Capítulo 27 - Esmeralda
Ele sentiu como se a espada o tivesse sugado para dentro de um buraco de tamanho que não dava pra medir, e no outro instante sentiu cair de costas em cima de uma grama macia, dessa vez estava sozinho, havia uma estrutura feita de pedra, um castelo grande, havia guardas na entrada, mas parecia não haver movimentação lá dentro, por não ouvir nenhum barulho vindo dele. Andou até os guardas que permaneciam imóveis, até ele se aproximar.
- Quem é você? - Falou um dos guardas
puxando uma espada e apontando em sua direção.
- Calma, sou Aluno do Za’tar, preciso
falar com ele.
- Ele não disse que você viria, porque
está aqui?
- Não foi planejado, mas preciso falar
com ele, tenho uma missão importante pra ele.
O guarda o analisou, e julgou que o
garoto não parecia estar mentindo, avisou ao colega que voltaria em breve e o
levou até a casa onde a Esme ficava.
- Espere aqui. - Falou o guarda quando
chegou em frente a construção também feita de pedras, entrou e logo em seguida
saiu. - Pode entrar, voltarei ao meu posto.
Assim que entrou, Esme o recebeu com um
olhar enfurecido.
- O que pensa que está fazendo aqui,
novamente sem supervisão?
- Sabe a trabalheira que dá quando alguém
aparece aqui sem sabermos? Achei que tinha dito para não usar aquela chave
novamente.
- Eu precisei, foi uma emergência.
- Que tipo de emergência?
- A Thainá me mandou aqui para falar com a Karen - Akin falou lembrado que
provavelmente elas se conheciam.
A feição da Esme mudou de imediato.
- Não fale esse nome aqui novamente,
venha comigo, e não dê mais nenhuma palavra.
A Esme entrou no corredor que ele já
conhecia que dava ao quarto que ele havia ficado da última vez que ali
estivera, entraram e ela trancou a porta logo em seguida.
- Por favor, sente-se. - Falou
direcionando Akin à cama, e ficou encostada no armário de pernas e braços
cruzados, claramente nervosa com a situação. - Explique-se, sem enrolação.
- Eu já falei, A Thai…
- Eu entendi quem lhe mandou aqui, já
falei pra não falar esse nome novamente, só eu a conheço aqui, e espero que
permaneça assim.
- O que tem entre vocês?
- Ela é uma velha amiga. O que você quer
com a Karen, ela não se encontra.
- Eu só posso falar com ela, me desculpe.
- Ela é minha subordinada, o que você
falar com ela, pode falar comigo.
Akin estava encurralado, não sabia se
podia confiar na Esme, mas ao mesmo tempo, não tinha muita escolha, precisava
falar alguma coisa que a convencesse.
- Eu e Thai… Eu e a sua Velha amiga,
encontramos um artefato é preciso que a Karen dê uma olhada.
- Que artefato? - Perguntou mudando
novamente a expressão e descruzando os braços e pernas.
Akin ponderou se era uma boa ideia
mostrar a ela.
- Ela não costuma se envolver em nada, a
não ser que seja sério, Akin, me diga o que é que você está escondendo.
- Então… - Ele tirou a Caneta do bolso. - Em resumo
achamos esse Artefato em uma câmara que era um santuário do Deus Fântaso.
Esme ficou paralisada por um momento,
depois começou a andar de um lado para o outro pensando.
- Você não devia saber disso, tem algo
estranho acontecendo.
- Então você conhece a história dos 3
irmãos?
- Até onde você sabe sobre isso?
Akin falou o que aconteceu com ele e a Thainá, resolveu deixar a Karen de lado por um momento, porque
ela havia advertido que ele não poderia ter acesso àquele conhecimento ainda.
- O que ela pensa que está fazendo
envolvendo uma criança nisso tudo.
- Ta se referindo a mim?
- Sim, estou me referindo a você, você
não faz ideia onde se meteu. - Falou com os olhos verdes cintilantes olhando
como se olhasse através da alma de Akin com uma das sobrancelhas arqueadas.
- Como assim?
- Tem muita gente aqui que está fazendo
pesquisas relacionadas às ruínas que você visitou com o Za’tar, e parte dela
conta a história dos 3, mas nada tão detalhado como as coisas que você
descreveu, esse nível de detalhe só existe em um lugar e que não era pra você
saber.
- Naquele livro velho? - Falou Akin de
forma displicente, esquecendo do que a Karen tinha falado.
- Que livro? - Esme parou de andar de um
lado pro outro, e olhou fixamente para ele.
Akin percebeu que não tinha mais como
voltar atrás.
- A Karen me mostrou um livro que tinha
essa história.
- A Karen né… - Esme falou voltando a
andar de um lado para o outro.
- Ela está encrencada, não é? - falou
Akin preocupado.
- Não se preocupe com isso, você vai
fazer o seguinte, e não faça muitas perguntas, você já está encrencado o
suficiente. - Esme falou se aproximando de Akin e abaixando até ficar na altura
dos olhos dele - Vá para casa, volte para sua rotina e só volte aqui no dia do
treinamento, até lá, não se meta nesse assunto novamente, e eu assumo daqui.
- Eu não posso fazer isso, prometi a Thainá que não ia deixar o Artefato com ninguém.
– Deixe que com ela eu me resolvo, está
com o bracelete que te dei?
– Sim…
– Então, me dê a caneta.
– Não até você me dizer quem é você, não
sou garoto correios, não vim aqui pra isso. - Akin se levantou e andou até a
porta ameaçando sair.
– Você é bem teimoso, em… e apesar de ter
uma boa intuição, deixa seus sentimentos atrapalharem tanto que não vê o que
está embaixo do seu nariz.
– Como assim?
– Ela lhe falou que o local é selado?
– Falou…
– Como eu saberia que você viria, se não
conhecesse o local? Como eu sei da passagem no Quarto?
Aquelas palavras o pegaram de surpresa,
era verdade, ela estava um passo na frente dele o tempo inteiro, menos naquele
dia, porque ele teve ajuda da Thainá.
– Honestamente ainda não sei o que meu
pai viu em você, mas você deve ser alguém importante.
– Seu pai?
– Sim, meu pai, o Zen, confia em mim
agora, garoto? – Uma informação sigilosa pela caneta, lhe parece justo?
– Certo… mais alguém sabe disso?
– Não, senão eu não estaria aqui.
– Tá bom, vou deixá-la com você, mas você
tem que me prometer que vai me entregar de volta quando eu voltar.
– Se for necessário, sim, lhe entregarei.
Akin tirou a caneta da bolsa, estava
enrolada em um pano marrom e a entregou, ela pegou e a guardou na bolsa que
carregava pendurada ao lado da cinta.
– Fique aqui e descanse, use o bracelete
pra voltar pra casa, já fez muito por hoje, depois conversamos melhor sobre o
que faremos, e não fale sobre isso com ninguém, entendeu?
– Certo. eu preciso mesmo descansar. -
Ele falou indo até a cama e se sentou, parte cansado, parte aliviado.
Esme saiu do quarto apressada, alguns
minutos voltou com um vaso cheio de frutas.
– Coma, deve estar cansado, e boa viagem.
Akin comeu, refletiu um pouco sobre os
eventos ocorridos e dormiu.
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