Capítulo 19 - Revelando o Pergaminho
Sagrado
Akin se levantou com dificuldade do sofá, ainda estava debilitado depois
da péssima experiência que teve na câmara, foi até o gorila e o alisou.
– Foi você quem me salvou né? Vou lhe chamar de Kong.
O gorila assentiu, e
abaixou a cabeça, como um sinal de respeito.
– Bem, agora preciso ver o que a Thainá está aprontando.
Foi em direção ao alçapão e começou a descer as escadas que dão acesso
ao laboratório, se movia ainda com dificuldade, o corpo estava fraco, mas
estava curioso em saber o que aquele pergaminho continha de tão valioso para
estar tão bem protegido.
– Então o que tem nele?
– Você ainda não deveria estar se movendo, tem que ficar em repouso,
sente aqui - Puxou uma cadeira e pôs Akin sentado, enquanto voltava para a mesa
para analisar o pergaminho. - Ainda estou traduzindo, está em Grego antigo,
preciso de um tempo até concluir, mas há uma imagem. e a frase inicial diz: O
mundo é algo vivo e luta para atingir a perfeição que é Deus.
– E o que isso significa?
– Precisamos traduzir o resto do pergaminho, é apenas um fragmento, você
sabe grego antigo?
– Claro que não, ainda estou no ensino médio.
Thainá deu de ombros, foi até um pequeno armário, pegou um Bico de
Bunsen - um pequeno artefato que parecia uma mini boca de fogão usado em
laboratórios - pegou um recipiente de vidro, misturou algumas soluções dentro
dele, colocou algumas plantas, e quando ferveu, colocou a mistura em uma
xícara.
– Beba!
– O que é isso?
– Uma mistura de ervas para fazer você se recuperar mais rápido, suas
energias foram quase que completamente drenadas, e agora me diz, onde
exatamente você estava?
Akin começou a descrever a Câmara de mármore que havia encontrado ao sul
da floresta.
– Mas isso não está certo, não é essa câmara que está lá.
– Como assim?
– A Câmara que está lá é uma câmara diferente da que você descreveu, e
ela não foi aberta. Eu e o Zen fizemos de tudo para abri-la, mas todas as
tentativas foram em vão, chegamos a conclusão que ela é um pequeno santuário
dedicado a Apolo, e que você descreveu claramente é um dedicado a Ártemis.
– Mas com é possível haver duas construções diferentes no mesmo lugar?
– Não é, isso significa que você estava em outro lugar, mas não sei
onde. porque conheço toda essa região e não há outro santuário além do que eu
lhe descrevi.
– Vamos lá então, eu te mostro - Ao dizer isso, Akin sentiu um frio no
estômago e um pequeno arrepio.
– Não, você precisa descansar, depois podemos ver isso com mais calma,
agora eu preciso terminar de traduzir o resto do texto. - Thainá falou
calmamente, percebendo a tensão dele, ao lembrar do ocorrido.
Os dois passaram um bom tempo lendo o texto, Thainá fazia a tradução
acompanhada com alguns livros em gregos, um dicionário e outros textos para
fazer paralelos e ter uma tradução mais fiel possível do texto original.
O Grande magnetizador
Repousa em seu manto noturno
O Mestre das artes do amor
Colore o mundo Diurno
Ao levantar acorda o mundo
Com sua visita passageira
Quando o espelho vai embora
Que ele vê sua beleza
– Acho que consegui traduzir, é um poema, mas parece querer dizer algo.
– Sim, é parecido com o outro que me deu acesso à câmara.
– É UMA CHAVE. - falaram juntos em uníssono.
– Precisamos ir lá para abri-la.
– Despreparados? Alto lá rapazinho. - Precisamos investigar essa imagem,
não parece haver relação com o texto.
– Mas parece que não tem nada que mostre o que ela significa. - Akin se
levantou para tentar olhar o pergaminho mais perto, mas com o corpo ainda
debilitado se desequilibrou e deixou a xícara cair em cima da mesa por estar
muito quente, o líquido caiu inteiro em cima do pergaminho.
– O QUE VOCÊ FEZ? - gritou Thainá.
Para a surpresa de ambos, o pergaminho não molhou, quando ela o retirou
da meleira que Akin havia feito, o pergaminho estava intacto, mas curiosamente
havia aparecido uma inscrição embaixo da imagem, mas demorou um pouco e a
inscrição apagou.
