segunda-feira, 12 de maio de 2025

Capítulo 17 - Teimosa Onça

 

Capítulo 17 - Teimosa Onça

Ao chegar em casa, Akin resolveu que era hora de parar e pensar em tudo que aconteceu com ele nos últimos anos, porque finalmente percebeu que havia pessoas ao redor dele que também conhecia as técnicas que ele conhecia, então ele foi pro local mais seguro que ele poderia pensar,  com a intenção de registrar tudo em um local onde só ele tivesse acesso, ainda receosos com a última experiência, ele foi para o quarto, deitou e tentou revisitar a casa de madeira, demorou um tempo para se concentrar, pois ainda estava nervoso por ter ouvido outra pessoa falando do Zen, mas finalmente conseguiu se acalmar, foi sentido o seu corpo ficando dormente aos poucos e conforme adormecia sentia seu olho abrir devagar, e levemente ele avistou a casa de madeira novamente, ele ainda receoso da última visita, se aproximou devagar dela, parecia tudo em ordem, abriu a porta, e pra sua surpresa o tapete estava no lugar.

            – Quem poderia ter acesso a esse local? - pensou.

Para sua surpresa, quando ele fechou a porta, ouviu passos vindo da parte de cima, então alguém começou a descer as escadas, era uma mulher, de cabelo negro longo liso, um pouco mais baixa do que ele, e aparentava ser um pouco mais velha.


            – Você novamente? - perguntou a mulher.

            – Estou tão surpreso quando você - Akin falou isso procurando alguma coisa pra se defender.

            – Achei que depois do nosso último encontro, você não viria mais aqui. - Falou ela com um riso de canto.

            – Então foi você?! - Akin perguntou nervoso.

            – Não se preocupe, eu não vou lhe machucar, pra você ter acesso a esse local, você deve ter conhecido o Zen. - Falou a mulher.

            – Sim... e como você conhece ele?

            – Fomos amigos durante muitos anos, e o ajudei em muitas das suas pesquisas. - Respondeu ela.

            – Pesquisas? - Akin ficou mais confuso do que quando chegou.


            – Sim... Pesquisas... Não lembra do laboratório lá embaixo? Achei que você fosse mais esperto. - falou a mulher em tom de deboche, se aproximando e sentando no sofá de pernas cruzadas.

            – Sente-se, temos algumas coisas para conversar, imagino que esteja confuso.

            – Certo, eu estou, muita coisa não está fazendo sentido, e não tenho com quem conversar, ninguém me responde nada do que eu pergunto, e isso me irrita muito, e quando chego no único lugar que eu achei que estaria em paz, você aparece e estraga isso.


            – Em primeiro lugar eu não "apareci", eu já estava aqui, quem apareceu aqui foi você, e saiu revirando as coisas, os animais daqui não estavam muito felizes com você não, a sorte é que você não ofereceu perigo, então eles lidaram bem com você.

            – Certo... como você se chama?

– Pode me chamar de Thainá. e você?

            – Nome bonito, o meu é Akin

– Obrigada, mas poupa os elogios. É o seguinte, não é seguro pra você ficar vindo aqui, tem muita gente que quer vim aqui revirar as coisas do Zen, mas ele protegeu esse local muito bem para não ser facilmente detectado, e são raras as vezes que ele deixa alguém entrar.

            – Onde ele está agora? - Perguntou Akin

            – Eu achei que você fosse me responder. Faz anos que ele não vem aqui, e também que não o vejo, o teor da última pesquisa que ele estava fazendo era muito sensível, e eu acredito que ele tenha partido em busca de respostas, mas até hoje ele não retornou, nem sequer para avisar se está bem.

            – E qual era essa pesquisa?

– Era sobre os 3 irmãos, criadores desses universos. Existem várias lendas e teorias, nenhuma delas dão respostas muito claras, mas ele dizia que precisava saber mais sobre essa história, por conta do que ele descobriu em uma construção antiga que fica ao Sul daqui.

            – E o que foi que ele descobriu lá?

            – Bem... isso é algo que eu não sei, ele não me falou.

            – E você não foi investigar?

            – Meu querido, eu tenho as minhas próprias ocupações, eu só o ajudava quando ele precisava.

            – E o que você veio fazer aqui?


            – Eu precisei de uma das poções que estava no laboratório, não imaginei que encontraria companhia, até então só eu tinha acesso a esse local.

            – E porque você tá me contando tudo isso mesmo?

            – Se você está aqui, é porque ele confia em você, e pelo que eu conheço daquele velho, ele não faria isso com qualquer um, tirando o parâmetro por mim, é claro.

            – Você sabe dizer se esses 3 irmãos têm algo a ver com as ruínas da cidade antiga?

– Ruínas? Cidade antiga? Do que você está falando? - Pela primeira vez Thainá pareceu realmente curiosa, ela descruzou as pernas, foi em direção a outra ponta do sofá mais perto do Akin, bem lentamente, quando próxima, cruzou as pernas novamente.

            – Não sei direito, eu fui parar em outro lugar quando toquei na espada que fica dentro da raiz daquela árvore grande, e um rapaz me levou até umas ruínas depois de um treinamento.

            – Ah... Então você está metido com aquele pessoal da Ars Magna, foram rápidos dessa vez.

            – O que quer dizer?

– Eles são um grupo de pesquisadores que ficavam fazendo várias solicitações ao Zen, ele até os ajudava, mas o trabalho dele era individual, fazia troca de informações, mas o clima entre eles ficou um pouco conturbado, foi pouco antes do Zen sumir.

 – Entendi, então essa aqui é a casa do Zen, certo? - Perguntou Akin, juntando as peças.

 – Exatamente, porque a pergunta?

 – E o que você sabe sobre o Giz?

            – Eu sei que é algo que VOCÊ não deveria saber, pode me explicar de onde tirou isso?

 – Eu vi duas pessoas conversando no colégio onde eu estudo.

– Deixa eu adivinhar essa, Sain't Phillipus?


            – Como você sabe?

            – É uma das filiações da Ars Magna, essa gente é poderosa, tenha cuidado e esqueça esse assunto, agora eu preciso ir. - Thainá falou isso se levantando, foi em direção a porta, a abriu soltou um beijo pra Akin, e deu uma piscadela. Imediatamente depois ela assumiu a forma de uma onça pintada e foi em direção ao Sul.

            Akin ainda estava custando a acreditar no que tinha acabado de presenciar, já tinha visto muita coisa, mas pessoa se transformando em animal, foi a primeira vez, mesmo alí, foi surpreendente.

 

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