Capítulo 24 - O encontro na Casa
de Chá
Ele não sabia porque, mas a Ariel, parecia familiar, lembrava alguém que ele conhecia, mas ele não estava conseguindo associar a quem, se vestiu com uma roupa casual, como de costume, calça jeans preta, camisa branca e decidiu fazer Tranças pela primeira vez para a ocasião, estava com o cabelo grande, e queria impressioná-la de algum modo para atrair sua atenção, não sabia como ela era fora do colégio, mas sabia que o pai dela era abastado, ele estava ciente que estava entrando em um novo mundo, e precisava começar a agir de acordo.
Era um final de semana
ensolarado e ele chegou antes do horário marcado na Casa de Chá, era uma loja
super confortável, com móveis rústicos em madeira, iluminação muito boa por
conta das grandes janelas de vidro, Akin ainda duvidava se ela ia aparecer, mas
para sua surpresa, no horário marcado ela apareceu, estava muito bonita, vestia
um cropped branco de renda, uma saia grande jeans, estava com os longos cabelos
loiros soltos, mas estava com algo na mão, uma caixa de um instrumento.
- Oi, você realmente veio.
- Akin quebrou o gelo.
- E você não se atrasou,
parabéns - Ariel respondeu secamente.
- Está sempre de mau humor
assim?
- Não… Os últimos dias eu
tenho andado estressada devido às demandas, meus pais tem me cobrado o dobro do
que cobram normalmente, estou uma pilha de nervos, minha mãe insiste nas aulas
de violino e meu pai exige que eu tenha boas notas “Porque eu sou filha dele e
tenho que dar um bom exemplo” bla bla bla. - Finalmente desabafou.
- Ah, desculpe, eu não
sabia que sua vida era tão agitada. - Ele tentou acalmá-la. - Então, sua mãe toca?
- Não profissionalmente,
mas ela queria muito que eu tocasse em uma orquestra, daí a exigência.
- E seu pai, ele é um dos
sócios da Sain’t Phillips né? - Arriscou.
- Bem, sim, mas não só
isso, ele tem outros empreendimentos, ele é muito ocupado, mas sempre acha um
tempo pra me dar uma bronca ou cobrar os estudos, enfim viemos falar dos meus
pais?
- Ah não, só queria te
conhecer melhor, quer comer alguma coisa?
- Sim, os lanches daqui são
os melhores da região, e os chás são feitos com ervas frescas, são incríveis. -
Ariel falou empolgada pela primeira vez.
“Ela tem um sorriso bonito”
pensou ele “e não parece tão assustadora sem a escolta por perto” se dirigindo
às pessoas que vivem ao redor dela no colégio.
- E seus pais? - perguntou
ela checando o cardápio.
- Bem, eu não conheci meu
pai.
- Ah, sinto muito, eu não
sabia.
- Ah, tá tudo bem, não se
preocupe - falou tentando esconder o que realmente sentia, não gostava de
pensar no assunto, porque ele ficava triste sempre que lembrava disso - eu moro
com minha mãe.
- E ela faz o quê? É
empresária?
- Não, ela trabalha no
Museu de Astronomia como Secretária.
- Jura? Meu pai também tem
um sócio que trabalha lá, o Sr. Baron é uma figura, você o conhece?
- Não, ainda não fui lá.
- Sério?? Porque não vamos
lá outro dia? É bem divertido, posso te mostrar as melhores sessões, tem uma
área de observação de estrelas, umas amostras de satélites e umas experiências
do Nicolas Tesla de exposição, é incrível.
E de repente toda a imagem
que Akin havia construído da Ariel em sua mente se desfez, era uma menina
adorável apesar de toda aquela fortaleza que construiu ao redor dela.
- Podemos sim, mas eu
preciso ver com minha mãe antes, para não aparecer lá sem avisar.
- Tudo bem, só foi uma
ideia - Ela enrubesceu quando notou que havia se empolgado.
- Então, você gosta de
Astronomia?
- Sim, muito, costumo
observar o céu quase sempre, sabia que a constelação de Órion às vezes é
retratada como um guerreiro com um arco, e em outras regiões é retratada como
um guerreiro com uma espada e um escudo?
- Não sabia, isso é bem
interessante, então, seu pai tem muitos negócios né?
- Sim, ele se ocupa mais
com uma Startup de tecnologia, mas dá um pouco de atenção às filiais da
sociedade que ele faz parte. - A última parte ela falou quase inaudível,
percebendo que estava falando muito.
Foi quando uma figura
conhecida entrou pela porta surpreendendo os dois, uma prancheta de desenho na
mão, lápis na outra, e uma cara de quem estava com a cabeça nas nuvens pensando
em algo para desenhar.
- Aquele não é seu amigo?
Akin quase caiu da cadeira
quando viu Magno olhando para eles rindo.
- E aí, Akin, mostrou o
desenho pra ela?
- Que desenho? - Perguntou
Ariel curiosa.
- Nenhum, é brincadeira
dele - blefou - Ei Magno, o que faz por aqui?
- Eu ia perguntar a mesma
coisa para vocês, mas não quero me meter não - falou como quem captou um clima
no ar. - A loja é dos meus pais - completou indo até o balcão e falando com
atendente - Inclusive, Jó, aquela mesa é por conta da casa - virou para os dois
- Só não exagere viu - falou sorrindo para Akin.
- Não precisa se incomodar,
Magno.
- Não se preocupe, faço
questão, enfim, preciso terminar alguns desenhos, vou indo.
- Me desculpe - falou para
Ariel.
- Não se preocupe, apesar
de parecer um tapado, foi gentil da parte dele.
- Ei, ele não é tapado, só
gosta de ficar concentrado nos desenhos.
Passaram o resto da tarde
conversando sobre as coisas que há no museu, até que decidiram ir embora quando
notaram que havia passado muito tempo.
Se despediram com um abraço
envergonhado, mas sorriram quando foram embora. Akin gostou muito da companhia
dela para sua surpresa, mas estava preocupado com outra coisa.
“Realmente preciso tomar
cuidado com o pai dela, ele é muito influente, e conhece onde minha mãe
trabalha, inclusive, como minha mãe conseguiu esse emprego mesmo?”.
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