sábado, 24 de maio de 2025

Capítulo 23 - Menina Sereia

 

Capítulo 23 - Menina Sereia

Apesar da prioridade de encontrar e falar com Thainá, Akin não estava conseguindo acessar mais a casa do Zen como era de costume, nem o bracelete dado por Esme estava resolvendo, então decidiu por um instante deixar isso de lado e focar no colégio, não podia deixar as responsabilidades da Ars Magna atrapalharem sua vida acadêmica, até porque um bom desenvolvimento escolar era uma das coisas que eles cobravam para poder ter acesso aos serviços dela, principalmente agora que estava trabalhando duro com a Karen para buscar novas informações sobre os irmãos, ele tinha uma sensação de que ela não havia dito tudo, mas resolveu apenas confiar nela e continuar as pesquisas.

Um dos trabalhos propostos pela Ars Magna como forma de iniciar seus trabalhos foi o desenvolvimento de uma obra literária que explicasse com detalhes como as Viagens melhoraram ou atrapalharam sua vida cotidiana, apontar formas de melhorar e também sugerir formas de resolver os problemas causados, ele supôs ser uma maneira de fazer os novos membros se adaptarem à nova rotina de um modo que não impactasse negativamente a sua vida comum.

Sua vida acadêmica andava em dias, embora preocupado com o tal Ricardo, depois da conversa que ele ouviu, ele vinha tentando buscar mais informações sobre, mas ele parecia uma sombra, quase sempre quando era visto era de passagem, ou conversando com as pessoas da diretoria, ou com alguns professores, quase nunca falava com os alunos.

O que mais havia lhe surpreendido no colégio apesar de toda a estrutura dantesca e recursos disponíveis, foi a culinária, os professores geralmente comiam no refeitório junto com os alunos, pois a comida era impecável, não era de costume repetir o cardápio, a comida era oferecida de graça, havia desjejum disponível para os que chegassem com fome de casa, e um brunch na hora do intervalo que era um pouco mais tarde do que de costume, às 10:30, um dia ele estava comendo com seus novos amigos, Magno, Bruna e Okedira, quando avistou o Ricardo entrando no refeitório e indo em direção à mesa dos professores, surpreendentemente ele se sentou e ficou conversando com eles por um tempo, depois se levantou e foi em direção a porta.

- Vou ao banheiro, já volto.

- Cuidado com as Sereias no caminho. - falou Magno rindo, Okedirá e Bruna riram também, apesar de ser uma piada interna, Akin não entendeu o Timing.

Ele se levantou e partiu em direção à porta, o mais rápido que pode sem chamar atenção, para não perder o rastro do Ricardo, seguiu ele pelos corredores, parecia estar indo à direção como de costume, quando o ele entrou na sala Akin vinha logo atrás, mas no meio do caminho foi surpreendido com a porta da Biblioteca abrindo.

- Conhece meu pai? - Era Ariel que vinha penteando os longos cabelos Loiros com a ponta dos dedos. estava acompanhada de um rapaz magro, alto, com cabelo castanho, olhos fundos e uma expressão neutra, mas com um olhar de desdém, e logo atrás uma menina morena, cabelos escuros, olhos escuros, cabelo liso channel, corpo atlético, e com um sorriso jovial.

- Seu pai? - Falou ele confuso.

- Sim, eu o vi pela janela, parecia estar seguindo-o.

- Ahh! Não, eu ia fazer um favor que minha mãe pediu e resolver um problema na direção. - Blefou.

- Ah, desculpe, pode continuar então. - Desafiou Ariel.

Akin notou o tom, mas havia acabado de perceber uma grande oportunidade.

- Não se preocupe, não é nada urgente, quem são seus amigos?

- Ah, desculpe a falta de educação, esse é o Gabriel, essa é a Mel.

- Não sabia que gostava de leitura - Akin devolveu a provocação.

- Tem muita coisa sobre mim que você ainda não sabe. - Falou Ariel, gostando da atitude. - Porque não vamos ao refeitório, daqui a pouco o intervalo acaba e eu ainda não comi, ser inteligente exige certos sacrifícios.

- Liga pra ela não, está de mal humor hoje. - falou Mel, tentando apaziguar a situação, mas foi retribuída com um olhar ardente da Ariel, o Gabriel continuava indiferente, lendo alguma coisa que o Akin não conseguiu ver.

