Capítulo 05 - Inesperado Encontro
Percebeu o quanto era importante ter cautela com as coisas que fazia naquele novo mundo quando notou que a última experiência o deixou com ansiedade novamente, mas os bons resultados continuaram, costumava deixar tudo em seu devido lugar, tinha aprendido a cozinhar nos últimos dias, nunca havia se interessado por isso antes, mas a alegria agora era tão frequente que tinha prazer em aprender coisas novas, terminou de se arrumar e foi para o colégio.
– Ei Akin, quer jogar videogame mais
tarde? – Perguntou chiclete. – Menino alto, magro que estava sempre com uma
goma de mascar na boca.
– Não to muito afim, tenho que
ajudar minha mãe a cozinhar.
– Ah cara, para com isso, tu
vai passar a manhã toda cozinhando? – Júnior, um amigo corpulento, alto, com
algumas espinhas no rosto, perguntou em tom de deboche.
– Cozinhando e cuidando das
plantas. – Rebateu.
– Fala sério, vamos jogar cara, consegui o novo Fifa, está muito irado,
os jogadores tem umas skills novas, é muito incrível.
– Outro dia marcamos…
– Falando assim você ta parecendo uma mulherzinha.
Akin olhou revoltado para o Júnior e quando foi para cima dele, uma mão
pegou em seu ombro.
– Não precisa fazer isso, vamos…
Rafaela, uma das poucas pessoas que simpatizava com o Akin, o chamou
para o pátio.
– Você é muito fofo Akin, mas seus amigos não, melhor evitar alguns
assuntos.
– Eles são chatos.
– Eles não entendem as responsabilidades que você tem.
– Realmente, vamos comer alguma coisa, o intervalo está prestes a
acabar.
Depois das aulas foi para casa, sua
mãe havia comprado o Kit que ele pediu, era um bem econômico, com 4 pequenas
ferramentas que serviam para auxiliar a mexer na terra e para mudar as plantas
de vasos.
– Obrigado mãe.
– Por nada, meu bem, só veja se tem ideias mais econômicas se não o
bolso da sua mãe não vai aguentar. – Falou rindo.
Passou a cuidar das plantas da mãe dele, ela andava achando estranho o
comportamento do filho que sempre andava tristonho, agora passava os dias
animado, sempre que perguntava o porquê da felicidade, respondia que havia
aprendido a gostar de sua própria companhia.
Quando terminou de testar as ferramentas foi para o quarto, tudo pronto
para meditação, havia uma aura diferente no ar, conseguia sentir que sua
respiração estava um pouco acelerada, mas ignorou e se sentou para meditar
novamente.
A sensação estranha de estar caindo pra cima veio com uma intensidade
muito forte dessa vez, e não, estranhamente não estava em frente à casa de
madeira branca como de costume, era um local completamente escuro, ao contrário
da primeira meditação, estava tudo preto, sentiu o coração batendo bem forte
dessa vez, não era uma sensação agradável como das últimas vezes, não sabia o
que fazer, uma sensação de claustrofobia, um medo crescia, até que surgiu um
espelho em sua frente e de dentro dele saiu uma figura que já havia conhecido
em outro momento.
– Olá Akin, vejo que progrediu bastante desde a última vez que nos
encontramos.
– Zen? O que faz aqui? Porque me trouxe pra cá?
– Primeiro você precisa entender que esse ambiente é só mais um dos
inúmeros ambientes existentes nesse universo, assim como o local que você
costuma frequentar. – Zen respondeu calmamente.
– Como assim? Há outros locais?
– Sim, são diversos, em um número que eu não arriscaria calcular, mas
não foi eu que o trouxe aqui, esse ambiente não é totalmente seguro, há alguns
riscos e você deve estar sempre atento para não acabar entrando em locais que
não deveria.
– Entendi, o que são aqueles animais que eu encontrei? - Perguntou Akin.
– Depende, alguns são guias, outros são guardiões que protegem o
ambiente que eles guardam.
– Entendi, como eu faço pra sair daqui? Esse lugar me dá calafrios.
– Primeiro você precisa entender porque você veio parar aqui, não foi eu
que lhe trouxe, eu só vim lhe dar alguns conselhos pois acompanhei sua
evolução.
– E como eu faço isso? Akin perguntou já aflito.
Zen tirou uma vela do bolso. Pôs no chão e a acendeu, a vela refletiu no
espelho.
– Agora sente-se reflita sobre seu dia e deixe sua mente leve, a
resposta virá, agora eu preciso ir.
Zen entrou novamente no espelho e desapareceu. Akin começou a pensar
sobre seu dia, começou a notar que por estar tão feliz, passou a ignorar as
coisas negativas do seu dia a dia, tudo precisa de equilíbrio, e olhar apenas
para as coisas boas o fez esquecer de dar atenção ao que lhe deixa triste, o
sentimento ignorado cresceu a ponto de quase o adoecer.
Agora que havia entendido, só
precisava aprender a sair dali, pensou em como queria voltar para casa na
floresta para explorar o resto dos locais, quando percebeu, o espelho virou um
portal que levava diretamente para frente da casa de madeira, levantou,
atravessou o espelho e pronto, conseguiu sair.
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