Capítulo 08 - Zen não era o único
– Porque está com o rosto machucado? – Sua mãe perguntou chateada.
– Uns caras queriam me bater, lá no colégio.
– Como assim? Me explica isso ai direitinho.
Akin explicou toda a situação para sua mãe que decidiu que ele não iria para o colégio no dia seguinte e que ela iria lá para conversar com a direção para resolver o problema antes dele voltar.
Então passou o dia no quarto descansando, e como não havia o que fazer,
decidiu explorar novamente aquele novo mundo. Ao fazer o seu pequeno ritual que
realizava para ir até lá, tentou dessa vez se deitar por conta dos machucados
que havia no seu corpo, ao tentar meditar acabou dormindo, mas estranhamente
sua consciência foi conduzida até a frente da casa de madeira branca.
Lembrou da Caverna de madeira que havia visto embaixo da árvore e
decidiu ir até lá, quando passou pelo Carcará, não pareceu se incomodar quando
percebeu para onde o Akin estava indo, dava pra sentir uma brisa saindo da
caverna, ficou confuso por não saber de onde vinha a brisa e decidiu explorar
lá dentro com mais cuidado lembrando da experiência anterior que o derrubou.
Conforme ia entrando, mais forte a
brisa ficava, o problema era que estava muito escuro lá dentro, então tinha que
ir tateando o ambiente para não se desequilibrar.
Depois
de um tempo caminhando com cautela, viu um brilho esverdeado intenso vindo
aparentemente de um metal longo no fim da caverna, agora que conseguia enxergar
melhor, apertou o passo e se adiantou para ver do que se tratava.
-
Uma espada! - pensou empolgado.
Chegou perto dela, ficou olhando o brilho verde da lâmina, não parecia
servir pra batalha, estava presa a uma pedra cheia de inscrições estranhas,
desta vez os símbolos eram completamente fora do seu conhecimento, então
decidiu pegar a espada...
Tudo ficou escuro, sentiu a
cabeça girar e seu corpo cair numa grama macia, não estava mais em baixo da
Grande Árvore, estava em frente a uma grande construção feita de pedras
enormes. Havia guardas de prontidão, conforme foi girando a cabeça para sondar
o ambiente, foi vendo a imensidão da paisagem até que seus olhos pousaram num
rapaz consideravelmente mais velho, olhando diretamente em seus olhos, com um
olhar frio e com uma espada apontada para o seu pescoço.
– Quem é você e de onde você
veio? - falou o rapaz com uma voz rouca.
Akin
ficou meio apreensivo e tentou se levantar, mas o rapaz aproximou mais ainda a
espada.
– Me chamo Akin, não sei exatamente de onde eu vim, eu estava embaixo de
uma árvore com raízes grandes e tinha uma espada verde.
O rapaz franziu as sobrancelhas, estendeu a
mão para o ajudar a levantar.
– Venha comigo.
– Quem é você e como eu vim parar
aqui?
O rapaz olhou para ele de uma forma severa, assentiu e decidiu não fazer
novas perguntas, foi levado por um grande campo ao redor de uma construção de
muros enormes que estavam próximos demais para conseguir identificar, depois um
bom tempo andando, chegaram em uma casa de tijolos com uma porta de madeira, o
rapaz fez sinal para esperar e abriu a porta devagar, falou com alguém que
estava dentro da casa, minutos depois o chamou para entrar.
– Aqui está o garoto, agora tenho trabalhos a fazer, volto mais tarde.
O rapaz saiu e voltou pela mesma
direção que eles vieram.
– Quem é você e como eu vim parar
aqui? – Akin repetiu.
Uma moça encantadora
de óculos esporte com olhos verdes penetrantes, arredondados, cabelos pretos,
um pouco alta, com a pele marrom avermelhada, com uma roupa de couro marrom,
com acessórios de pesquisa, e com um ar de quem ia dar uma bronca nele começou
a falar.
– Eu é quem deveria fazer essa
pergunta.
– Eu já disse, eu estava embaixo de
uma árvore grande, havia uma espada verde, eu peguei nela e vim parar aqui.
– Por acaso havia um Carcará ao
redor dessa árvore?
– Sim…
– Você não pode sair por aí assim sem supervisão, tome cuidado com o que
você faz, tem muita coisa acontecendo, e temos trabalho demais por aqui, não
precisamos de mais problemas, enfim você sabe me dizer como encontrou esse
local?
– Akin falou das técnicas de meditação que costumava fazer e do Zen, o
velho que encontrava volta e meia no meio das práticas.
Depois de uma longa pausa ela
respirou profundamente e depois de um suspiro ela falou.
– Você pode me chamar de Esme.
– Realmente tem muita coisa acontecendo, tenho que voltar pra casa. –
Akin falou um pouco apreensivo.
Esme abaixou um pouco a cabeça e fechou os olhos lentamente, depois de
uma pausa, olhou novamente para ele.
– Por aqui, agora eu preciso dizer: Não é
fácil vir aqui de onde você veio, a chave que você usou é muito antiga e estava
inutilizada a alguns anos, a casa que você frequenta a alguns dias tem um
quarto e nele tem uma forma mais fácil de vir pra cá e segura.
Ela pôs a mão na algibeira, pegou um
bracelete em couro adornado com uma pedrinha verde no centro e outras tantas
brancas só que bem menores.
– Quando chegar no quarto, procure uma escrivaninha e lá encontrará um
artefato com uma pedra parecida com essa, encoste-as e mentalize esse local que
você voltará para cá, não use a outra chave novamente, não é seguro.
As últimas palavras da Esme soaram quase como um sussurro para ele, pois
teve uma sensação de desmaio e em poucos segundos estava novamente em seu
quarto, mas dessa vez com uma estranha sensação de que realmente tinha viajado,
mas riu da própria ideia, “como aquilo poderia ser real?” – pensou.
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