Neste ensaio será
proposto uma possível reflexão acerca de tudo que se foi criado e pensado até
então.
No princípio era o Caos, mas como tudo tem que haver o seu contrário, a ordem na natureza era a própria vida, água que segundo Mircea Eliade representa em todas as culturas o Caos Primordial (o primeiro elemento contentor de todas as potencialidades), e por assim ser vista ela está envolvida em todos os rituais de passagem da vida infantil pra vida madura (adulta), pois entende-se que ao mergulhar no caos primordial o ser deixa no mesmo tudo que foi aprendido até então e quando sai, o mesmo "renasce" para uma nova vida, gerando o equilíbrio a partir dos contrários.
Segundo a teoria Darwinista os primeiros seres surgiram da água e uma das teorias da criação sugere que as descargas elétricas (Zeus, Thor, Tupã, Iansã) emitidas pelas tempestades de raio em constância nos oceanos (Yemanjá, Poseidon, Netuno), deram origem aos primeiros organismos vivos.
Há culturas onde a
ligação entre o céu e a terra é representada pelo raio, e geralmente o mesmo é
associado a um semideus, ou seja, metade Deus, metade Homem. O que faz possível
concluir que o filho de deus, o filho dos céus, o raio propriamente dito, foi
responsável de fato pela criação da vida, e não é difícil fazer essa associação
pois todos os seres vivos vivem e sentem através de impulsos elétricos que são
emitidos por todo o corpo gerando os cinco sentidos.
O aprendizado é
cíclico, é necessário experiências sensoriais para haver memória e memórias são
informações, essas informações quando se dorme são processadas e as que são
ligadas às sensações mais fortes são as que fixam e se tornam "memórias
base" tudo isso tendo em vista que essas sensações fortes sempre estão
ligadas à primeira lei da natureza que é a autopreservação.
Em dado momento da adaptação humana no mundo, houve a necessidade de se
comunicar e essa necessidade surgiu quando o ser humano ao identificar os
padrões de outros seres humanos e se perceber como semelhantes desse modo
começaram a desenvolver métodos cada vez mais sofisticados de comunicação,
esses métodos conforme o tempo foi passando, foi criando uma singularidade que
hoje chamamos de imaginação e a partir disso houve o Nous, conceito tirado do
Corpus Herméticum, que pode ser entendido como razão, mas também como o próprio
ato de pensar.
O problema é que o
pensar, funciona como uma malha que cobre a realidade de forma simbólica para
que a mesma se torne entendível e traduzida, o que antes não era possível pois
só havia caos, ou seja, a linguagem tornou possível a organização do mundo.
A imaginação funciona
como uma forma de sonho, mas acordado, esse sonho é guiado por uma
"bússola interna" que guia os indivíduos tanto para direções boas,
quanto para direções ruins, e boas aqui é tudo que respeita a lei da autopreservação,
essa bússola é entendida como intuição.
A bússola interna dentro
de uma perspectiva hermética é tratada como Demiurgo, esse demiurgo é um ser
intermediário entre o mundo empírico e o mundo das formas, ou seja, mundo
arquetípico, que por ter acesso ao intelecto divino (Nous Divino), algo que
seria a forma divina de pensar, apresentou o mundo através da linguagem ao
homem e o homem ao perceber o quanto era belo e poderoso se apaixonou pela
criação, ao se apaixonar o ser humano foi se distanciando da natureza e ao
invés de respeitá-la como o ente sagrado que ela é, passou a exercer seu poder
divino para subjugar o natural, e o fez por achar ter o conhecimento sobre a
verdade acerca dos conceitos primordiais, que são representadas dentro desse
sistema como os 7 arcontes, 7 arquétipos primeiros que tornaram a organização
do mundo possível, e desse modo, se entregando ao amor corrompido, que pode ser
chamado de desejo, são os impulsos carnais primitivos, sem a devida reflexão e
entendimento dos mesmos, guia as pessoas de maneira errônea pelo mundo, como uma
bússola quebrada.
Entretanto através da
harmonização dos corpos, evidenciada no texto sobre A Grande Arte (Ars Magna),
se faz possível corrigir essa bússola, tornando o indivíduo capaz de se
estabilizar, fazendo a correção de todos os bugs - erros -, fazendo os mesmos
se inclinarem a ter decisões mais conscientes, gerando assim uma maior harmonia
com o todo e suas partes, ou seja, com o Cosmos.
Desse modo, depois que
a individuação - termo junguiano que se aproxima de transmutação - acontece, o
indivíduo se torna capaz de perceber a realidade de uma maneira mais sensível e
desse modo saber quais os melhores caminhos a se seguir, para uma vida onde se
é capaz de se adquirir uma boa saúde, um bom convívio e trabalhar de uma forma
mais dedicada com o mínimo de desperdício de energia.
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