– Você viu aquilo?
– Sim, mas apagou novamente.
Thainá pegou o líquido com um pano, e passou devagar em cima do local
onde havia aparecido a inscrição, mas não surtiu efeito.
– O que tem de diferente?
– Eu deixei cair porque estava quente.
– Calor!
– Ela pegou o pequeno fogão portátil, o acendeu e aproximou o pergaminho
novamente, e curiosamente as letras voltaram a aparecer.
– O que tem escrito?
– Calma, também precisamos traduzir.
– Ela pegou uma caneta e transcreveu em outro papel.
Demorou um pouco e falou.
“A Harmonia das Esferas”
– Será que tem mais algo escondido?
Ela pegou o pergaminho e foi encostando no fogo novamente, buscando mais
algum segredo.
Foi quando mais letras foram aparecendo por toda a imagem.
– São musas, os astros e Apolo. - Concluiu Thainá. - A situação mudou,
temos que ir para o santuário imediatamente.
– O que aconteceu?
– Se isso é o que eu penso que é, temos que descobrir imediatamente se
tem alguém por trás de tudo isso.
– Fique aqui por um momento. - Ela foi até um armário, pegou um frasco
de vidro dessa vez puro. - Volto em alguns minutos. Falou subindo a escada
correndo.
Akin nem pensou em a acompanhar, continuava muito desgastado, foi
devagar até a mesa e continuou a analisar o pergaminho, ficou intrigado com o
que havia feito ele desmaiar, o misterioso objeto ficava quente na mão dele,
e tinha certeza que não foi o objeto que
drenou suas energias, algo parecia não se encaixar.
Minutos depois Thainá volta
com o frasco cheio.
– Beba.
– Calma aí, o que é isso?
– Água da fonte sagrada, vai lhe dar energia ao menos pra poder me
acompanhar, acho surpreendente o fato de ter conseguido abrir o santuário, eu
não estou muito satisfeita com a ideia, mas eu preciso de você.
Akin olhou pra ela sorrindo.
– Ah! Agora você precisa de mim?
– Anda logo garoto, não temos tempo a perder.
Akin riu e ao beber a água do recipiente sentiu um calor percorrer por
todo seu corpo, era como se tivesse tomado um chá bem quente, o corpo foi
esquentando e começou a suar pela temperatura elevada do mesmo. Aos poucos foi
ficando com mais vigor.
Aguarde aqui enquanto eu pego meu equipamento.
Ela voltou um tempo depois com uma bolsa presa à perna, uma adaga presa
na outra coxa, vestia um Jeans curto, uma regata vinho, e um colar dourado fino
com uma pequena pedra rubra como pingente. usava um bracelete dourado no braço
direito. Admirou a beleza dela por um momento.
– Ei? Foco, vamos!
Ele estava como se vestia quase sempre, calça jeans, all star e uma
camisa preta sem estampa.
“Preciso melhorar meu guarda-roupas, pensou”
Saíram da casa e foram em direção a trilha que Akin havia ido mais cedo,
era quase manhã.
– Você disse que dentro da câmara que você entrou havia a estátua de um
homem, certo?
– Sim, com um animal que parecia ser uma Quimera do lado esquerdo, e uma
serpente de várias cabeças do lado direito. Porque?
– Estou com um mal pressentimento, eu e o Zen imaginamos que era um
santuário dedicado a Apolo quando o encontramos, e era o que tudo indicava, mas
se o que você encontrou não era um dedicado a Ártemis, como aparenta por fora,
isso significa que esse também não é dedicado a Apolo, e se não é a Apolo, a
quem seria?
Quando chegaram próximo ao local que Akin havia visitado, ele sentiu
novamente a sensação de “atravessar” uma cortina.
– Você sentiu isso?
– Isso o quê? perguntou Thainá intrigada.
– Uma sensação estranha.
– Você está cansado.
– Não é isso, também senti essa sensação da última vez que estive aqui.
foi como se eu tivesse atravessado alguma coisa.
Ela olhou para ele intrigada.
– Depois você me fala mais sobre isso, vamos adiantar.
Seguiram em frente até chegar no santuário.
0 comentários:
Postar um comentário