Capítulo 12 - A Carta
Tentou se lembrar do que havia visto, a imagem da Karen vestida, com uma
roupa que a pesar de ser adaptada para a mata com coturnos e calça, estava com
uma aura diferente, imponente, falando com os colegas de uma forma diferente,
nem parecia a mesma pessoa e quando ela virou o susto foi muito grande.
Pensou em ir direto falar com ela perguntar como era possível os dois estarem naquele mesmo lugar, mas estava tão confuso e tenso que preferiu esperar um tempo antes de ir até a loja.
Voltando ao seu cotidiano, começou a se perguntar sobre a percepção de
tempo de quando viajava, tinha certeza que passou muitas horas treinando, ao
ponto de ficar com muita fome, mesmo assim percebeu ao acordar que não passou
de uma noite.
Quando desceu para falar com sua mãe, ela estava na porta, se despedindo
de alguém, ele não conseguiu ver quem era, mas ela parecia contente.
– Qual o motivo da felicidade?
– Me fizeram uma nova proposta de emprego, estou ansiosa. – Contou
animada.
– Para trabalhar onde?
– É uma surpresa, se eu for selecionada eu te conto – ela saiu em
direção ao quarto para se arrumar. – E você vai arrumar suas coisas para ir ao
colégio.
Foi cuidar das plantas,
trocou algumas de vasos, fez o seu lanche e saiu para o colégio, as pessoas
agora o olhavam diferente, como se algo nele tivesse mudado, talvez os rumores
da surra que deu no Dante deveriam ter se espalhado.
– Cara, o que foi que aconteceu? Você sumiu – Chiclete perguntou
curioso.
– Eu saí correndo pra casa, o Dante veio atrás de mim, brigamos, mas eu
acabei o derrubando e fui embora.
– Ah, então foi isso, sua mãe veio aqui enfurecida, falou com a direção
e saiu com alguns professores procurando os meninos, mas eles desapareceram
desde a briga.
– Bom, vamos deixar esse assunto para lá, estou cansado e ainda me
recuperando.
– Boa sorte, boa parte do colégio tá falando em como o Dante voltou
arrebentado depois de ter ido atrás de você.
A sua habilidade de socialização melhorou consideravelmente, e era num
momento oportuno, porque muita gente estava perguntando sobre o que aconteceu,
nem parecia a pessoa tímida de quem se lembrava, estava feliz por isso, mesmo
estando completamente confuso por ter visto a Karen, e pela fama repentina por
ter batido em um dos valentões, tantas coisas que estavam acontecendo que não
sabia o que responder quando questionavam sobre a briga, foi quando percebeu
que não deveria adiar a conversa com a Karen, decidiu ir a encontrar após a
aula e fazer todas as perguntas que ele precisava.
Quando chegou na loja, a senhora estava no mesmo lugar que costumava
ficar, de óculos quase na ponta do nariz, lendo um livro que parecia ser bem
velho, mas dessa vez antes dele fazer qualquer pergunta, ela pôs um papel no
balcão.
– É para você, e antes que me pergunte, ela está selada, não sei do que
se trata.
- Obrigado Sra. Magnólia. –
Akin respondeu pegando o envelope e o abrindo para checar seu conteúdo.
Saiu confuso da loja, na carta estava escrito um endereço, uma frase
dizendo “Vá arrumado” e em baixo uma data 21 de março, havia parado de
questionar as coisas estranhas que passaram a acontecer e já considerava tudo
isso parte do seu cotidiano, colocou a carta no bolso e voltou para casa. Todas
as tentativas de encontrar a Karen nesse período foram frustradas, a Sra.
Magnólia sempre dava uma desculpa dizendo que ela não estava, ou que ela
precisava fazer alguma outra coisa e por isso não estava lá, chegou o ponto que
desistiu de encontrá-la até o dia marcado na carta, ao menos esperava que ela
estivesse lá.
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