Rumaram em direção ao refeitório, conversando despretensiosamente sobre as rotinas acadêmicas, apesar de desconfortável, ele não queria deixar a oportunidade de conhecer melhor a filha do Ricardo passar, assim que entrou no refeitório Bruna o lançou o um olhar incrédulo, Okedirá estava olhando na direção deles, mas estava com uma expressão estranha, como se estivesse olhando pra outra pessoa, e o magno como sempre, estava desenhando de cabeça baixa, se despediu e foi se juntar aos amigos, meio encabulado.

- O que você estava fazendo com aquela galera? - Bruna já começou o interrogatório, antes mesmo dele sentar.

- Eu os encontrei perto da biblioteca. - Assumiu.

- Mas o banheiro fica para o outro lado. - Okedirá falou como quem tinha acabado de despertar de pensamentos profundos, e olhou para ele curioso.

- Eu fui fazer um favor na direção pra minha mãe - Blefou de novo.

- Você é um péssimo mentiroso - Bruna bufou.

Akin começou a falar de coisas aleatórias para tentar mudar de assunto, mas se atrapalhou quando viu surpreso o desenho que Magno já estava concluindo.
 Era a Ariel, em forma de sereia, cantando para um rapaz que visivelmente era ele.


- Mas como? - tentou chamar a atenção do Magno acenando pra ele.

- O que? Ah, não foi nada demais, quer? Fiz pra você. - Destacou o desenho do papel, e o entregou a Akin, os níveis de detalhes eram impressionantes.

Akin olhou com um olhar suspeito para ele, que o retribuiu com um sorriso travesso, estendendo o braço e entregando o desenho.

- Obrigado… - Falou um pouco alto porque a sirene que informava o fim do intervalo havia acabado de tocar, para o alívio dele. - Bem, vamos, não quero me atrasar.

Todos foram em direção à sala de aula, ele notou que o Gabriel e a Mel foram para outra sala, mas não notou qual.


 - Que foi que você não tira os olhos deles? Você voltou estranho dessa "biblioteca". - Bruna falou ainda intrigada.


 - Não foi nada, eu estava pensando em conversar mais com a Ariel, apesar de ser um pouco esnobe ela me pareceu uma pessoa interessante.


 - Sei, interessante... - Falou Magno olhando desconfiado para ele.


 - Ei, Akin, porque você não vem jogar Basquete com a gente depois do colégio? - Convidou Okedirá.


 - Errr, hoje não dá, tenho que resolver as atividades, tenho que manter em dia se não posso perder a bolsa.


 - Tudo bem então, fica pra próxima, mas vou cobrar, eim! - retribuiu sorrindo. - Vai se surpreender que a Bruna joga muito bem, apesar de baixinha.


 - QUEM VOCÊ CHAMOU DE BAIXINHA? - Bruna esbravejou.


 - Calma aê, foi brincadeira - Recuou Okedirá.

Akin sorriu e se sentou na carteira, passou a aula quase inteira olhando para Ariel, que apesar de estar acostumada com olhares alheios, notou e retribuiu algumas vezes com sorrisos.


 Quando saíram os 3 amigos foram na frente para ir pro Basquete, e Akin falou que ia voltar para resolver o problema na direção, quando os amigos saíram, Akin foi em direção da Ariel, que estava sem a "escolta" no momento, com uma estranha confiança.


 - Ei, você quer sair qualquer dia?


 - SAIR?! Falou Ariel em sobressalto - A pesar de ser muito bonita, ninguém tinha coragem de a convidar para sair, - talvez por ela ser filha de um dos sócios, pensava ela - olhou enrubescida para Akin. - É... Sair. Sair pra onde?

 - Falou tentando retomar a postura.


 - Para tomar um café - investiu ele, notando que ela havia ficado desconcertada.


 - Tudo bem! Amanhã, às 15:00, na Casa de Chá, atrás do colégio, não ouse se atrasar.  - Saiu com um olhar firme, como se nada tivesse acontecido.

Akin estava surpreso consigo mesmo pela coragem, definitivamente não podia deixar a oportunidade passar, havia muita coisa em jogo.


 

0 comentários:

Postar um comentário