Akin desceu a escada e viu Thainá olhando a anotação que havia feito do poema com vários livros em cima da mesa, aberto em várias páginas diferentes, provavelmente procurando pistas de como desvendar o enigma que o poema propunha, eles precisavam saber como acessar a próxima câmara e principalmente como abri-la. Como a primeira câmara havia algo a protegendo e a segunda havia mantimentos, era de se esperar que a terceira tivesse algo escondido também, então ela estava realmente dedicada a não passar apuros nela.
- A quanto tempo você está aí? - notando os diversos livros abertos e
rabiscadas.
- A mais tempo do que eu gostaria, admito.
- Posso dar uma olhada no poema novamente?
- Pode - Ela pegou um papel com uma cópia que já havia preparado pra
ele, e o entregou.
- O primeiro poema, estava ajustado com o horário da lua, O segundo
estava ajustado com o horário do sol, e esse, está alinhado com o horário de
que?
- Ei!!! - Você tem razão. Essa pode ser a resposta.
- Você disse que sentiu algo o atravessando quando estávamos próximo do
Santuário, não foi?
- Sim, foi como se eu estivesse atravessando uma cortina molhada, mas
sem me molhar, foi muito estranho.
- Então, nas pesquisas que eu estava fazendo, eu vi algo parecido com
isso, que tem alguns locais que são protegidos por uma cúpula de energia,
quando passamos por ela você deve ter a sentido.
- E porque você não sentiu? - Perguntou Akin, curioso.
- Isso eu ainda pretendo descobrir.
- E isso tem a ver com o fato de existir dois lugares diferentes no
mesmo lugar?
- Então... Sobre isso... Acho que sim, tem a ver, mas não era o mesmo
lugar…
- Como assim?
- Quando atravessamos a cúpula, passamos por um portal para outro lugar, quando eu fui lá com o Zen, eu não tinha percebido isso porque não senti
a cúpula protegendo o local.
- Então quer dizer que os horários também determinam qual Santuário está
disponível?
- É uma hipótese, mas o mais importante, um foi a noite, o outro foi de
dia, então eu acredito que esse não tenha ligação com o horário.
Pararam para ler o poema novamente...
- E se isso significar algum evento astronômico? - Arriscou Akin
- Como assim?
- Sei lá, algo como um cometa, ou algo parecido, sabe dizer quando é o
evento astronômico mais próximo?
Então... aqui não funciona como o lugar que você mora, e quem sabia
fazer esse tipo de leitura era o Zen, apesar de o acompanhar e saber do
resultado de suas pesquisas não era tudo que eu sabia fazer, e essa é uma
delas...
- Então voltamos pro início.
- Talvez não...
- Como assim?
- Às vezes o Zen compartilhava algumas informações como essas com seus
amigos da Ars Magna, então é provável que eles tenham acesso a esse tipo de
tecnologia.
- Mas você sabe que eu acabei de chegar lá né? Acha que me deixariam ter
acesso a esse tipo de conteúdo?
- Talvez com o incentivo correto, eles
deixem... - falou puxou a Caneta de Marfim adornada da bolsa balançando com um
sorriso travesso no rosto.
- Quer usar a caneta como moeda de troca? - Você a alguns minutos atrás
estava convencida em não me dar.
- Eu não confio neles, você parece confiar e eu confio em você, então
posso dar um voto de confiança a você, mas só se você prometer que não vai
tirar os olhos dela.
- Me parece justo. - Akin estendeu a mão para pegar
- Ãh, não, você não pode levá-la para casa, ela pertence ao Reino
Onírico, então você vai precisar levá-la direto ao laboratório da Ars Magna.
- Mas como eu vou chegar... - Akin começou a perguntar, mas lembrou de
outro detalhe - A Espada!
- Sim, é a forma mais rápida de você ir pra lá transportando um
artefato.
- E enquanto o bracelete que a Esme me deu?
- É seguro, mas não tão eficiente, te leva até lá, mas não carregando
itens poderosos.
- Então você já a analisou?
- Claro, achou que eu estava aqui brincando? - Esse item possui uma
quantidade absurda de energia, por isso tem que ser manuseado com cuidado, e
por isso também que você não pode tirar os olhos dele.
-
Certo, mas eu preciso ir para lá quando a Karen estiver lá porque ela
disse que ia ver se alguém poderia nos ajudar.
- Tome cuidado em quem você confia, esses
rumores não são bons, provavelmente isso já vinha acontecendo a algum tempo,
desde a época do Zen, alguém deve ter feito algo muito fora do comum para ser
descoberto, mas podem haver mais pessoas lá que não tenha boas intenções, fique
sempre atento - estendeu a pequena bolsa de perna e a entregou a Akin - não se
esqueça, não tire os olhos dela.
- Obrigado, mas isso significa pra eu
tomar cuidado com a Karen também, certo?
- Que bom que não preciso repetir, vamos
adiantar, te levo até a Árvore dos Ventos.
- Árvore dos Ventos? É aquela árvore
gigante onde a Espada está?
- Sim, foi o Zen que a batizou assim, por
conta do Falcon.
- Okay, esse eu conheço.
- Ele não é muito simpático - Thainá falou rindo
Saíram da casa e seguiram em direção ao
norte para encontrar a Árvore dos Ventos. Chegando lá o Falcon estava
sobrevoando ao redor dela como de costume, e pousou na frente do casal.
- Precisamos acessar a chave.
O grande Carcará abriu as asas que dariam
facilmente 2m de cumprimento de ponta a ponta, e quando fechou ao redor de si,
elas se transformaram em uma capa marrom da mesma cor das penas, e quando
desceram, um rosto humano ficou à mostra. Akin ficou estupefato, O Carcará
havia acabado de se transformar em gente, igual a Thainá fez.
- Esse moleque já não fuçou demais por
aqui?
- Você sabe que ele não estaria aqui se o
Zen não tivesse deixado.
- E onde o Zen está? Faz anos que não o
vejo.
- Também não sei, mas eu preciso que ele
use a chave.
- Eu o deixei passar da última vez
achando que ele não voltaria, você sabe qual a minha obrigação.
- Falcon, ele foi recrutado pela Ars
Magna e precisa ir até lá em uma missão importante.
- Esse moleque? Na Ars Magna? Eles
realmente se degradaram com o tempo. Podem passar.
- Eu não sou moleque - defendeu Akin.
- E eu não perguntei. - Retrucou Falcon
rabugento. - Vá antes que eu mude de ideia.
Thainá o puxou pelo braço até a
entrada que ficava entre as enormes raízes da árvore dos ventos.
- Falei que ele não era muito simpático.
- O Kong também se transforma em gente? -
Akin perguntou se referindo ao Gorila.
- Não sei, nunca perguntei - Thainá falou rindo.
Entram no local, Akin um pouco
desengonçado e tropeçando, e Thainá andando normalmente, como
quem já conhecia o lugar a muito tempo.
- Aqui, mentalize a região da Base da Ars
Magna que você vai direto pra lá, cuidado.
- Agora que lembrei, você não me deu o
poema,
- E não darei, se contente só com uma
parte, a outra fica comigo.
Akin ficou um pouco chateado, mas
entendeu a decisão, foi até a espada e segurou em seu cabo.
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