A Grande Arte, tem como
o objetivo principal, a purificação do homem do seu estado bruto (chumbo) até o
seu grau mais elevado (ouro), essa purificação se dá através do processo que
Jung chamou de Individuação.
Os princípios que eram seguidos
e aplicados nos laboratórios, eram reproduzidos e aplicados analogicamente na
pessoa, fazendo então a pessoa passar por um processo de autoconhecimento e
reflexão sobre o mundo e sobre si, fazendo o mesmo chegar à verdade sobre si e
assim buscar transbordar essa verdade para além dos seus limites individuais
expressando-a através de qualquer uma das artes para que a verdade chegue para
outros e mude a vida de outros. A manifestação da verdade se dá através da
expressão do artista em qualquer arte que o mesmo deseje se expressar.
Paracelso nos trouxe 5 formas de medicina, e praticando-as é possível chegar a
um objetivo comum com os artistas.
É o método de elevação
espiritual, mental e corporal que diz ser capaz de estabilizar o nosso ser e
conduzir o sujeito ao caminho do autoaperfeiçoamento, até que o mesmo chegue no
seu maior grau de potencialidade.
A Grande Arte, em latim
Ars Magna como costumava chamar, tem a função de alinhar os pensamentos
Naturais, Religiosos e Científicos numa forma só de pensar, e a partir disso
desenvolver técnicas para o aprimoramento da mente e do corpo, e fazer com que
esse alinhamento integre o sujeito a seu devido local na sociedade, para que
dessa forma o mesmo seja capaz de agir sempre para o bem de si e da comunidade.
O inconsciente é como uma catedral e o ego (mente consciente) é apenas uma
pessoa entrando nessa catedral. Os dois juntos formam o indivíduo, no início da
vida é formada a base dessa catedral e ao decorrer do tempo ela é erguida
através do esforço e experiências do indivíduo, no fim da vida se vê a catedral
sendo finalizada. O fim da vida é quando é colocado o último bloco, o tamanho
da catedral é determinado pela quantidade de conhecimento adquirido pelo
sujeito. Ao acessar a gnose se tem o acesso livre a essa grande catedral, onde é
possível fazer ajustes ou até mesmo começar a planeja-la por dentro.
A Spagyria – termo
paracelciano que significa em tradução livre “Separar e Reunir”, é tratada como
a manipulação da natureza através de "forças" ou "energias"
sobrenaturais.
A Arte é a linguagem e
o instrumento é a atenção, o meio, o vetor, a mensagem, o significado.
A Spagyria dentro dessa
perspectiva funciona ao perceber (terra) a manifestação do sagrado (água),
absorver e entender (ar) e através da linguagem transformar e direcionar (fogo)
isso novamente ao mundo.
Ao observar as
situações o artista silenciosamente, consegue captar as informações dadas e a
partir da palavra é capaz de trazer a luz aos discursos proferidos, trazendo
assim a ordem a conversação.
Para isso é preciso saber quando se deve ser Artista, sujeito ativo, e quando
ele deve ser o Mundo, indivíduo passivo, observador dos acontecimentos.
Na condição de Artista,
é necessário se pôr na condição de Sol – sujeito ativo -, um ordenador, dessa
maneira ele é a voz ativa e predominante no local em que estiver inserido.
Na condição de Mundo, o mesmo tem que se pôr no lugar de Lua – sujeito passivo
-, para poder absorver tudo que está se apresentando, e para fazer isso tem que
ficar em silencio e observar.
Para alimentar a
intuição da forma correta tem que se fazer a manutenção e alimentação correta
dos 4 corpos.
Terra: É o corpo
visível parte observável capaz de manter todos os elementos num eixo com todo
conteúdo que é consumido pelo indivíduo, por estar diretamente vinculado ao
mundo é através dele que se vê o espírito, principalmente nos olhos, o local do
corpo que é mais sutil, é o elemento mais grosseiro.
Água: Está
vinculada aos sentimentos, é o elemento médio entre a terra e o ar, é por isso
mais volátil que a terra e recebe informações dos dois através dos sentidos, os
produtores de emoções é o que faz o Ar comparar as experiências do presente com
as experiências das memórias mais fortes, gerando assim as emoções. É o corpo
volátil e moldável, é o elemento plástico das transmutações.
