Capítulo 11 - Sonho ou Viagem?
Akin passou muito tempo lendo sobre todos os tipos de Pedras, Talismãs e similares, até que cansou decidiu deixar o assunto de lado e continuar seus afazeres como de costume, ao voltar do colégio passava na loja para visitar Karen.
– Que tal um açaí hoje?
– Não está um pouco tarde?
– Que tal um lanche?
– Pode ser, preciso ir para
casa estudar – Explicou a Karen.
Toda vez que se
encontravam, iam em algum lugar fazer um lanche ou visitavam algum local
turístico da cidade, essa noite foram ao centro cultural que ficava próximo da
loja da família dela, não conversaram muito, e notando o clima estranho decidiu
ir para casa mais cedo.
– Nos vemos amanhã?
– Pode ser. – Ela respondeu
um pouco distante.
Era uma noite chuvosa e decidiu ir dormir mais cedo por conta do tempo e
do frio, arrumou o quarto, deixou tudo organizado para ir pro colégio no dia
seguinte e foi se deitar, depois de um tempo na cama despertou de um cochilo,
mas estranhamente não estava na sua casa, estava em um local com paredes
rochosas, era meio úmido apesar de confortável, estava em uma cama de madeira
ornamentada com vários desenhos de animais, havia uma mesa de canto e um
armário pequeno com gavetas e um espelho médio em cima.
Levantou, andou um pouco no quarto observando a claridade do sol
nascente entrando pela janela, e quando chegou perto pra ver melhor havia uma
paisagem deslumbrante que dava para uma floresta bem verde, foi quando a porta
abriu e alguém entrou.
– Enfim você acordou - Falou uma voz conhecida.
– Você não me falou seu nome da última vez que nos encontramos.
– Pode me chamar de Za'tar.
– Certo… Como eu vim parar aqui? Eu não fiz nada dessa vez.
– Te chamamos para vim para você vim de forma mais segura, enfim, vamos
adiantar porque você precisa treinar.
– Como assim?
– Você precisa de treinamento para não sair por aí sem saber o que
fazer.
– Não gostei muito da ideia de vir sem ser avisado, melhor eu ir pra
casa.
– Você irá na hora certa, não precisa se preocupar por enquanto, para
que você não tenha mais experiências desagradáveis como eu sei que teve a um
tempo atrás você precisa treinar, ou vai querer sair por aí de qualquer jeito
novamente?
Akin ficou um tempo parado pensando, depois de ponderar lembrou das
últimas experiências e decidiu aceitar o treinamento, logo que saíram do quarto
eles passaram por um corredor rochoso e saíram na sala em que Esme ficava.
– Olha só quem veio nos visitar - falou Esme sorrindo
– Bem, não foi exatamente
uma visita.
– Não se apegue aos detalhes da viagem, apenas siga o Za'tar, ele será
seu instrutor.
– Instrutor de que?
– Vamos, ao chegar no campo
eu lhe explico melhor.
Deram a volta na casa e entraram na floresta verde, depois de um tempo
seguindo a trilha deram de cara com uma cachoeira.
– Enfim, antes de ir para o campo, você vai ter que treinar seu corpo
aqui.
– Como assim?
– Tire a camisa e vá para baixo da queda d'água
– E o que isso vai me ajudar?
– Em breve você descobrirá
Assim que Akin tocou na água sentiu um frio fora do comum, a água da
cachoeira era muito mais gelada do que a água da praia a qual já estava
acostumado, e quando entrou na queda d'água não melhorou muito.
– Tá muito frio aqui
– Exatamente, você vai ter que aprender a controlar a temperatura do seu
corpo
– E como eu vou saber que tá dando certo?
– Quando você parar de tremer - Za’tar falou rindo
– Tá, mas como eu faço isso?
– Foca na respiração, sinta a energia fluindo pelo seu corpo, imagine
uma fogueira pequenina no seu estômago, e imagine o calor dela fluindo pelo seu
corpo.
– Tá certo, vou tentar
Passou um bom tempo tentando se concentrar mas a água gelada não ajudava
muito, depois de muito tempo já cansado, conseguiu se acostumar com a
temperatura da água e focar na região do abdômen, fez como Za'tar pediu e aos
poucos seu corpo foi parando de tremer, sentiu o corpo esquentando, foi como a
água tivesse esquentado e seu corpo começou a se acostumar com a sensação,
quando deu por si, levantou para falar com o seu mestre e logo percebeu a água
ficar bem gelada e seu corpo começou a tremer novamente.
– Percebeu, né?
– Sim, a água ficou gelada novamente, mas estava quente agora pouco.
– Sim foi porque você conseguiu unir a sua energia com a da água e assim
que esse laço se desfez, você notou a mudança da temperatura.
– Estranho é que eu estou sentindo fome, como isso é possível
– É possível porque você está aqui.
E para manter sua energia estável, você precisa se alimentar. É o básico da
sobrevivência.
– Como isso é possível?
– Inicialmente você achou que estava sonhando, mas o fato é que você
estava viajando.
Akin ficou um tempo tentando entender o que acabou de ouvir e como
aquilo era possível, quando foi interrompido pelo barulho do seu estômago e o
frio fora do comum.
– Vamos, você precisa se alimentar
– Para onde vamos?
– Você faz muitas perguntas, tente sentir mais a experiência, andemos
Saíram do Rio e entraram em outra trilha, dessa vez um pouco mais
pedregosa com um caminho mais difícil e acidentado, a brisa que passava parecia
mais quente e a temperatura estava bastante agradável. Conforme andavam as
árvores se tornavam arbustos e podiam se ver várias construções em pedras
brancas, casas, pequenos templos, à medida que iam entrando na estranha cidade,
começava a ficar claro que se tratavam de ruínas de um lugar que a muito tempo
atrás foi uma cidade.
– Que lugar é esse? - perguntou Akin
– Trata-se de Ruínas de um reino a muito tempo esquecido, mas o que tem
de antigo, tem de importância.
– Como assim?
– Em resumo, aqui foram criados os alicerces do que hoje chamamos de
civilização.
– Mas não parece tão antiga, tem muita coisa em perfeito estado.
– É um dos mistérios desse lugar, tudo aqui foi muito bem feito, de modo
que fosse pra durar, mas também que respeitasse o ambiente ao redor, e desse
modo se preservou mesmo sem a população para fazer a manutenção
– Isso é incrível, mas cadê todo mundo?
– É o que pretendemos descobrir.
Akin preferiu não fazer tantas perguntas por hora, porque avistou um
alojamento que havia um grupo de pessoas sentadas próximas a uma fogueira e
também havia comida, foi muito bem recebido pelas pessoas que estavam ao redor,
estava com tanta fome que não prestou muita atenção nelas, foi apenas aceitando
a comida, depois de satisfeito Za’tar se aproximou.
– Venha, lhe apresentarei para nossa Arqueóloga, coordenadora de
pesquisa.
Foram em direção a uma
tenda muito bem erguida, era grande, com um material na cor bege, bastante
imponente para uma simples tenda, se aproximaram e entraram, Akin ficou
admirado como era tudo muito bem organizado, livros em estantes pequenas, porém
precisamente alinhadas com o material de laboratório - usado para investigar os
achados, pensou - quando encontraram a Arqueóloga que estava coordenando a
equipe, tomou um grande susto.
- KAREN?!
O susto foi tamanho que o
fez acordar em seu quarto novamente, completamente confuso com tudo que tinha
acabado de viver, porém seu corpo estava estranhamente revigorado, e disposto,
teve uma ótima noite de sono.
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