Capítulo 17 - Teimosa Onça
Ao chegar em casa, Akin resolveu que era hora de parar e pensar em tudo que aconteceu com ele nos últimos anos, porque finalmente percebeu que havia pessoas ao redor dele que também conhecia as técnicas que ele conhecia, então ele foi pro local mais seguro que ele poderia pensar, com a intenção de registrar tudo em um local onde só ele tivesse acesso, ainda receosos com a última experiência, ele foi para o quarto, deitou e tentou revisitar a casa de madeira, demorou um tempo para se concentrar, pois ainda estava nervoso por ter ouvido outra pessoa falando do Zen, mas finalmente conseguiu se acalmar, foi sentido o seu corpo ficando dormente aos poucos e conforme adormecia sentia seu olho abrir devagar, e levemente ele avistou a casa de madeira novamente, ele ainda receoso da última visita, se aproximou devagar dela, parecia tudo em ordem, abriu a porta, e pra sua surpresa o tapete estava no lugar.
–
Quem poderia ter acesso a esse local? - pensou.
Para sua surpresa, quando ele fechou a porta, ouviu passos vindo da
parte de cima, então alguém começou a descer as escadas, era uma mulher, de
cabelo negro longo liso, um pouco mais baixa do que ele, e aparentava ser um
pouco mais velha.
–
Você novamente? - perguntou a mulher.
–
Estou tão surpreso quando você - Akin falou isso procurando alguma coisa pra se
defender.
–
Achei que depois do nosso último encontro, você não viria mais aqui. - Falou
ela com um riso de canto.
–
Então foi você?! - Akin perguntou nervoso.
–
Não se preocupe, eu não vou lhe machucar, pra você ter acesso a esse local,
você deve ter conhecido o Zen. - Falou a mulher.
–
Sim... e como você conhece ele?
–
Fomos amigos durante muitos anos, e o ajudei em muitas das suas pesquisas. -
Respondeu ela.
–
Pesquisas? - Akin ficou mais confuso do que quando chegou.
–
Sim... Pesquisas... Não lembra do laboratório lá embaixo? Achei que você fosse
mais esperto. - falou a mulher em tom de deboche, se aproximando e sentando no
sofá de pernas cruzadas.
–
Sente-se, temos algumas coisas para conversar, imagino que esteja confuso.
–
Certo, eu estou, muita coisa não está fazendo sentido, e não tenho com quem
conversar, ninguém me responde nada do que eu pergunto, e isso me irrita muito,
e quando chego no único lugar que eu achei que estaria em paz, você aparece e
estraga isso.
–
Em primeiro lugar eu não "apareci", eu já estava aqui, quem apareceu
aqui foi você, e saiu revirando as coisas, os animais daqui não estavam muito
felizes com você não, a sorte é que você não ofereceu perigo, então eles
lidaram bem com você.
–
Certo... como você se chama?
– Pode me chamar de Thainá. e você?
–
Nome bonito, o meu é Akin
– Obrigada, mas poupa os elogios. É o seguinte, não é seguro pra você
ficar vindo aqui, tem muita gente que quer vim aqui revirar as coisas do Zen,
mas ele protegeu esse local muito bem para não ser facilmente detectado, e são
raras as vezes que ele deixa alguém entrar.
–
Onde ele está agora? - Perguntou Akin
–
Eu achei que você fosse me responder. Faz anos que ele não vem aqui, e também
que não o vejo, o teor da última pesquisa que ele estava fazendo era muito
sensível, e eu acredito que ele tenha partido em busca de respostas, mas até
hoje ele não retornou, nem sequer para avisar se está bem.
–
E qual era essa pesquisa?
– Era sobre os 3 irmãos, criadores desses universos. Existem várias
lendas e teorias, nenhuma delas dão respostas muito claras, mas ele dizia que
precisava saber mais sobre essa história, por conta do que ele descobriu em uma
construção antiga que fica ao Sul daqui.
–
E o que foi que ele descobriu lá?
–
Bem... isso é algo que eu não sei, ele não me falou.
–
E você não foi investigar?
–
Meu querido, eu tenho as minhas próprias ocupações, eu só o ajudava quando ele
precisava.
–
E o que você veio fazer aqui?
–
Eu precisei de uma das poções que estava no laboratório, não imaginei que
encontraria companhia, até então só eu tinha acesso a esse local.
–
E porque você tá me contando tudo isso mesmo?
– Se você está aqui, é porque ele
confia em você, e pelo que eu conheço daquele velho, ele não faria isso com
qualquer um, tirando o parâmetro por mim, é claro.
–
Você sabe dizer se esses 3 irmãos têm algo a ver com as ruínas da cidade
antiga?
– Ruínas? Cidade antiga? Do que você está falando? - Pela primeira vez
Thainá pareceu realmente curiosa, ela descruzou as pernas, foi em direção a
outra ponta do sofá mais perto do Akin, bem lentamente, quando próxima, cruzou
as pernas novamente.
–
Não sei direito, eu fui parar em outro lugar quando toquei na espada que fica
dentro da raiz daquela árvore grande, e um rapaz me levou até umas ruínas
depois de um treinamento.
–
Ah... Então você está metido com aquele pessoal da Ars Magna, foram rápidos
dessa vez.
–
O que quer dizer?
– Eles são um grupo de pesquisadores que ficavam fazendo várias
solicitações ao Zen, ele até os ajudava, mas o trabalho dele era individual,
fazia troca de informações, mas o clima entre eles ficou um pouco conturbado,
foi pouco antes do Zen sumir.
– Entendi, então essa aqui é a
casa do Zen, certo? - Perguntou Akin, juntando as peças.
– Exatamente, porque a pergunta?
– E o que você sabe sobre o Giz?
–
Eu sei que é algo que VOCÊ não deveria saber, pode me explicar de onde tirou
isso?
– Eu vi duas pessoas conversando
no colégio onde eu estudo.
– Deixa eu adivinhar essa, Sain't Phillipus?
–
Como você sabe?
–
É uma das filiações da Ars Magna, essa gente é poderosa, tenha cuidado e
esqueça esse assunto, agora eu preciso ir. - Thainá falou isso se levantando,
foi em direção a porta, a abriu soltou um beijo pra Akin, e deu uma piscadela.
Imediatamente depois ela assumiu a forma de uma onça pintada e foi em direção
ao Sul.
Akin ainda estava custando a
acreditar no que tinha acabado de presenciar, já tinha visto muita coisa, mas
pessoa se transformando em animal, foi a primeira vez, mesmo alí, foi
surpreendente.
0 comentários:
Postar um comentário