Capítulo 47 - Resolvendo problemas
A Letícia estava passando em um dos corredores da Sain’t
Phillipus e indo direto para a sala da direção quando Akin a viu passar, mas
não deu tempo de se encontrarem, ele já estava indo para a aula e ela já havia
entrado na sala.
– Bom dia, alguém pode me informar onde o diretor se encontra?
– Quem gostaria? – A Rayla perguntou a mulher de cabelo
castanho que acabara de entrar.
– Me chamo Letícia, sou mãe do Akin.
– Há algo que gostaria de saber sobre o aluno? O diretor é
um homem muito ocupado e é necessário marcar horário para falar uma reunião.
– Tudo bem, obrigada, bom dia! – Falou saindo da sala da
direção.
Estava muito chateada por eles terem se visto e ela não ter
aproveitado a oportunidade de falar com ele de imediato, mas estava muito
abalada para isso, foi para o portão contendo as lágrimas, quando viu passar
pelo portão um carro de luxo indo em direção à garagem.
“É ele” - Pensou, e seguiu o carro até a garagem.
Sr. F saiu do carro e deu de cara com ela, ele congelou por
um momento.
– Bom dia, a quanto tempo.
– Porque não falou comigo?
– Estou falando com você. – Falou com um sorriso irônico.
– Você sabe do que eu estou falando, naquele dia, no museu.
– Estava falando baixo com a cabeça baixa, completamente diferente da postura
que costumava ter.
– Cumprimentei todo mundo, e estava bastante ocupado
naquela ocasião.
– Precisamos conversar.
– Acredito que sim, quer pôr os assuntos em dia, mas já
adianto, se for por conta do seu filho, estou cuidando bem dele.
– Sim, é sobre ele.
– Porque não vamos tomar um café aqui perto.
– Não é necessário, só gostaria de te falar algo que você
precisa saber.
– O que é de tão urgente que a fez sair do trabalho para
vir aqui?
– Quando você viajou para o exterior, eu estava grávida.
O Sr. F. congelou.
– Tentei entrar em contato com você, mas você sabe minhas
condições da época, passei todos esses anos criando ele sozinha, depois de um
tempo eu desisti de tentar entrar em contato, não fazia ideia que você estava
na cidade, principalmente à frente de um lugar como esses – Falou gesticulando
indicando a estrutura do colégio.
– Então o Akin…
– Sim, ele é seu filho.
Se sentou no capô do carro tentando digerir a situação.
– Me desculpe, eu não fazia ideia, eu era muito novo, e meu
pai conseguiu garantir que eu não mantivesse contato com meus amigos daqui, ele
queria “Que eu tivesse um futuro brilhante”
– E está de acordo não é “Sr. Fortuna”
– Você não precisa me chamar assim.
– Achei curioso você usar o sobrenome.
– Minha posição exige certa discrição.
– Qual? Diretor de um colégio incrível – Ela falou rindo
pela primeira vez
– Antes fosse – Retribuiu o sorriso, descendo do carro e se
aproximando um pouco dela. – Seu sorriso continua lindo, parece que não
envelheceu nem um ano.
– E você continua esbanjando simpatia né.
– Já que recusou o café, porque não vamos almoçar, conheço
um restaurante aqui perto.
– Não precisa, já estou de saída.
– Mas precisamos conversar.
– Eu não quero me meter na sua vida, você sabe disso, só
vim lhe informar porque achei justo que você soubesse.
– Vai voltar para almoçar com o marido?
– Eu o criei sozinha e continuo assim. – lançou um olhar
fustigante.
– Hm, sem marido então não há problema de duas pessoas
solteiras conversarem sobre assuntos pendentes enquanto almoçam.
– E você não mudou nem um pouco, também – Respondeu rindo.
– Tá bem, mas apenas almoçar, Sr. F.
– Nada além disso, por favor, entre. – A conduziu até a
porta do carro.
Foram em direção ao restaurante, enquanto isso em um local
mais afastado da cidade, as mariposas voam em volta de uma luz artificial.
– Já estamos perto da próxima lua cheia, aí poderemos
finalmente ter acesso à câmara. – Ricardo falou enquanto mexia em um
computador.
– Precisamos deixar tudo pronto até lá, mas com os novos
programadores que recrutamos nesse meio tempo não será um problema. – Alex
respondeu mexendo em uma máquina próximo ao chão com uma redoma de vidro em
cima.
– Mas infelizmente tivemos muitos gastos com essas novas
contratações.
– Você sabe que programadores são muitos, mas são poucos
que fazem um trabalho decente, e menos ainda os que são discretos o suficiente
para não chamar atenção.
– E porque toda essa discrição mesmo, o governo não nos
apoia?
– Sim, mas você acha que as empresas de energia que não são
filiadas a nós vão gostar de saber que estamos fazendo esse desvio de forma
independente.
Ricardo riu.
– Engraçado como você usa palavras bonitas para encobrir o
que realmente está fazendo.
– Cautela nunca é demais.
– Então qual dia?
– Próximo final de semana.
– Está muito perto.
– Sabemos, mas como já disse, faltam apenas alguns ajustes.
– Tem notícias do Sr. F?
– A Rayla informou que esses dias ele apenas teve algumas
reuniões com acionistas, e eu fui chamado para uma reunião da Ars Magna, e por
ser emergencial, acredito ser algo sério.
– Não há problema, muito em breve não precisaremos mais
deles.
– Mas ainda estou disposto a conseguir a caneta.
– A Karen disse que a Esme tem andado um pouco distante, e
a afastou da maioria das atividades dizendo que ela precisava descansar.
– Algo deve ter acontecido para essas movimentações
repentinas.
– Vou passar na loja dela ao sair daqui e dar algumas
instruções para que ela consiga pegar o artefato, e também pegar o livro de
volta.
– Ao menos ela guardou bem esse período, não é?
– Só assim para ela confiar no que estamos fazendo.
Ricardo arrumou suas coisas, saiu do laboratório, foi em
direção à garagem e entrou no carro.
O celular do Sr. F. tocou, era uma mensagem, ele parou para
ler quando estacionou em frente ao restaurante.
– Você com tanto dinheiro usando um telefone desses? –
Letícia zombou do celular One Touch antigo que ele tirou do bolso.
– É da empresa, só serve para ligações e mensagens.
– Pronto, já resolvi, vamos almoçar. – Respondeu a mensagem
e saiu do carro.
– Algum problema?
– Nada demais, um cliente insatisfeito.
Ricardo já havia chegado próximo da loja de antiguidades
que naquele dia estava cheia de carros em frente, e não havia vagas para
estacionar por perto, teve que parar em um local um pouco distante da loja,
andou um pouco até ela e entrou na loja.
Outra mensagem chegou para o Sr. F.
– Se precisar sair para resolver o problema não tem
problema. – Letícia já o conhecia o suficiente para saber que o assunto era
mais sério do que ele estava falando.
– Pronto, já respondi, era o cliente insistindo.
– Trabalha com o que além do colégio?
– Faço uns pequenos investimentos, e ajudo algumas
startups. – Respondeu guardando o celular.
O Ricardo saiu com o livro na mão e foi em direção ao
carro, a rua estava estranhamente movimentada, foi desviando das pessoas quando
se aproximou do carro e tirou as chaves do bolso, foi surpreendido com um soco
que o fez cair e desmaiar. Um rapaz de jaqueta de couro preto, pegou as chaves
do carro, pegou o livro, entrou no carro dele e sumiu no meio da entrada,
dirigindo rapidamente entre os carros.
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