Capítulo 04 - Kit Jardinagem
Percebeu não se preocupar tanto com o mundo lá fora, já não era um problema do qual tomava totalmente a sua mente como antes, tinha suas obrigações a cumprir, ia pro colégio, aguentava algumas rusgas com alguns colegas, se divertia com outros mais próximos, ajudava a mãe em casa, se encontrava empolgado com o universo recém descoberto, passou a implantar uma rotina no seu dia para ter tempo de meditar sem maiores preocupações, todo dia no fim da tarde lá estava, fechando a janela, acendendo a vela e deixando os olhos semicerrados.
Depois de um tempo de concentração, respirando lentamente, profundamente
e ritmicamente, teve uma sensação diferente, não estava mais sentindo-se
"caindo" pra cima, e sim subindo flutuando devagar até abrir os olhos
e enxergar a casa branca no meio do campo, ainda conseguia ver as letras azuis
quando se sentia flutuando. O gorila andava pelo campo próximo da casa, e agora
via ao norte um pássaro voando em círculos, como se fizesse guarda do seu
território.
Decidiu explorar a casa novamente, andou até a porta, decidiu prestar
mais atenção na porta, dessa vez reparou no desenho da árvore talhada e nos
símbolos ao redor, cujo quais não conseguia ler, entrou na casa e foi direto
pro piano, sentou ali um pouco para pensar, e notou ao se esbarrar em uma das
teclas, uma fumaça vermelha, aparecer, gerando um certo incômodo, levantou e
viu seu reflexo no espelho, vasculhou um pouco os objetos à frente e seguiu
explorando a casa, olhou pela janela, o Sol estava numa posição que aparentava
ser umas sete da manhã.
Caminhou até a lareira, havia um material ao lado para acendê-la, mas
não o fez, foi até a estante e pegou um livro amarelo sobre girassóis, achou o
livro incrível, não chegou a terminar a leitura, quando foi pôr o livro
novamente na estante, caiu algumas sementes de girassóis dele, coletou as
sementes, botou no bolso, e saiu da casa com a intenção de procurar um bom
local para plantá-las.
Decidiu ir novamente até a árvore, dessa vez foi com mais cuidado, o
Carcará ainda sobrevoava o local, quando chegou perto de onde foi atacado,
decidiu pôr as sementes na mão e deixar à mostra, na esperança do Carcará ver,
foi se aproximando devagar, o pássaro desceu das alturas mais lentamente dessa
vez, pousou na sua frente.
– Será que eu posso plantar essas sementes alí? – tentou se comunicar
falando e fazendo gestos.
Akin mostrou as sementes e apontou para Grande Árvore, a enorme ave
assentiu o deixando passar. O garoto sorriu, chegou próximo a árvore e plantou
as sementes ao redor dela. Conforme ia fazendo esse trabalho, ficou pensativo
sobre como ia regar, precisava encontrar água.
Deu a volta nela e viu que ao longe
havia um grande barco, grande demais para se velejar com apenas uma pessoa, mas
muito pequeno para uma grande tripulação, foi em direção à margem e chegando lá
viu que dava para pegar água dali e regar as sementes, com muita dificuldade
foi pegando com as mãos e depois de muita insistência conseguiu terminar o
trabalho.
Depois de terminado, resolveu explorar o ambiente, quando chegou perto
do barco o Carcará veio de forma feroz em sua direção e não o deixou se
aproximar.
- Tá, já entendi!! – Falou aborrecido.
Então deu a volta e foi em
direção a árvore, ventava muito perto dela e isso ia piorando conforme se
aproximava, conseguiu chegar perto com muita dificuldade, era realmente muito
grande, não daria pra escalar com muita facilidade, suas raízes eram tão
grandes que em baixo formava uma caverna de madeira, ficou com medo de entrar,
mas sua curiosidade não iria deixar passar batido, decidiu ir devagar, conforme
tateava o local ia sentindo um calor diferente, seu corpo parecia estar
formigando, não conseguia explicar a sensação, mas não era ruim, não conseguia
enxergar direito lá dentro, quanto mais entrava, mais escuro ficava, um vento
forte sopro vindo da entrada da caverna o fazendo escorregar e cair.
Despertou novamente em seu quarto, sem entender o que aconteceu.
– Mãe, a senhora pode comprar um Kit de Jardinagem para mim? –
Perguntou assim que levantou no outro dia.
– O que deu em você? Nunca se interessou por isso, agora tá querendo
mexer em plantas? – Letícia falou aborrecida.
– Estava meditando e tive essa ideia.
– Meditando? isso não é aquelas coisas que fazem você não pensar em
nada?
– Não exatamente, existem várias formas de se meditar. – Falou rindo.
– Olha, cuidado com essas coisas viu menino, vou ver se posso comprar um
para você, agora vai arrumar as coisas, logo, logo você precisa ir pro colégio.
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