Capítulo 31 - Reforço
Tudo estava escuro, ele estava em pé em um local onde não conseguia enxergar nada, sentia os pés descalços em um chão que não era terra, nem pedra, era frio, parecia metal, aos poucos luzes foram se acendendo, piscando ao longe e se aproximando, formas humanoides, com corpo robóticos, com fios saindo dos membros superiores, olhos em forma de lente de máquina fotográfica e sem boca aparente, se aproximavam com os braços levantados como quem queriam o alcançar, ele começou a correr, em direção oposta com a esperança de achar uma saída dali, ele não parava de correr e o caminho parecia não haver fim, ao olhar para trás, mais e mais seres robóticos apareciam o seguindo, cada vez mais perto, um conseguiu o alcançar e prender uma de suas pernas.
Estava cansado de correr,
estava triste e com raiva, não queria mais fugir, queria lutar, lembrou de como
Kong o ajudava em momentos difíceis e tentou pedir sua ajuda, respirou fundo e
deu um soco de direita no robô mais próximo, ao fazer isso uma sombra em forma
de uma mão gigante saiu de sua mão e acertou o robô que voou longe, ele sentiu
a presença de Sobra dentro de si, com confiança parou, e encarou os robôs que
não paravam de aparecer.
Sentiu uma aura cinza ao
seu redor, estava com os olhos mais atentos, quando um dos oponentes tentou
agarrar seus braços com os fios, ele desviou em um pulo em direção oposta,
virou num contra-ataque certeiro na região que parecia ser a barriga, o acertando
com força fazendo o voar para longe. Deixou uma raiva fluir por todo o corpo,
indo em direção aos inimigos, acertou um após o outro com uma sombra de forma
híbrida de gorila e humano ao seu redor, deu outro soco em um que foi partido
ao meio pela sombra de um punho gigante que saia de seu próprio punho, e deu um
chute em outro que acabou voando na direção oposta.
Mas havia um problema,
quando mais ele lutava, mais seres robóticos apareciam, cada um diferente do
outro, alguns de forma maiores, outras menores, ia o cercando aos poucos, mesmo
lutando com toda sua ferocidade que havia deixado reprimida por anos, parecia
não adiantar, quando mais deles ele destruía, mais e mais iam aparecendo,
arrancava a cabeça de uns, desmembrava outros, mas não adiantava, eles iam
aparecendo mais e mais, e ele estava ficando cansado, sua ia energia se esvaía
enquanto mais seres apareciam.
Estava desesperado, não
tinha pra onde ir, não enxergava nada além dos seres robóticos com luzes
piscando por todo corpo, não tinha mais como se mover, e não tinha mais como
lutar, ele tentou se lembrar do treinamento com o Zat’ar, tentando sentir a
energia do local, era difícil com fios tendo prendido suas pernas e braços, e
seres robóticos à sua volta, mas se esforçou o máximo que pode, e sentiu um
calor em seu peito, focou toda sua concentração alí e sentiu essa energia
começando a fluir por todo seu corpo, até chegar em suas mãos, pés e cabeça,
foi quando uma luz branca começou a surgir do que parecia ser um teto, já que
não dava pra enxergar, nada, apenas a luz lá no alto.
Uma mulher de cabelos
brancos, vestidos brancos de seda, de pele morena e com pontos de luz brilhando
por toda sua veste foi descendo, se aproximando cada vez mais, dele e dos seres
robóticos, quando finalmente os alcançou ela estendeu a mão pra ele, e num
esforço absurdo que fez para se livrar dos fios conseguiu alcançar a mão dela,
nesse momento seu corpo se preencheu com um calor que nunca havia sentido, mas
não o queimava, apenas exalava do seu corpo de modo que foi fazendo os seres
robóticos se afastarem, não totalmente, mas o suficiente para ele se
desvencilhar dos fios e sair do meio deles.
Ela pegou sua mão com mais
firmeza e começou a flutuar o tirando dali e começou a subir até atravessar a
atmosfera e começarem a viajar pelo universo, igual tinha feito da última vez,
só que agora, com um ser angelical o guiando, ao chegarem em Andrômeda ela o
soltou e rumou em direção ao espaço, como já havia se localizado, desceu para
entrar na atmosfera do pequeno planeta novamente, mas agora não via a pequena
ilha e sim um continente.
