
Capítulo
50 – Uma Travessia Reveladora
- Você precisa se concentrar mais ao golpear, você não precisa por força
nas mãos, segure firme a espada, mas foque na respiração e deixe a mão leve,
para você sentir para onde ela está indo, mas com firmeza o suficiente para ela
não sair da sua mão, assim! – Erick falou mostrando como fazer um golpe com uma
precisão melhor.
- Certo!
Magno e Onirê treinavam com bastante intensidade, de fora do dojo dava
para ouvir as Shinai batendo uma na outra de tamanha intensidade.
- Vocês melhoraram bastante, mas ainda tem muito a aprender.
- O senhor pode me dar algumas dicas de como meditar melhor?
Erick olhou para o Onirê, surpreso.
- O senhor sabe, eu vi que estava fazendo na primeira vez que estive
aqui.
- Certo, eu sei, mas vocês teriam que passar a noite aqui para uma
experiencia completa.
- Não seria problema, só preciso avisar minha mãe
- Também vou ficar – Magno interrompeu. – Preciso melhorar muito, fazer
isso apenas desenhando me atrapalha um pouco.
- Certo.
Depois de avisarem seus responsáveis eles seguiram as orientações do
Erick.
- Seguinte, vocês podem fazer a meditação, em pé, sentado ou deitado, mas
cada uma serve para uma função diferente, nesse caso, para uma experiência
melhor, mais demorada é melhor deitar.
- Certo.
Os dois deitaram cada um em seu saco de dormir.
O Erick se levantou, deixou o dojo em meia luz, acendeu o incenso quase
sem cheiro.
- Respirem devagar pelo nariz, levem o ar até a barriga depois encham os
pulmões e deixe o ar sair devagar pela boca.
- Estou com um pouco de dificuldade – Respondeu o Magno
- Tenta fazer devagar, Magno.
- Se concentrem mais e falem menos.
Onirê depois de um tempo concentrado começou a cair no sono, até que
começou a ter uma sensação de estar flutuando e passou a ver o seu corpo, e o
magno deitado e o Erick, sentado, também meditando, ao redor do magno havia uma
aura verde emanando do seu corpo, e algumas formas geométricas se formando ao
redor da cabeça dele, foi sentindo o seu corpo subir até estar passeando pelo
universo novamente.
Tentou encontrar o continente de Tekohá mas foi levado até a ilha do Zen,
a Thainá o esperava em frente a porta da casa.
- Temos que viajar, você está atrasado.
- Viajar?
- Sim, tenho que te mostrar a cidade, os anciões te aguardam.
- E como vamos para lá?
- De barco.
- Barco?
- Sim, vamos. – Thainá pegou a bolsa que estava já pronta para partir e
foi o guiando para a árvore dos ventos.
Falcon Sobrevoava a Região quando desceu já assumindo a forma humana de
imediato.
- Onde pensam que vão?
- Tenho ordem direta dos Anciãos para levar o Onirê para a Cidade
- Então ele foi aceito. – Falcon o olhou de cima a baixo.
- Acredite, ele não é o que parece. – Thainá deu de ombros e passou por
ele irritada. – Vamos.
- Demora muito para chegar até lá? – Onirê perguntou conforme se
aproximavam do barco.
- Com uma tripulação maior seria mais rápido, e também depende do vento,
mas costuma levar em torno de 3 a 6 horas.
- É tão longe assim?
- Acredite, é perto até demais, mas a ilha fica escondida, há uma névoa
que cobre ela inteira, não dá para ver de fora, ninguém além do Zen teve
coragem de vir aqui.
- E como a Ars Magna descobriu?
- O Zen fez uma chave para ter acesso imediato, mas os Anciões deixaram o
Falcon como guardião das únicas entradas da ilha, ou seja, nada entra ou sai da
ilha sem que ele veja, só você.
- Entendi, então agora partimos?
- Você vai me ajudar com o barco, fica de olho nas velas, e faz o que eu
mando.
