quarta-feira, 9 de abril de 2025

Capítulo 07 - Em campo de batalha

 

Capítulo 07 - Em campo de batalha

O Colégio estava barulhento como de costume, a Rafaela estava sentada na cadeira atrás dele, o Junior e o Chiclete estavam nas carteiras ao lado e a turma não parava de conversar, os três valentões mais temidos da escola entraram na sala, o Roberto o Chris e o Dante, o colégio era dividido em pequenas tribos, que eram conhecidos socialmente como tribos urbanas, mas dentro do colégio isso funcionava como uma dinâmica que garante tanto seu status, sua fama, o quanto você é amado ou o quanto você é temido pela maioria dos pessoas do colégio.

O Dante entrou na sala parecendo muito chateado com alguma coisa.

– Eu vou arrebentar aquele cara. – Falou para o Roberto e o Chris, não era muito grande, nem muito alto, mas costumava andar com os dois grandões que garantiam a ele a coragem o suficiente para manter uma postura intimidadora.

– O que foi que o Marcos fez? – O Roberto que era gordo e tinha uma barba falhada perguntou tentando entender melhor a situação.

– Ele deu em cima da Laiz. – Falou chutando e derrubando a cadeira na sua frente, fazendo todos se assustarem, e o Akin ficar irritado.

– Cara, vamos fechar ele lá na frente – O Chris falou como quem tinha acabado de bolar um plano.

– Mas você nem tava ficando com ela. – Falou o Roberto ainda tentando amenizar a situação.

– Eu fiquei com ela, mas a gente parou de ficar por um tempo. – Explicou Dante o motivo de tantos ciúmes.

– Ai você acha justo lutar 3 contra 1?  – Akin se meteu na conversa.

– E quem é você? É baba ovo do Marcos?

– Nem conheço, mas achei curiosa a covardia.

O Dante avançou para cima do Akin, O Junior e o Chiclete levantaram e o pararam no meio do caminho.

– Então você que vai ver a covardia. – Falou ameaçando o Akin e saindo da sala com os dois grandões.

– Akin, o Dante não parecia estar brincando, o que você vai fazer? – Chiclete pareceu preocupado.

Havia se esquecido que apesar de ter uma boa convivência com todas as pequenas tribos do colégio, não era popular o suficiente para o defenderem, a aula passou e ficou o tempo inteiro distraído pensando no que faria, até que lembrou de um colega que morava no bairro ao lado.

– Ei Eddy, soube o que o Dante vai fazer? – perguntou para um cara que sofria de nanismo, que encontrou no corredor do colégio.

– Não, qual foi? – falou olhando curioso para Akin.

– Ele disse que ia juntar o Roberto e o Chris e ia bater no Marcos lá fora.

– Quem é esse cara mesmo? Um que tem um alargador grande na orelha?

– Sim, ele mesmo.

– Nunca fui com a cara desse maluco.

– Disse que ia me bater também porque fui tirar satisfação.

– Oxe, Em tu? Tu não faz nada com ninguém no colégio.

– Pois é.

– Pera, deixa comigo. – Eddy saiu indo de sala em sala, conversando com vários colegas do fundão que conhecia, era um dos caras mais populares do colégio, não tinha ninguém que o não respeitasse.

Akin passou as duas últimas aulas do dia nervoso, esperando que tudo corresse bem quando fosse para casa. Estava surpreso ao notar que nunca havia se metido em encrenca, mas estava com uma confiança fora do comum, passou a reparar mais nas pessoas ao redor, e quando se sentia ameaçado era como se pudesse sentir a presença do gorila ao seu lado.


Os 3 garotos estavam do outro lado da rua, só aguardando ele sair, mas estranhamente, havia mais pessoas do que o normal fora do colégio, havia uns caras de Bike que não foram embora e estavam conversando próximo ao portão, havia mais 6 pessoas conversando rindo próximo ao poste na esquina da saída que era um pouco mais a frente do portão, e também havia um grupo de pessoas que estavam com Eddy logo atrás dele conversando.

Assim que saiu do colégio os 3 caras atravessaram a rua e foram em sua direção. Estava com o Chiclete e o Junior. Assim que os Garotos se aproximaram, Akin tentou desviar do caminho deles e ir embora sem causar confusão, mas os caras o encurralaram na parede ao lado do portão.

– Quem você chamou de covarde, mesmo? – Dante falou apontando a mão fechada para Akin deixando mostrar uma corrente enrolada nela.

            Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, eles notaram que todo mundo que estava fora do colégio estava esperando só eles se aproximarem do Akin, formou-se uma parede de pessoas ao redor deles, deixando os 3 escolhidos no centro da roda, Eddy saiu do meio da multidão.

            – Aí Dante, eu ouvi uma história engraçada dizendo que tu tinha juntado dois caras para bater no Akin. – Disse isso olhando para o Roberto e o Chris – Olha para ele, tão magrinho, tu acha que vai conseguir se defender?

– Não é da sua conta – Cuspiu Dante enfurecido notando que a situação havia mudado completamente.

            – Pode até não ser, meu amigo, mas pela sua cara de pau e covardia, eu vou me meter e é o seguinte, se você quiser bater nele sozinho, pode ir, mas se um desses teus amigos grandões aí se meter, a galera aqui não vai perdoar.

Quando o Eddy fechou a boca, uma confusão havia se formado na parte de fora da roda, um rapaz bateu o guarda-chuva na cabeça do outro, Dante se aproveitou da situação e tentou dar um murro em Akin que desviou rápido mas que pegou na cara do Chiclete, e aí já não dava para conter, começou uma pancadaria generalizada, Akin ainda conseguiu se safar, começou a correr em direção a sua casa, mas ao olhar para trás notou que o Dante estava o seguindo, tomou distância o suficiente do colégio para ter certeza que os amigos do Dante não apareceriam e parou de correr.

– Agora você vai ver. – Dante partiu para cima dele e começou a dar socos e pontapés.

Akin desviou de alguns, mas foi acertado por outros, foi ficando com raiva da situação, mas estava com medo de revidar e machucar o Dante, mas percebeu que se não se defendesse não ia acabar bem, foi então que sentiu a presença do gorila ficar cada vez mais forte dentro dele, puxou o ar com força, conseguiu prever próximo soco do Dante, desviou com maestria e acertou um soco bem dado no queixo do Dante que caiu no chão, sem conseguir levantar.

– Da próxima vez eu não vou parar! – Avisou ao Dante e saiu andando devagar para casa.

“Por um momento eu tive certeza que o gorila estava ao meu lado” pensou.

“Deve ter sido minha imaginação.”

 

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