Havia um local com neve bem
ao longe, um local de clima mais seco, outro local desértico e um local mais
verde, foi se aproximando do local que parecia ser mais seguro, e ao se
aproximar reconheceu o ambiente, estava perto da base da Ars Magna, Uma figura
conhecida se aproximava correndo conforme ele se aproximava, foi descendo até
chegar em frente a vegetação onde geralmente aparecia caído quando usava a
chave da Árvore dos Ventos, e o Zat’ar chegou quase ao mesmo tempo que ele
aterrizou.
– De onde você veio, e como
estava flutuando?
– Como assim? Isso não é
normal por aqui?
– Não, não é, explique-se.
Akin narrou o que
aconteceu, enquanto Zat’ar parecia muito assustado, assim que acabaram a
conversa, ele o levou até a Esme para Akin poder contar o ocorrido a ela, ao
terminarem de conversar, eles se entreolharam com uma expressão bem séria.
– Precisamos adiantar seu
treinamento.
– O que houve?
– Vamos treinar e depois
conversamos, a Esme vai preparar o seu novo aposento, enquanto isso.
– Como assim meu novo
aposento?
– Você foi promovido, fará
parte da nossa força de defesa, precisará de um treino intensivo, porque nossos
receios acabaram se cumprindo, porém você é a esperança que veio em uma hora
muito oportuna.
– E vamos pra cachoeira de
novo?
– Sim, mas não aquela.
Eles seguiram em direção a
Floresta e entraram num local sem trilha em uma mata densa, caminhavam com
dificuldade, mas àquela altura Akin já estava acostumado com terrenos difíceis,
seguiram até encontrar uma cachoeira diferente, havia uma queda d'água muito alta
onde a água que caía, tocava o solo como uma cortina de fumaça, quase como uma
neblina, o solo havia água que cobria apenas o seu tornozelo e o chão era cheio
de pedras arredondadas, eles ficaram descalços e ficaram bem no centro do
local.
– Segure – Zat’ar jogou uma
espada embainhada em sua direção.
Akin a segurou com
dificuldade, não sabia que espadas eram tão pesadas.
– Saque-a e segure com
firmeza.
– Eu nunca fiz isso
– Não se preocupe com isso,
vamos aos poucos.
– Segure o punho com as
duas mãos, e tente deixar a ponta dela na direção dos seus olhos, de forma com
que fique na direção do seu oponente como uma mira.
– É um pouco pesada
– Irá se acostumar. -
Zat’ar falou indo para cima dele rapidamente e o atacando.
Akin se defendeu por pouco,
tropeçou e caiu.
– Ei! Você disse que iria
começar devagar.
– Esse é o devagar. –
Levante- vamos continuar.
Passaram horas treinando,
Akin às vezes sentia um frio absurdo vindo da água do pequeno lago formado pela
cortina da cachoeira, e tinha que fazer um treino duplo, tanto de concentração
na luta, quanto de controle de sua energia.
– Você tem talento, e isso
não é muito comum, vamos ver até onde você aguenta.
Zat’ar partiu para cima
dele com velocidade, estava decidido a forçar Akin a chegar em seu limite, ele
se defendia com os movimentos recém aprendidos, mas começou a notar que os
últimos ataques não pareciam apenas um treinamento, Zat’ar queria realmente acertar
o golpe, quando um dos movimentos defesa saiu errado, deu uma brecha para o
oponente o acertar no rosto, A energia pulsante de Kong dominou seu corpo
fazendo-o desviar com um movimento de esquiva sobre-humano.
– O que foi isso? - Zat’ar
falou recuando surpreso.
Os olhos de Akin brilhavam
com um tom amarelado em sua íris, e o olhava de forma extremamente ameaçadora,
ele não ousou se aproximar, largou a espada foi se abaixando devagar, até
sentar, percebendo a rendição, Akin se acalmou e caiu de joelhos na água fria
com o corpo trêmulo.
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