- Como você aprendeu a velejar?
- Eu tive que aprender um pouco de cada Linhagem para poder acompanhar o
Zen.
- Linhagem?
- Sim, vamos pôr o barco em movimento que lhe explico melhor no caminho.
Eles colocaram as velas do barco posicionadas, guardaram os mantimentos
que a Thainá preparou para a viagem, puxaram o barco para o mar, e empurraram o
barco até que o vento pudesse pôr o barco em movimento.
- Agora vamos para a Cidade de Cristal.
- Cidade de Cristal? Porque tem esse nome?
- Quando chegar lá, você vai entender, você precisa saber primeiro como
ela funciona.
- É sobre os anciões que você falou?
- Mais ou menos, a cidade não é governada por reis, ela é dividida em
linhagens.
- Linhagens?
- Sim, cada família é responsável por uma função dentro da sociedade.
- E como isso funciona – Onirê estava muito curioso, porque nunca tinha
visto em uma organização feita dessa forma.
- Existem 10
linhagens e quando o membro da família chega aos 16 anos, ele é indicado a
escolher se vai participar ativamente ou passivamente do Clã, quando ativamente
ele vai para o castelo para ser treinado, quando passivamente ele fica na
cidade ajudando os moradores, velhos e crianças nas atividades cotidianas.
- E o que fazem
cada linhagem?
- Elas são
divididas em:
Linhagem de Navegantes
Linhagem de
Pescadores
Linhagem de
Caçadores
Linhagem de
Guerreiros
Linhagem de
Sacerdotes
Linhagem de
Pesquisadores
Linhagem de
Médicos
Linhagem de
Cozinheiros
Linhagem de
Exploradores
- Isso
significa que quando você nasce em uma família você não pode praticar outra
coisa, além daquela que você nasceu?
- Não, você
pode mudar, mas para isso você tem que escolher participar ativamente do Clã e
enviar uma solicitação para alterar o seu ofício. – Segura firme.
Uma onda passou
e balançou o barco de forma abrupta.
- Então se você
escolher participar de forma passiva?
- Aí sua
família vai te ensinar o ofício da sua casa, e você aprende a fazer com
excelência para ajudar a cidade.
- Entendi, mas
qual a diferença de você participar de forma ativa, só mudar de ofício?
- Não, dentro
do clã, os ofícios são compartilhados, e você pode se especializar mais ainda
tendo acesso a magia, e também ganha um treinamento especial da linhagem de
Exploradores para você poder explorar o continente sem maiores problemas.
- Sim, mas quem
decide as coisas?
- Aí que entra
os Anciões, cada Família escolhe um dos seus Líderes mais velhos que fazem
parte do Clã para poder representar a Casa.
- Sim, mas o
que os anciões falam vale para toda a família?
- Não, cada
ancião é responsável por representar sua família, mas todo mundo conversa entre
si, a escolha dos anciões é só por não poder ir todo mundo para o Castelo onde
fica a sede do Clã.
- E porque não
podem?
- Porque é lá
que ficam as tecnologias mais avançadas e também mais perigosas, não dá pra
deixar todo mundo ter acesso para evitar acidentes.
- Entendi,
então é uma sociedade bem organizada.
- Tem lá seus
problemas, mas sempre que surge organizamos uma reunião e tentamos resolver da
melhor forma.
- E você faz
parte da linhagem dos Guerreiros?
- Sim, mas como
eu falei, escolhi seguir o Zen e para isso tive que aprender todos os ofícios.
– Thainá deu uma pausa, veja só, estamos chegando.
- Uau!
Onirê conseguia
ver ao longe algo parecido com um grande campo de força protegendo toda a
cidade da neve que caía em toda a região.
- O que é
aquilo?
- É uma
barreira criada para proteger o ecossistema do Frio extremo.
- É lindo. –
Respondeu admirado
- Sim, é
alimentada por cristais, depois te mostro.