhar para o lado com o rosto corado, assim que voltou a si, Akin foi se levantando aos poucos, afastando seu rosto lentamente do dela, mas sem desviar o olhar, soltou devagar os braços dela que segurava apenas para ela não fugir.
– O que foi isso? – Thainá
falou, se levantando para se sentar.
– Eu não sei, tentei te
falar sobre, mas você não deu a mínima. – Akin agora quem estava desconcertado,
mas ainda sem desviar seus olhos dos dela.
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