Capítulo 23 - Menina Sereia
Apesar da prioridade de encontrar e falar com Thainá, Akin não estava conseguindo acessar mais a casa do Zen como era de costume, nem o bracelete dado por Esme estava resolvendo, então decidiu por um instante deixar isso de lado e focar no colégio, não podia deixar as responsabilidades da Ars Magna atrapalharem sua vida acadêmica, até porque um bom desenvolvimento escolar era uma das coisas que eles cobravam para poder ter acesso aos serviços dela, principalmente agora que estava trabalhando duro com a Karen para buscar novas informações sobre os irmãos, ele tinha uma sensação de que ela não havia dito tudo, mas resolveu apenas confiar nela e continuar as pesquisas.
Um dos trabalhos propostos
pela Ars Magna como forma de iniciar seus trabalhos foi o desenvolvimento de
uma obra literária que explicasse com detalhes como as Viagens melhoraram ou
atrapalharam sua vida cotidiana, apontar formas de melhorar e também sugerir
formas de resolver os problemas causados, ele supôs ser uma maneira de fazer os
novos membros se adaptarem à nova rotina de um modo que não impactasse
negativamente a sua vida comum.
Sua vida acadêmica andava
em dias, embora preocupado com o tal Ricardo, depois da conversa que ele ouviu,
ele vinha tentando buscar mais informações sobre, mas ele parecia uma sombra,
quase sempre quando era visto era de passagem, ou conversando com as pessoas da
diretoria, ou com alguns professores, quase nunca falava com os alunos.
O que mais havia lhe
surpreendido no colégio apesar de toda a estrutura dantesca e recursos
disponíveis, foi a culinária, os professores geralmente comiam no refeitório
junto com os alunos, pois a comida era impecável, não era de costume repetir o
cardápio, a comida era oferecida de graça, havia desjejum disponível para os
que chegassem com fome de casa, e um brunch na hora do intervalo que era um
pouco mais tarde do que de costume, às 10:30, um dia ele estava comendo com
seus novos amigos, Magno, Bruna e Okedira, quando avistou o Ricardo entrando no
refeitório e indo em direção à mesa dos professores, surpreendentemente ele se
sentou e ficou conversando com eles por um tempo, depois se levantou e foi em
direção a porta.
- Vou ao banheiro, já
volto.
- Cuidado com as Sereias no
caminho. - falou Magno rindo, Okedirá e Bruna riram também, apesar de ser uma
piada interna, Akin não entendeu o Timing.
Ele se levantou e partiu em
direção à porta, o mais rápido que pode sem chamar atenção, para não perder o
rastro do Ricardo, seguiu ele pelos corredores, parecia estar indo à direção
como de costume, quando o ele entrou na sala Akin vinha logo atrás, mas no meio
do caminho foi surpreendido com a porta da Biblioteca abrindo.
- Conhece meu pai? - Era
Ariel que vinha penteando os longos cabelos Loiros com a ponta dos dedos.
estava acompanhada de um rapaz magro, alto, com cabelo castanho, olhos fundos e
uma expressão neutra, mas com um olhar de desdém, e logo atrás uma menina morena,
cabelos escuros, olhos escuros, cabelo liso channel, corpo atlético, e com um
sorriso jovial.
- Seu pai? - Falou ele
confuso.
- Sim, eu o vi pela janela,
parecia estar seguindo-o.
- Ahh! Não, eu ia fazer um
favor que minha mãe pediu e resolver um problema na direção. - Blefou.
- Ah, desculpe, pode
continuar então. - Desafiou Ariel.
Akin notou o tom, mas havia
acabado de perceber uma grande oportunidade.
- Não se preocupe, não é
nada urgente, quem são seus amigos?
- Ah, desculpe a falta de
educação, esse é o Gabriel, essa é a Mel.
- Não sabia que gostava de
leitura - Akin devolveu a provocação.
- Tem muita coisa sobre mim
que você ainda não sabe. - Falou Ariel, gostando da atitude. - Porque não vamos
ao refeitório, daqui a pouco o intervalo acaba e eu ainda não comi, ser
inteligente exige certos sacrifícios.
- Liga pra ela não, está de
mal humor hoje. - falou Mel, tentando apaziguar a situação, mas foi retribuída
com um olhar ardente da Ariel, o Gabriel continuava indiferente, lendo alguma
coisa que o Akin não conseguiu ver.