Ar: Está vinculado o corpo sutil que está no corpo físico e no
mundo ao mesmo tempo, é o envoltório que preenche o corpo e o cerca, vazo onde
o corpo físico está contido e por isso representa a mente pois é nela, com
ajuda da memória que é possível comparar o mundo que é apresentado com as
experiências mais fortes do passado, ou seja está diretamente vinculado com o
aprendizado e a razão, por isso também é um elemento volátil pois é moldável,
mas exige mais talento, virtudes, técnicas e cuidado ao modelar, e para isso
exige tempo.
Fogo: É o corpo mais sutil presente no corpo e no mundo, é o calor
que dá vida as coisas ao passo que também é o movimento que o transforma, é o
devir em eterna ação, o movimento das transformações de todos os três corpos,
quando os mesmos estão bem nutridos o fogo arde de forma equilibrada fazendo a
saúde prevalecer, quando há falta ou excesso em algum elemento, o corpo começa
a gerar doenças que fazem o fogo arder mais ou arder menos, o ardor é a vida,
também é possível dizer que o fogo é o Vigor, a Energia que impomos e
direcionamos ao que fazemos.
A intensidade do fogo é o resultado de tudo que é consumido, quando há uma boa
nutrição, o mesmo se transforma e vivifica o indivíduo, quando há uma má
nutrição, a chama queima de forma desregulada adoece o corpo.
É
através desses conceitos que se torna possível harmonizar os corpos por meio de
ações, pensamentos e exercícios que nos equilibram, são eles:
· Terra (corpo empírico):
Meditação sobre
aspectos da Identidade.
Alongamentos ao acordar, antes de praticar algum exercício e antes de dormir.
Exercícios Físicos Flexões, Abdominais, Polichinelo, Caminhadas, Dança e Arte
Marcial, Alimentação Saudável e Respiração Correta.
Realizar todo ato importante como ato sagrado, manifestando emoções vinculadas
a prática a ser realizada.
Músicas dançantes (Hip-hop, Jazz, Rock, psicodélico, ritmos alegres).
· Água (Pensamento inconsciente)
Prestar atenção nas
boas emoções, lembrar dos objetivos e Propósitos, Reler o que foi produzido até
aqui, escolher a hora certa de fazer cada coisa.
Emoções e estímulos sensoriais.
Meditação sobre os sentimentos mais intensos.
Praticar comunicação não violenta, ter clareza de expressão, não falar o tempo
todo sobre o que se sente, demonstrar os sentimentos e afetos as pessoas mais
próximas, ser gentil e educado, ensinar.
Fazer um diário e lembrar de alimenta-lo corretamente.
Lembrar de tudo que você aprendeu e de todas as pessoas que te ensinaram coisas
boas, principalmente quem te ensinou a criar, seja música, seja artesanato,
seja pintura, seja o que for.
Músicas que despertam sentimentos e emoções intensas, carregadas de amor,
amizade e afeto.
Meditação sobre as
mudanças ocorridas e meditação de foco.
músicas instrumentais como Lo-fi, psicodélica e clássica.
Programar o dia, meditar antes de dormir, deixar os pensamentos fluírem, não
focar nos problemas pensar nos mesmos apenas quando for pra resolve-los ou
entende-los.
Não pensar por muito tempo sobre o passado nem sobre o futuro, prestar atenção
no que se faz, ter cuidado ao que se consome virtualmente, estudar e ensinar, entender
o Kairós - que é outra forma de entender o tempo -, e aprender analisar e
sintetizar as coisas.
· Fogo Espírito
(Movimento, o que se está fazendo com frequência.)
Homenagear mestres e
professores.
Cultuar uma ou mais divindades.
Músicas Ritualísticas.
Se manter em movimento por todo o tempo em que estiver em horário produtivo,
seja trabalhado, seja praticando algum hobby, até o ócio criativo a pausa para descansar
a mente depois de uma tarefa longa é uma forma de movimento.
A criação em si, de qualquer coisa, seja produção artística, literária é um
movimento que sempre acaba dando um reforço positivo que mantém sempre a chama
acesa.
· Corporificação do
Espirito: Ouvir as músicas usadas pra estudo quando for criar algo ou executar
algo com muita atenção.
Espiritualização do
Corpo: Praticar arte-marcial, danças, Parkour e Capoeira. Dançar sozinho sempre
que sentir vontade.
Referências Bibliográficas
Paracelso. A Chave da
Alquimia. Editora Três. 1989.
Johnson, Robert A. A
Chave do Reino Interior. Mercuryo. 1989. 1º edição.
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