Capítulo 16 - Tensão no Sain’t Phillipus
Era o Seu primeiro dia no Sain't Phillipus, um dos colégios mais renomados da cidade, todos os alunos de lá tinham fama de gabaritar vestibulares mais concorridos, e ironicamente era exatamente para onde ele estava indo, não se imaginava em ambientes como aquele, não precisava de fardamento, nem sabia como se vestir, parecia uma universidade, mas para pessoas mais jovens que o normal, havia aulas de Artes Marciais, Laboratórios, Sala de informática e até curso de Gastronomia, tudo que não estava acostumado a ver nos colégios mais populares. Isso tudo é o que constava na revista de apresentação do colégio que havia recebido, não parava de ler desde então, mesmo estando triste tendo que se desfazer de algumas amizades, estava ansioso para o seu primeiro dia.
Se arrumou não muito formal para não aparentar ter a idade de um
professor e nem tão casual para não parecer despreocupado, estava focado em ter
um melhor desempenho tanto academicamente quanto socialmente, não sabia como
exatamente ele iria fazer isso, apenas resolveu deixar fluir e ir improvisando,
até então tinha dado certo, a mãe dele havia juntado umas economias e conseguiu
comprar um carro, e decidiu o levar para o colégio sempre que possível.
Logo quando chegou notou um Busto no centro do Jardim, que dava acesso
ao portão principal, decidiu que iria alí depois ver de quem se tratava, desceu
do carro, se despediu da mãe e entrou na tão famosa Sain't Phillipus, havia uma
certa naturalidade nas pessoas que ele foi encontrando no caminho, não pareciam
ter notado a presença de uma pessoa nova alí, então ele só checou em um papel a
sala onde seria sua primeira aula e foi seguindo as placas que o guiava em
direção da mesma.
– Oi, Aluno novo? - Perguntou uma moça de longos cabelos dourados, de
olhos azuis e com uma voz doce.
– Sim... - Respondeu ele um pouco surpreso, não percebeu como nem de
onde ela surgiu.
– Deixa eu dar uma olhada - Falou a moça, pegando o papel da mão dele de
forma divertida, e sorrindo.
– Ah, você é da minha turma, vem, eu te mostro o caminho.
Quando entrou na sala, quase todos tinham um ar de classe-média alta,
muito bem arrumados, nariz um pouco arrebitado, e um tom meio sarcástico na
voz, a menina que o acompanhava já ia o levando ao meio da multidão quando um
rapaz de Dreadlocks cutucou ele no ombro.
– E aí cara a quanto tempo? Sua mãe comentou que você viria hoje, quase
achei que não vinha. - Falou o rapaz do Dread, levantando e dando um abraço em
Akin.
Ele sem entender, retribuiu o abraço meio encabulado.
– Porque não se senta aqui do meu lado pra gente pôr os papos em dia? -
Continuou
Akin ponderou se iria ao meio da multidão ou se sentaria com o rapaz,
ele não parecia querer confusão, e Akin não era muito fã de público, então
decidiu arriscar e se sentar.
– Desculpe, assim que acabar aqui eu vou, como é seu nome mesmo? - Falou
para a moça de cabelos dourados.
– Tudo bem… - Ela olhou emburrada para o rapaz do Dread. - Meu nome é
Ariel, voltou a olhar sorrindo para Akin. Depois nós nos falamos.
– Desse jeito você vai acabar se perdendo e para se encontrar vai dar
trabalho. - Falou o Rasta.
– Como assim? - indagou Akin.
– Digamos que você vai encontrar muitas sereias por aqui, se é que me
entende.
Ao dizer isso, Akin automaticamente lembrou das histórias das Sereias
que tinham uma bela voz, uma aparência encantadora, mas viviam levando os
marinheiros para enrascadas.
– Surpreendentemente preciso - falou Akin rindo da analogia.
– Meu nome é Okedirá, e o seu?
– Me chamo Akin.
– Akin, diferente, mas muito bonito, gostei, te vi outro dia na van.
– Diferente? Tá bom OKEDIRÁ. - E os dois caíram na gargalhada – Achei
que estava distraído jogando.
– Estava jogando, e estava distraído, mas também estava observando, ué.
– explicou.
– Como sabia sobre minha mãe? - Continuou Akin.
– Eu não sabia, vi você chegando de carro com uma moça mais velha, só
chutei, e acertei pelo visto.
– Obrigado por me chamar, não sabia exatamente o que falar para o
pessoal.
– Eles iam tentar te juntar ao grupinho deles, fizeram comigo também,
mas não deu muito certo, digamos que somos de mundos diferentes, e pela sua
cara quando entrou, notei que você também, só fiz encurtar o caminho.
– Obrigado, novamente - disse Akin ainda rindo.
– Bem, o professor vem aí, melhor ficar quieto, o pessoal aqui é um
pouco rígido demais. - Você vai entender.
A aula foi surpreendentemente silenciosa, o professor falava, explicava,
anotava, todos prestavam atenção, ouvia se poucos cochichos aqui e alí, mas no
geral era um silencio continuo, só falavam quando o professor perguntava algo,
e assim se seguiu em todas as aulas, no fim do período, Akin e Okedirá foram
saindo e o Rasta decidiu mostrar a escola para ele antes de irem pra casa.
Passaram pela cantina, pelo pátio, pelo jardim, visitaram o Horto,
passaram rapidamente pela biblioteca e foi nesse momento que Akin ouviu algo
familiar vindo da sala ao lado, a Diretoria.
– Você sabe que o Zen não aparece faz muito tempo, e desde que ele sumiu
ninguém mais tem acesso a casa que ele construiu. - Falou um rapaz, uma voz que
Akin não conhecia, mas com certeza sabia que “Zen” não era um nome muito comum.
– E como vamos fazer isso? Não sabemos se o Giz realmente está lá. -
Falou uma voz feminina.
– Há rumores por toda a Organização que o Zen teve acesso, com certeza
ele deve ter escondido lá e selado o local. - Respondeu o rapaz.
Nesse momento Akin assustado se esbarrou numa pilha de livros e fez um
baita barulho, a Bibliotecária saiu do balcão e expulsou os meninos de lá.
– Cara, você está bem? Você está pálido, eram só livros, não se
preocupe, não vamos tomar advertência. - Falou Okedirá
– Não é isso, tá tudo bem, foi só... Quer saber? Esquece, não foi nada
demais. - Akin tentou desconversar.
– Vamos, o portão principal é por aqui, depois te mostro o resto do do
Colégio.
A mãe de Akin foi buscá-lo preocupada se o primeiro dia dele foi
agradável, foi conversando o caminho todo, mas ele foi dando apenas respostas
automáticas, porque estava pensando no que havia escutado na Biblioteca, estava
tentando ligar os pontos, a Casa do Zen e o Giz, o que isso significa?
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