Capítulo 20 - Em um improviso
Não havia como ter dúvidas, logo que chegaram no local, Akin percebeu
que não era o mesmo lugar, a estrutura era semelhante, colunas grandes de
mármore sustentavam um local que era claramente um santuário, ao invés de uma
porta negra que fazia o lugar parecer um mausoléu, havia na porta uma pintura
de um rapaz belíssimo, cercado de 4 mulheres e 9 outras mulheres estavam
representadas num céu estrelado, foi a pintura mais linda que ele havia visto,
Apolo, Os astros e as musas, tudo se encaixava como o pergaminho indicava.
– Não foi esse lugar que estava aqui quando eu vim ontem.
– Foi o que eu disse, o que você descreveu é completamente diferente.
– Sim, no outro tinha uma inscrição traduzida, logo em cima da porta: É
aqui que se descobre o fim. Como isso é possível? - Akin perguntou confuso.
– Eu tenho uma suspeita, mas precisamos entrar aí para confirmar. -
Thainá pôs a mão na bolsa, puxou o pergaminho, pegou o papel onde havia
transcrito a tradução, e começou a ler. - Certo, como foi que você fez para
abrir da outra vez?
– Eu não precisei fazer nada, a lua refletiu em um fragmento brilhante
na estátua, e a porta abriu, o pergaminho indicava o possível horário.
– Então, O Sol ao acordar é na aurora, mas não há nada para refletir
aqui, então como fazemos para entrar?
Akin sabia que o horário estava certo, o sol “Acorda o mundo” pela
manhã, mas “O espelho foi embora”, ou seja, a lua foi embora.
– O templo está de costas para o Sol nascente. - falou depois de muito
pensar.
– Sim, eu já percebi.
– No outro poema o espelho era a lua.
– Esse poema diz que “Quando o espelho vai embora que ele vê sua
beleza”.
– Sim, a luz dele toca todas as coisas, e é assim que ele se vê, sem a
luz dele para colorir o mundo, não dá para ver a beleza.
– Mas não está tocando a pintura. - Thainá já estava ficando irritada,
porque o tempo estava passando.
– A pintura não é ele, é só uma pintura, se o espelho real foi embora,
talvez ele precise de um “espelho falso”. - Me dá sua adaga, Akin falou
estendendo a mão para Thainá.
– O que pretende fazer? - não dá pra fazer isso com a adaga, ainda está
muito cedo.
– Precisamos improvisar - Akin correu em direção a uma árvore que ficava
em frente ao santuário, subiu o mais alto que pode, e tentou refletir a luz do
sol com a lâmina da adaga em direção ao rosto da pintura de Apolo na porta.
Ouviu-se um barulho muito alto de engrenagens, e lentamente a porta
pesada de mármore começou a se abrir. Thainá estava boquiaberta.
– Olha garoto, até que você não é inútil, já entendi porque o Zen gostou
de você.
Akin desceu da árvore rapidamente, e juntos entraram na câmara, mas
dessa vez devagar para não cair em outra armadilha. Assim que entraram deram de
cara com uma inscrição: Δήμος Ονείρου na parte mais alta da abóbada da Câmara.
– Aquilo também estava escrito no outro templo, consegue ler?
– Sim, está escrito Terra dos Sonhos. - Falou Thainá sem piscar, olhando
diretamente para a estátua que estava na frente deles, era um rapaz jovem, no
centro de uma fonte de água cristalina, com vários objetos decorativos ao lado,
tocando uma Harpa, havia duas árvores atrás dele, havia dois recipientes em
forma de tigela no chão, um a sua esquerda que continha frutas e outro a sua
direita, que continha uma caneta tinteiro ornamentada.
Thainá a pegou, era feita de marfim, havia uma inscrição nela: Αιωνίστε τις στιγμές
– Está escrito: Eternize momentos.
Pôs na bolsa para investigar melhor depois.
– Essas frutas parecem deliciosas, mas não me atreveria comê-las, ainda
estou me recuperando da última aventura em câmaras estranhas.
– Quem é esse na estátua? O outro estava cheio de monstros ao redor e
estava com uma cara horrível, esse parece estar feliz, cheio de objetos legais
ao redor.
– A situação é pior do que eu imaginava, se estava traduzida a inscrição
do outro santuário, significa que alguém já esteve lá, esse ainda se reserva
intacto. Pela inscrição na parede, e pelos objetos ao redor, se trata de
Fantasus.
– Fantasus, nunca ouvi falar dele.
– Ele não é muito conhecido, mas é extremamente poderoso, acredito que
não haja armadilhas aqui, então… - Ela abaixou, pegou uma maçã e comeu.
– NÃO FAZ ISSO, TÁ MALUCA - gritou Akin.
Thainá
sentiu seu corpo inteiro vibrar e um arrepio muito forte a fez tremer um pouco.
– Me sinto
melhor do que quando entrei, deve ter propriedades curativas, é exatamente o
que você está precisando. - Pegou uma das frutas e entregou a Akin.
Relutou um
pouco antes de comer, mas decidiu dar um voto de confiança dessa vez.
– O que você
lembra da outra câmara? Havia inscrições como aquelas ali nas paredes?
– Não tive
tempo de explorar, assim que peguei no pergaminho eu apaguei. - preferiu não
dar detalhes do sentimento horrível que o trespassou durante o processo. Quando virou
para pegar mais frutas, reparou em uma ampulheta que estava posicionada atrás
da estátua. - Aquilo já estava alí?
–
Provavelmente, a areia já está na metade, deve ser o tempo que temos para ficar
aqui dentro, temos que nos apressar. - Ela correu para a parede onde havia
inscrições e começou a tentar traduzir o mais rápido que conseguia.
Brilhando imponente a sua espera
No dia marcado do encontro
Ela aparece bem singela
E visível vai ficando
O dia aos poucos vira noite
Mas apenas por um instante
Assim se revela a ponte
Eis a Forma em sua Fonte
– Pronto,
conseguimos. - Akin já havia se recuperado devido às frutas curativas, e estava
ao lado de Thainá ajudando na tradução, foi quando ouviram as engrenagens.
– O TEMPO -
Gritou Akin.
Os dois saíram
correndo em direção a porta, Thainá foi primeiro por ser mais alta, e Akin foi
logo atrás, passou quase se espremendo pela imensa porta de mármore.
– Chega de Aventuras por hoje - Falou
Thainá
pegando na mão de Akin e levando em direção à trilha de volta para a casa.
– Não precisa disso, eu quero ir pra
casa, nem precisa forçar.
Chegando na
casa de madeira, os dois sentaram no sofá para descansar.
– Temos uma Caneta, e provavelmente a
próxima chave. - Thainá falou como quem estivesse acostumada a
contar espólios.
– Certo… -
Falou Akin achando a naturalidade dela estranha. - Mas eu preciso ir, vou para
quarto. Esme me ensinou um caminho seguro.
Ao ouvir aquele nome, Thainá
gelou.
– Você falou o quê?
– A Esme me
ensinou uma passagem segura, para ir pra casa, o que houve?
Os olhos de Thainá lacrimejaram,
ela escondeu o rosto rapidamente.
– Bem, preciso
ir. Quando você vier aqui novamente estarei esperando - Saiu sem dar espaço
para perguntas.
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