quinta-feira, 20 de novembro de 2025
Afro Samurai e os Traumas do Homem Negro
Afro Samurai é um anime que conta a história de 7 Samurais, os melhores samurais do mundo, cada um usa uma bandana de identificação correspondente a sua colocação entre os melhores, de Um ao Sete. Houve um dia que Samurai número Um era o pai de Afro (protagonista da série), quando perdeu o posto para um pistoleiro que tomou a bandana do pai dele e de todos os outros Sete Samurais, deixando apenas a bandana de número Dois para o Afro que perdeu logo após ter herdado, o que o deixou o trabalho quase impossível e hercúleo de ter de recuperá-la para poder vingar a morte do seu pai.
Em dado momento, quando mais velho, mais preparado e muito mais forte do que quando criança, ele decidiu ir em busca do duelo para que tanto se preparou em toda sua longa jornada, mas o que mais chama a atenção no anime não é toda a trama, mas sim um personagem que não é identificável, um rapaz também Afro só que com cabelo branco, que não para de fazer piadas durante todo caminho que ele percorre. Ele é o verdadeiro enigma do anime, enquanto o Afro é um personagem carrancudo, sério, viril, focado em seu objetivo e que não mede esforços para alcançar seus objetivos, esta outra persona é completamente brincalhão, despreocupado e que vive fazendo piada e fazendo sátiras sobre tudo que acontece e que merece uma nota.
Chegando perto do fim do pequeno anime que tem 5 episódios, descobrimos que esta outra persona de cabelos brancos é nada mais do que um amigo imaginário, um fragmento de sua personalidade, que por não haver espaço em sua bagagem e carga emocional, ganhou vida, se materializando e tendo conversas contínuas com seu lado físico. A pressão e trauma que o Afro passou quando criança foi tão absurda que o fragmentou, e o momento em que essa divisão deixou de acontecer foi quando ele teve que enfrentar o seu rival, cara a cara.
É muito comum na sociedade machista da forma que foi organizada se pensar que os homens tem vantagens, porque o sistema Patriarcal foi organizado para que os homens tivessem vantagem sobre as mulheres, mas é um sistema que antes de ser Patriarcal é também um sistema Racista, e dito isso, há uma séria dicotomia que precisa ser atenuada pois ela é chave para o entendimento desta incrível obra.
Por o sistema ser Racista, há uma pressão em cima do homem negro porquê além dele ter que lidar com todos os conflitos internos e externos dele ser negro dentro de uma sociedade que é estruturada deste modo, há também um conflito sutil que quase não é notado por quem assiste de fora que é a sua masculinidade que é posta à prova pelos homens e mulheres brancas, e também a sua postura frente a sua comunidade negra. Muitas vezes o homem negro tem que mascarar seus sentimentos e mudar sua forma de agir conforme o ambiente que ele se encontra, além de ter que defender seu pensamentos e ideias dentro da comunidade negra com todas as suas complexidades, e que muitas vezes a mulher negra tende em alguns contextos a exigir dele determinadas posturas e comportamentos que fazem que o mesmo seja pressionado de todos os lados, e para onde vai o seu verdadeiro "Eu"?
Toda essa pressão, quando unida a toda a bagagem emocional carregada de seus primeiros anos de vida, que é quando se constrói boa parte das crenças individuais acabam por vezes Fragmentando o indivíduo, surgindo "Personalidades" diferentes, para cada situação, daí surge o "Afro-Negativo" a contraparte do Afro, que tende a minimizar os danos de sua existência em um ambiente hostil, que não permitiu que o lado doce e brincalhão aflorasse naturalmente.
terça-feira, 18 de novembro de 2025
Avatar: A lenda de Korra e o amadurecimento.
Korra é uma Avatar, a primeira que teve que lidar com um problema que nenhum outro Avatar lidou. O surgimento de uma cidade República tornou o mundo de certo modo muito mais estável, por conta de um clã oculto chamado Lotus Branca, que era responsável por organizar a sociedade junto com os líderes de governo além de também ajudarem a encontrar e treinar o próximo Avatar.
A Cidade República foi uma nação que tinha como em seu fundamento todas as tribos unidas como um só povo, e como foi algo inédito, os problemas que ela enfrentou também foram inéditos, como inicialmente lidou com um líder revolucionário que tinha como objetivo retirar a dobra dos demais dobradores, e foi dessa maneira que ela aprendeu sobre Política e teve um entendimento melhor sobre a sociedade, entendendo que os poderes que os dobradores têm, vem com a responsabilidade de serem úteis para toda a comunidade, e que não é sábio abusar de tais poderes.
Em dado momento ela foi incentivada a ter um treinamento espiritual com um membro de sua família e o mesmo tentou usa-la para tentar instaurar uma Teocracia em sua cidade natal, porém o que ele conseguiu apenas foi abrir um portal com a ajuda dela e ligar o mundo espiritual com o mundo físico, fazendo com que ela desse um "Reset" em sua linhagem espiritual de Avatar, e com isso ela aprendeu sobre ser mais comedida em relação às pessoas em que ela confiava.
Após o incidente que fez com que o mundo espiritual ficasse mais disponível, ela teve que enfrentar o seu inimigo mais poderoso cujos objetivos em primeira instância pareciam nobres, se não fossem os métodos que o mesmo utilizou para tentar aplicar, que seria um mundo sem governantes tiranos, porém a radicalização das ideias do Zaheer fez com que ela tivesse um trauma que atrapalhou o seu desenvolvimento tanto físico, como espiritual e psicológico.
