Capítulo 22 - Mestre e Aprendiz
– Akin, isso não é bom.
– Por que? Acabamos de descobrir quem são.
– Sim, mas o problema é que isso faz parte da história do Órion.
– Como assim, quem é esse?
– Orion foi um grande caçador treinado por Safira uma Guerreira especialista em Arcos em um local ermo dentro das florestas, aprendeu muito sobre plantas, sobrevivência em locais difíceis, aprendeu a caçar, a encontrar local para se abrigar à noite ou em temporais e se esconder com facilidade quando necessário. Em uma noite de temporal quando estava em meio a um treinamento, caçando um monstro que estava atemorizando as redondezas de onde seu clã havia parado para descanso depois de uma longa viagem, a sua mestra foi ferida por um monstro.
– E o que isso tem a ver com a história dos irmãos? - Akin perguntou
muito curioso.
– Espera um minuto. - Karen saiu em disparada para buscar uma caixa
pequena de madeira, com contornos prateados e algumas inscrições, abriu com
cuidado e retirou dela uma chave, foi em direção a um baú e pegou com cautela
um livro muito antigo de folhas amareladas e capa de madeira forrada com couro.
– Isso só está disponível para membros avançados da Ars Magna, mas
infelizmente você já está envolvido nisso, eu preciso lhe mostrar. - Ela pegou
o livro, pôs em cima da mesa, abriu nas primeiras páginas e começou a ler:
“Orion avistou a fera de longe, ignorando
o aviso de cautela da sua mentora atirou flechas contra o monstro sem sucesso,
serviu apenas para alertar o mesmo que correu diretamente para cima dos dois
caçadores, Safira com sua experiência, conseguiu uma investida rápida e feriu
severamente o monstro no braço direito, foi quando o animal atordoado pela dor
deu uma oportunidade para Orion ganhar uma distância para uma flecha certeira
no ombro esquerdo do monstro, foi quando ele caiu rolando e fugiu, os caçadores
seguiram o monstro até uma caverna grande, - grande demais - pensou a mestre – Orion inadvertidamente correu
para dentro da mesma, mais uma vez ignorando o aviso dela, que foi atrás do
aluno para tentar o impedir, mas sem sucesso.
Assim que entraram na caverna, sentiram
uma fumaça cinza escuro nublado quase que completamente a visão dos dois, mesmo
para um bom caçador que podia ver a presa mesmo em locais escuros, com fumaça
era quase impossível. Safira ficou na frente de Orion para o proteger por
instinto e no mesmo movimento foi acertado por um objeto pontiagudo na região
do abdômen, quando ela olhou para frente com um sentido mais aguçado ela pode
ver olhos imensos vindo de uma face monstruosa cor de bronze, ela pegou Orion
pelo braço e saiu disparado como uma flecha em direção a saída, ela se
embrenhou no meio da mata até sumir da vista da criatura de bronze, a caminho
do assentamento do seu clã, mas na metade do caminho ele vacilou e caiu por
conta do ferimento que até então ela não havia percebido a gravidade. Orion
procurou uma clareira para passarem a noite seguros, fez uma fogueira para
manter os animais selvagens à distância e lá passaram a noite. No dia seguinte
ele partiu em disparada para procurar ajuda.
Partiram caçadores e curandeiros atrás da
Safira, encontraram-na e a levaram para o assentamento, lá fizeram todo o tipo
de coisa para curar o ferimento, passou uma semana e o ferimento não
cicatrizou, foi então que perceberam que não era um ferimento qualquer, foi
feito por um objeto mágico não identificado e agora todos do Clã preocupados
com o ferimento da sua sacerdotisa e caçadora e em ter um fim semelhante
destinaram caçadores para pesquisar objetos que tenham tal poder. Eles sabiam
que um uma criatura monstruosa estava por trás disso, mas não sabiam qual,
alguns que se arriscaram em retornar à caverna indicada por ele não voltaram.
Orion movido por uma culpa de ter
desobedecido a mestre e pela ambição de proteger os membros do Clã decidiu
partir em busca de ajuda para não só ajudar a mesma, mas também saiu em busca
de um local seguro para enfim formar a cidade que o Clã tanto almeja.”
– Então… as ruínas que vocês estão pesquisando… - Akin começou a falar,
mas foi interrompido
– Sim, pelos registros que encontramos, foi a cidade criada pelo Clã das
Folhas, mas não sabemos exatamente como foi que os moradores sumiram, mas é
essencial descobrirmos, pois podemos ter um fim semelhante se não nos
prepararmos com antecedência.
– Se preparar para que exatamente.
– Há um rumor dentro da Ars Magna que um dos membros que foi expulso
está tentando trazer o Ícelo de volta.
– Como assim trazer de volta?
– Não se tem muita informação sobre essa história, mas tem isso aqui:
Karen começou a folhear o livro mais pra frente, até chegar em uma
página de folhas negras e letras brancas:
“O 3 irmão viviam em harmonia nas Terras
Oníricas, cada um tinha o controle sobre uma parte das terras, Ícelo era
protetor das criaturas e animais, Fântaso tinha protegia os objetos inanimados,
rios e plantas, Morfeu por sua vez tinha o dever de proteger todos os
humanóides das Terras Oníricas, juntos eles faziam a manutenção de todo o reino, mas em algum momento da história,
Morfeu e Ícelo se apaixonaram pela Urânia, a senhora das estrelas, os dois
acabaram travando uma grande batalha que acabou por quase destruir todo o
reino, para que isso não acontecesse, Fântaso foi até o seu pai pedir ajuda dos
dele para acabar com a disputa, Somno definiu então que os 3 deveriam perder
seus avatares, eles iam continuar existindo, mas sem poder assumir a forma
humana, Fântaso para evitar o seu fim e o fim de seus irmãos, decidiu no
processo selar o poder dos 3 em objetos para que um dia eles possam retornar.”
– Dizem que isso é uma lenda, alguns dizem que é verdade, mas o que você
descobriu são evidências que levam a crer que é tudo real.
Akin ficou paralisado por
um tempo.
– Você está bem? - Perguntou Karen preocupada
– Estou, mas se isso for verdade, e conseguirem fazer o Ícelo voltar?
– Estamos investigando justamente para impedir que outras pessoas o
façam, nosso é parte do nosso trabalho fazer a manutenção do reino Onírico em
Honra aos 3 Irmãos, mas caso um deles volte, não temos como prever os danos que
isso pode gerar.
– Mas eu não entendi como essa história se liga com o Orion. -
Questionou Akin.
– Na constelação de Órion, há 3 estrelas que chamamos de “Cinturão de
Órion”, segundo a lenda essas estrelas simbolizam os 3 irmãos.
– Então, o que vamos fazer?
– Agora você precisa ir até a Thainá e pegar a caneta, precisamos
investigar.
– E você pretende envolver a Ars Magna nisso?
– Por enquanto não vou falar nada, mas vamos precisar de ajuda.
– Você não acha que devemos tomar cuidado, se um antigo membro está
tramando algo, temos que ficar atentos. - falou Akin.
– Sim, por isso vou ver quem posso pedir ajuda, enquanto você pega a
caneta.
– Certo, agora vou pra casa, minha mãe está esperando, em breve volto
com notícias.
– Combinado.
Karen guardou o livro com
muito cuidado, trancou o baú e guardou a chave no armário onde ela pegou, levou
Akin até a porta e se despediu com um abraço.
– Obrigado por confiar em mim.
Akin sorriu.
0 comentários:
Postar um comentário