- Que mal educado, nem se apresentou.
- Nem você.
- Então, E?
- Sabe o que é engraçado ? - o rapaz mudou de assunto descaradamente, sem titubear.
- Não vai me responder? - Ela percebeu o que ele fez e respondeu irritada.
- Um cara uma vez me contou uma história sobre a migração na américa Latina, e eu fiquei fascinado.
- Sobre a migração na América Latina?
- Sim, já notou como os povos originários se parecem muito com os asiáticos? Ele estava me falando sobre isso, não sei se é verdade mas achei a história no mínimo interessante.
- Porque exatamente?
- Ele contou que os primeiros povos que chegaram aqui foram os asiáticos, e com o passar do tempo a pele foi ficando avermelhada por conta do nosso clima tropical, esses primeiros povos começaram a domesticar as plantas por conta do solo ser extremamente fértil, ou seja, comida em abundancia, e desenvolveu a técnica de viver em harmonia com a natureza, criando a Floresta Amazônica com as próprias mãos, ajudando as plantas a crescerem, cuidando dos rios, das matas, e da floresta.
- Isso é realmente interessante - Ela já havia esquecido da pergunta que fez. - Mas porque é engraçado.
- Porque eu lembrei de outra história que outro rapaz me contou, que algumas famílias de povos que foram escravizados foram compradas por umas pessoas que não tinham a intenção de mantê-los como escravos, essas pessoas foram batizadas com o "do" no nome. Fulano Do Santos, por exemplo.
- Entendi, mas qual era a intenção dessas famílias.
- Ai que vem a parte interessante, essas famílias libertavam e também ensinavam essas pessoas a ler, escrever e em troca eles que antes eram escravos, ensinavam seus costumes e seu antigo modo de vida.
- Porque eu nunca soube disso? - Kethelyn naquele momento já estava mergulhada no diálogo.
- Não sei, o que eu acho é que isso faz uma grande diferença num sentido de linhagem, porque o que eu ouvi falar sobre essa história é que as famílias que faziam isso também eram asiáticos, Chineses e Japoneses.
- Uau! De onde você tira essas coisas?
- Eu gosto de conversar, e volta e meia aparece uma conversa assim. - Ele se encostou na poltrona extremamente confortável da cafeteria despreocupadamente e olhou pra cima, já completamente absorto em pensamentos.
- Mas porque você acha que isso faz diferença?
- Porque, pensa comigo, essas pessoas foram tiradas de suas terras e sua linhagem foi perdida, adquirindo nomes que não são delas mesmas, mas quando se tem entendimento sobre uma história como essa, o entendimento de si mesmo passa a ser diferente para essas pessoas que tem esse "Do" no nome, porque os antepassados delas foram respeitados, e o ressentimento que ainda assombra algumas pessoas, dá lugar a um sentimento novo, que pode ter várias formas.
- Porque isso parece pessoal?
- Porque é. - Ele riu.
- E não vai dizer seu nome? - Ela riu também.
- Pode me chamar de Estevam.
- Ta certo, Cappuccino?
- Sim, sem açúcar por favor.
- Conhece numerologia?
- Assim, do nada? - Ela voltou com duas xícaras na mão, rindo com a pergunta inesperada.
- É, saca só, escreve teu nome aqui no papel. - Ele entregou uma caneta e um pedaço de papel a ela.
- Pronto. - Ela escreveu e entregou a ele.
- Certo, Kethelyn, seu nome tem 8 letras, significa que a carta 8 do Tarot, te representa, mas só funciona direito quando você soma os números do nome completo, e se der mais que 22 você soma novamente os números, por exemplo se tiver 27 você soma o 2 e o 7, aí a carta é a 9, entende?
- Okay, mas porque? - Ela fez uma pausa, e riu novamente? - Isso era só pra você descobrir meu nome né?
- Imaginei que ia fazer mistério. - Ele riu.
- E você acredita nessas coisas de Tarot?
- O Tarot é um oráculo, não é exatamente pra ler o futuro, serve apenas pra você acessar arquétipos e refletir sobre esses aspectos da consciência que existe em todo consciente coletivo humano.
- Então você não é um jovem místico? Porque ta começando a parecer com essas conversas.
- Já falei que não gosto de rótulos, lembra? - Esse Cappuccino está bem melhor hoje.
- Mas ele sempre foi bom, o que tem de especial?
- A companhia.
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