Capítulo 42 - Vendo em cores
Caminharam em direção a “Floresta de Pedra” como Akin costumava chamar, pela incrível quantidade de pedras que haviam pelo chão, as árvores eram mais afastadas umas das outras, que em outras regiões da floresta, ele lembrou da dificuldade que teve ao caminhar por ali, mas a Thainá sabia exatamente para onde estava indo, simplesmente a seguiu.
– Não vai olhar as runas?
– Já memorizei o caminho.
– O que vamos fazer
exatamente?
– Primeiro vamos a um
lugar, depois vamos treinar próximo ao lago.
– E porque tem que ser
aqui?
– Você vai entender em
breve.
Caminharam juntos pela
borda do lado até chegarem em frente a uma enorme caverna que pela posição que
ficava não dava para ver ao longe.
– Não sabia que isso
existia aqui.
– Não dá para ver se não
chegar perto.
Assim que entraram, ele
percebeu a presença de vários cristais de várias cores que brilhavam de cores
variadas a depender da direção da luz e da posição que ele olhava, depois um
tempo várias cores começaram a flutuar ao redor deles.
– O que é isso?
– Cristais, eles possuem
energias naturais.
– Por isso essas coisas
estão flutuando?
– Que coisas?
– Não está vendo as cores,
parecendo fumaça ao nosso redor?
– Não, pode me explicar
melhor? – Thainá falou intrigada.
– Estão saindo dos
cristais.
– Interessante… Era para
isso acontecer só quando acionados.
– Acionados?
– Sim, um minuto, fique
próximo de mim. – Akin se aproximou dela. – Começou a falar umas palavras como
encantamento, uma cor Azul vibrante começou a emanar de alguns cristais,
fazendo aparecer um holograma de uma mulher com uma roupa de armadura leve, um
pouco mais baixa que ele, um pouco gordinha, com um olhar simpático, mas com
uma postura firme.
– Então, esse é o Guardião,
pequena onça? – Falou a mulher.
– Sim, Soraia, esse é o
Akin.
– Você vai trazer ele até a
base do clã, para que possamos o conhecer melhor, para que ele conheça nossa
cultura, e também, conhecer suas origens.
– No momento não posso.
– Como assim? – A mestra de
Thainá falou surpresa.
– Tenho alguns assuntos
pendentes para tratar com ele, quando eu chegar aí explico melhor.
– E porque me chamou?
– Para dar informações
sobre as Câmaras que achamos.
– Você não tinha avisado
ainda? – Akin falou baixo no ouvido de Thainá.
– Fica quieto. – respondeu
rápido para Akin – A câmara que encontrei com Zen no sul da ilha mudou em um
determinado horário, sabe me dizer porquê?
– Eu me senti passando por
uma cortina todas as vezes que me aproximei dela. – Akin continuou
interrompendo o Thainá.
– Qual horário? – Soraia
perguntou.
– A noite era uma, de dia
era outra.
– Isso significa que essa
região muda em relação aos astros, a energia que a cerca, certamente é
vinculada aos céus, mas isso é uma magia muito antiga, como souberam disso?
– Eu fui guiado por
vagalumes numa noite de lua cheia.
– Vagalumes?
– Sim, mas quando eu
cheguei perto da câmara eles pareciam pessoas pequenas.
– Eram fadas.
– Fadas?
– Sim, só reforça a
suposição, essa região não está completamente ligada a esse plano, e varia
conforme a energia mais forte presente.
– O primeiro que ele
encontrou estava ligado ao Ícelo, o segundo encontramos juntos, estava ligado
ao Fântaso.
– Você está dizendo que
encontrou a câmara dos 3?
– Sim, um poema mostrou a
entrada do primeiro, outro poema era a chave para o segundo, mas há um
terceiro, e não sabemos como acessar a terceira câmara, supomos que as câmaras
estavam ligadas aos céus de algum modo, mas não sabemos o que daria acesso a ela,
pedi ao Akin para solicitar uma pesquisa à Ars Magna. – Thainá explicou
– Isso não será preciso,
tem o poema em mãos?
– Sim. – Começou a ler:
Brilhando imponente a sua espera
No dia marcado do encontro
Ela aparece bem singela
E visível vai ficando
O dia aos poucos vira noite
Mas apenas por um instante
Assim se revela a ponte
Eis a Forma em sua Fonte
– Brilhando a sua espera no
dia marcado… O dia vira noite por um instante… – Soraia parecia estar buscando
informações em sua mente. – O Primeiro foi aberto pela lua, certo?
– Sim…
– E o segundo pelo Sol?
– Exatamente.
– E se fosse um encontro
deles dois?
– UM ECLIPSE – Thainá e
Akin falaram em uníssono.
– Porque não pensei nisso
antes? – Akin falou indignado
– Porque não ainda não era
a hora, meu jovem. – Soraia respondeu com um tom professoral.
– Mas quando será o próximo
Eclipse? – Perguntou ansioso.
– Irei questionar aos
Sacerdotes, até lá, prepare-o para o trazer, pequena onça.
– Certo, até mais, obrigada
pela ajuda, mestra.
– Se cuidem. – A sua imagem
foi sumindo aos poucos.
Akin percebeu a luz azul
desvanecendo e outras cores ficando fortes ao redor, deles novamente.
– Você realmente não está
vendo isso?
– As cores? Realmente não.
– Agora precisamos treinar.
– Como exatamente?
– Combate. – Falou Thainá
dando um murro nele que não pegou por pouco porque ele desviou.
– Ei, espera – tentou a
impedir, mas ela já estava em cima dele novamente, desferindo golpes, e não
pareciam ser brincando. – Calma… – tentou falar novamente, mas não adiantava,
ela continuava, alguns começaram a acertar, e ele foi começando a ficar irritado,
os tons dos cristais começaram a ficarem vermelhos.
Quando os olhos dele
começaram a ficar em um tom de ameaça ela parou.
– É esse!
– O que? – Falou irritado.
– Essa é a sua cara quando
se transforma, é essa energia que você precisa usar.
– As luzes dos cristais
estão vermelhas.
– Eu notei que os vermelhos
ficaram com um tom mais forte.
– Certo, mas como eu vou
fazer isso?
– Por isso é um
treinamento, você vai aprender fazendo. – Thainá riu – e voltou a desferir
golpes nele, e um deles pegou no rosto. – Antes que desse tempo de ele reagir
ela se transformou em Onça e saiu correndo, mas ele já vinha logo atrás em
forma de gorila.
Ele a perseguiu até a
floresta de pedra, a onça começou a pular entre as pedras com uma maestria
incrível, e ele começou a tentar segui-la, quanto mais ele corria atrás dela,
mais rápido ela corria entre as pedras, dando pulos de uma pedra para outra, desviando
de todas as investidas, ficaram nessa brincadeira até que o Gorila se cansasse,
e Akin caísse no chão já em sua forma humana. Thainá voltou, e se aproximou.
– Viu? Você gastou muita
energia, você precisa aprender a economizar vigor se quiser usar isso em
combate.
– Não precisava me bater. –
Akin falou irritado
– Sim precisava, para você
lembrar da sensação, agora vamos para o lago tomar um banho.
– Akin a olhou com um olhar
desconfiado.
– Só você, engraçadinho, O
Lago tem poderes regenerativos, você vai se recuperar mais rápido e podemos
treinar mais um pouco.
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