Por fim ela teve que enfrentar uma Tirana que chegou até o poder por conta dos ideais radicais de liberdade que o Zaheer tentou impor a toda a sociedade, mas através do medo, a Kuvira, uma ditadora que tinha por objetivo unificar todos os povos, mas seus métodos tiranos e com fins egóicos. Mas para enfrentar tal oponente, talvez a mais poderosa no quesito bélico, ela teve que voltar para aprender com o Zaheer, porque a dureza da Tirania só poderia ser estabilizada com a Leveza da liberdade.
Com isso ela conseguiu em sua grande jornada um entendimento muito elevado sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre a sociedade, mas principalmente sobre ela própria.
Full Metal Alchemist e o preço da evolução espiritual
Full Metal Alchemist começa com a história de dois irmãos que não tiveram um pai presente, e que desde muito novos tiveram acessos a livros filosóficos extremamente profundos que davam aos mesmos um conhecimento extraordinário sobre alquimia, que segundo o anime, seria a técnica de transformar alguns objetos em outros objetos, através do que eles chamam de troca equivalente. Em dado momento os dois tiveram que lidar com o fato do falecimento da mãe deles, devido a uma doença e decidem então, já que não tinham o pai presente, fazer um tipo de alquimia que era proibida pelos "Alquimistas do Estado" que nada mais era que um órgão regulador que administrava todas as pessoas que tinham esse talento (Talento esse que não era inato, e sim um conhecimento adquirido, passado de Mestre para aluno.), mas ao realizar essa técnica, os dois acabam tendo uma Epifania, e chegam a um estado de Gnose que os levam a uma transcendência espiritual, mas é quando isso acontece que eles lidam com o maior dilema que poderiam ter.
Por não ter uma supervisão de um Mestre, e também por não ter o conhecimento nescessário que tal técnica exige, os dois acabam atravessando um portal e conhecendo um ser que o entendimento Gnóstico se chama Demiurgo, e tal ser diz que para realizar este tipo específico de técnica, é nescessário pagar um preço, mas que preço é esse?
A obra realiza de várias metáforas para explicar como é custoso e penoso ter o entendimento aprofundado destes assuntos, por alguns chamados de Religião de Mistério, outros de Gnosticismo, alguns outros de Filosofia Oculta, e por alguns de Ocultismo. O Ocidente tem um entendimento muito pouco claro sobre como funciona a Alquimia e também sobre o que isso implica, quais são as consequências de começar a estudar o assunto e onde isso leva, mas o Oriente tem diversas maneiras de explicar como tal técnica funciona, visto que as visões de mundo entre ambas são muito diferentes.
Enquanto o Ocidente tem uma visão materialista e visa o lucro para se obter posse e concentra seus valores na concentração e acúmulos de bens materiais para se obter maior poder aquisitivo, o Oriente foca a sua visão em uma percepção de mundo mais naturalista, onde a energia do indivíduo e da natureza são uma só, visão essa que é compartilhada também em África, que também é Oriente em sua cosmologia.
Tais foram os conhecimentos que o protagonista acaba percebendo em toda sua jornada para recuperar o que foi retirado dele, mas o que ele percebe ao realizar tal entendimento é que a alquimia acaba sendo apenas um atalho para um maior desenvolvimento e aperfeiçoamento de si próprio, e que o erro deles não foi terem trilhado este caminho, mas sim ter feito tal coisa sem a presença de um Mestre.
Naruto: Indra e Ashura, A história da Humanidade.
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Sword Art Online e a Realidade Virtual
Sword Art Online é um anime que trás um aspecto muito comum nos dias atuais que é uma presença constante em um mundo altamente conectado e tecnológico. O anime se passa em um ambiente onde as pessoas estão conectadas em um jogo de MMORPG e que não conseguem se desconectar por um período relativamente logo de tempo, em dado momento, alguns personagem passam a se perguntar o que é de fato a realidade, e se realmente seria vantajoso sair daquele ambiente.
Em um mundo onde por vezes, a realidade e o virtual se confundem, pensar em uma perspectiva ontológica se faz altamente nescessário à todos aqueles que tem a necessidade e curiosidade de entender o funcionamento da natureza e da sociedade. As inteligências artificiais que criam vídeos, textos, áudios a partir de dados que são usurpados sem a autorização dos donos dos dados estão fazendo algo semelhante com que o criador do Jogo do enredo do anime, que seria se apropriar de ideias que não são delas, para gerar capital para terceiros, além de fazer isso de forma desonesta, afeta toda a sociedade quando ela se apropria de narrativas que algumas vezes não ajudam num contexto social, por exemplo quando as mesmas são usadas para fins políticos.
Em dado momento o Kirito (Protagonista da história) passa a viver com uma companheira de jogo, e os dois criam laços muito fortes no ambiente virtual, mas o principal questionamento que este relacionamento levanta é: Tais laços são reais? Se não, porquê? Se sim, como essa dinâmica funcionaria quando se tornar algo empírico?
São perguntas que são bastante atuais nos dias de hoje quando se percebe que grande parte dos laços que são criados hoje se iniciam em um ambiente virtual para depois se tornar algo físico, não apenas nos aplicativos de relacionamento, mas também nas redes sociais comuns, e há casos também de casais que foram formado dentro de ambiente de jogos online, dito isso, quais os impactos emocionais que tais dinâmicas de relacionamento causam nas pessoas, e quais os riscos de se manter tais relacionamentos apenas no ambiente virtual?














