Capítulo 09 - Entre livros
Dessa vez realmente precisava de respostas concisas, decidiu não mais se aventurar no seu quarto novamente, havia sofrido um choque muito grande com o que aconteceu, e as palavras “Você não pode sair por aí assim sem supervisão” ficaram ecoando em sua mente, então começou a se preparar para mais algum tempo de pesquisa antes de voltar pra aquele local desconhecido. Arrumou sua mochila e seu material, seu caderno, agenda, lápis, canetas, borrachas, pensou em pesquisar mais sobre pedras, e foi para a Biblioteca da cidade.
Adorava estar lá, era um local limpo, com um clima agradável e muito
silencioso, era um dos poucos lugares que frequentava que havia um
ar-condicionado, então gostava de passar um bom tempo lá, às vezes saía apenas
quando estava fechando, tinha alguns locais aconchegantes pra se recostar
enquanto lia, eram móveis feitos de materiais recicláveis gostava muito daquela
ideia, tinha poltronas de pneu, mesas feita com carretéis gigantes de fios,
assentos feito de pallets e almofadas. Quando se distraía das leituras ficava
admirando os humildes e aconchegantes móveis.
Passou dias procurando por coisas como pedras, mas só encontrava livros
sobre formações rochosas que não lhe
pareciam nada divertidas, apenas assuntos “de colégio” como chamava, já
desgostoso de ter passado uma semana procurando e não ter encontrado nada
interessante, andava devagar pelos corredores procurando com bastante atenção
pra ter certeza que não estava deixando nada passar despercebido, foi então que
encontrou um livro sem nome novamente, e quando tirou, tomou um baita susto,
mas não com o livro e sim com o olho que o encarava na prateleira do outro lado
à sua frente.
– Oi !! – disse uma menina com uma voz divertida.
O susto foi tamanho que deixou o livro cair e com um pouco de vergonha
respondeu.
– Oi…
– Não parece muito contente, dormiu de calça jeans? – Perguntou ela.
– Que !? – não conhecia aquela expressão.
– Está de mau humor porque dormiu mal? – corrigiu rindo.
– Não é isso, estou a um tempo procurando livros sobre um assunto, mas
já olhei a biblioteca inteira e não achei.
– Ah, sim, nesse caso eu também estaria triste, mas sobre o que seria?
Livros adultos só tem na sessão lá de cima.
– Não podemos entrar lá, já tentei, a bibliotecária não deixa.
– Não deixe ela lhe ver. – respondeu ela em um tom desafiador.
Arqueou as sobrancelhas, olhou para as escadas, olhou pra menina
novamente e decidiu dar a volta pra olhar pra menina direito. Ela se vestia
engraçada, um vestido um pouco colorido demais, dos quais ele não estava
acostumado, era magra, com o cabelo preto, azul nas pontas, e um sorriso
divertido no rosto.
– Tá bom, qual o plano?
– É bem simples na real, na hora certa você vai lá pra cima e fica no
fundo das prateleiras.
– Na hora certa?
Antes de Akin terminar a pergunta a menina já estava no balcão falando
alguma coisa pra bibliotecária, um minuto depois ela saiu em direção ao fundo
da biblioteca como se procurasse algo, entendeu o sinal e foi correndo pra
escada, subiu os degraus e quando chegou nos fundos do local, a menina vinha
logo atrás dele, rindo.
– Foi divertido, enfim, o que foi mesmo que você disse que estava
procurando? – Falou rindo.
– Eu não disse. Estou procurando livros sobre pedras.
– Pedras? Como assim pedras?
Eu vi um bracelete que continha pedras brancas ao redor e
uma pedra verde maior no centro, que brilhava bastante.
– Deve ter algum livro sobre pedras preciosas e semipreciosas em algum
lugar por aqui, só tem um, porém, não podemos levar o livro daqui por motivos
óbvios, mas você pode ler o que está procurando e anotar, vamos, e como disse
que se chamava mesmo?
– Eu não disse – repetiu ele – me chamo Akin e você?
– Karen, prazer.
– Karen?
Ela virou pra Akin sorrindo.
– Sim! – E voltou a procurar o livro.
Encontraram o livro sem muita dificuldade, mas só havia o nome de várias
pedras e as imagens correspondentes, nada muito informativo para o que ele
queria.
– Parece uma esmeralda pela descrição que fez, foi algum presente?
– Sim, mais ou menos. – respondeu um pouco nervoso.
– Você achou o livro, mas não parece feliz com o resultado, o que houve?
– Não era exatamente isso que eu estava procurando, apesar de ter sido
útil, ao menos agora eu sei o nome.
– Como assim?
– Hã... eu estava... procurando... algo relacionado a essência das
pedras ou algo assim…
Pela primeira vez ela ficou com uma expressão bem séria.
– Entendi, acho que não vai encontrar algo do tipo por aqui. – Olhou pra
janela. – Está ficando um pouco tarde, é melhor irmos.
– Entendo, tem razão.
Os dois ficaram próximos da escada esperando a moça sair do balcão para
saírem correndo de lá, mas já havia passado vários minutos e ela nem se movia
olhando pra tela do computador bem concentrada.
– Ela vai precisar de uma ajudinha pra se mover. – Karen falou voltando
a rir.
Se levantou, foi até a prateleira mais próxima procurou o livro mais
pesado que encontrou, olhou pro Akin e disse:
– Não se preocupe, é de Física. – Jogou o livro na direção da parte de
baixo dos fundos da biblioteca, fez um barulho enorme quando caiu no chão.
A bibliotecária deu um pulo da cadeira e foi ver o que era, foi então
que eles saíram em disparada pra saída, se despediram com brevidade para não
perder muito tempo lá e foram embora, cada um para uma direção.
– Karen, que pessoa engraçada – pensou Akin – porque será que ela ficou
tão séria quando eu falei o que eu estava procurando? – ponderou
Chegou em casa exausto, não encontrou o que queria, mas conheceu alguém
interessante, decidiu ser o suficiente pra não ficar aborrecido, foi arrumar o
quarto para pôr a mente em ordem e logo em seguida foi dormir pra recuperar a
energia.
0 comentários:
Postar um comentário