Rumaram em direção ao
refeitório, conversando despretensiosamente sobre as rotinas acadêmicas, apesar
de desconfortável, ele não queria deixar a oportunidade de conhecer melhor a
filha do Ricardo passar, assim que entrou no refeitório Bruna o lançou o um
olhar incrédulo, Okedirá estava olhando na direção deles, mas estava com uma
expressão estranha, como se estivesse olhando pra outra pessoa, e o magno como
sempre, estava desenhando de cabeça baixa, se despediu e foi se juntar aos
amigos, meio encabulado.
- O que você estava fazendo
com aquela galera? - Bruna já começou o interrogatório, antes mesmo dele
sentar.
- Eu os encontrei perto da
biblioteca. - Assumiu.
- Mas o banheiro fica para
o outro lado. - Okedirá falou como quem tinha acabado de despertar de
pensamentos profundos, e olhou para ele curioso.
- Eu fui fazer um favor na
direção pra minha mãe - Blefou de novo.
- Você é um péssimo
mentiroso - Bruna bufou.
Akin começou a falar de
coisas aleatórias para tentar mudar de assunto, mas se atrapalhou quando viu
surpreso o desenho que Magno já estava concluindo.
Era a Ariel, em forma de sereia,
cantando para um rapaz que visivelmente era ele.
- Mas como? - tentou chamar
a atenção do Magno acenando pra ele.
- O que? Ah, não foi nada
demais, quer? Fiz pra você. - Destacou o desenho do papel, e o entregou a Akin,
os níveis de detalhes eram impressionantes.
Akin olhou com um olhar
suspeito para ele, que o retribuiu com um sorriso travesso, estendendo o braço
e entregando o desenho.
- Obrigado… - Falou um
pouco alto porque a sirene que informava o fim do intervalo havia acabado de
tocar, para o alívio dele. - Bem, vamos, não quero me atrasar.
Todos foram em
direção à sala de aula, ele notou que o Gabriel e a Mel foram para outra sala,
mas não notou qual.
- Que foi que você não tira os olhos
deles? Você voltou estranho dessa "biblioteca". - Bruna falou ainda
intrigada.
- Não foi nada, eu estava pensando em
conversar mais com a Ariel, apesar de ser um pouco esnobe ela me pareceu uma
pessoa interessante.
- Sei, interessante... - Falou Magno
olhando desconfiado para ele.
- Ei, Akin, porque você não vem jogar
Basquete com a gente depois do colégio? - Convidou Okedirá.
- Errr, hoje não dá, tenho que resolver
as atividades, tenho que manter em dia se não posso perder a bolsa.
- Tudo bem então, fica pra próxima, mas
vou cobrar, eim! - retribuiu sorrindo. - Vai se surpreender que a Bruna joga
muito bem, apesar de baixinha.
- QUEM VOCÊ CHAMOU DE BAIXINHA? - Bruna
esbravejou.
- Calma aê, foi brincadeira - Recuou
Okedirá.
Akin sorriu e se
sentou na carteira, passou a aula quase inteira olhando para Ariel, que apesar
de estar acostumada com olhares alheios, notou e retribuiu algumas vezes com
sorrisos.
Quando saíram os 3 amigos foram na
frente para ir pro Basquete, e Akin falou que ia voltar para resolver o
problema na direção, quando os amigos saíram, Akin foi em direção da Ariel, que
estava sem a "escolta" no momento, com uma estranha confiança.
- Ei, você quer sair qualquer dia?
- SAIR?! Falou Ariel em sobressalto - A
pesar de ser muito bonita, ninguém tinha coragem de a convidar para sair, -
talvez por ela ser filha de um dos sócios, pensava ela - olhou enrubescida para
Akin. - É... Sair. Sair pra onde?
- Falou tentando retomar a postura.
- Para tomar um café - investiu ele,
notando que ela havia ficado desconcertada.
- Tudo bem! Amanhã, às 15:00, na Casa de
Chá, atrás do colégio, não ouse se atrasar.
- Saiu com um olhar firme, como se nada tivesse acontecido.
Akin estava surpreso
consigo mesmo pela coragem, definitivamente não podia deixar a oportunidade
passar, havia muita coisa em jogo.
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