Eis que surge num cordão encantado
A fresta entreaberta da emanação divina
O espírito se liberta e se faz independente
Desfaz das amarras e some na neblina
O oriundo choque do real e imaginário
Desilude toda a organização do cosmos
E aquilo que faz de um ser lendário
Ascende e inflama aos céus, inócuo
Inabalável, manifesto em tudo, esquiva
Seguindo o caminhar das estações
Consciente de ter o universo nas mãos
Já migrou para o futuro ao passar da esquina
Ser pensante, impulso eterno e onipotente
Faz nascer de si todas as coisas presentes
Tem em si toda a imaginação, contente
Baila e brinda a vida, ri de toda falsidade
Baile de máscaras de máscaras transparentes
Vê através de todas as coisas
Sente em si a vida pulsante
E bebe da eternidade, solta
E quando todos fizeram silêncio
Dançou num ritmo alegre
A desdenhar do mundo que o ignorou
O sabor de uma vida leve
As preocupações viraram poeira
A esperança uma mera lembrança
O futuro repousa numa nota
E no amor que bate na porta
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