quarta-feira, 9 de julho de 2025

Capítulo 46 - A DW

 

Capítulo 46 - A DW

 

A Sain’t Phillipus não era um colégio comum, ao chegar no ensino médio, os alunos tinham cursos em áreas que desejavam começar a estudar já pensando na universidade, então além das aulas tradicionais, cada aluno tinha aula extras destinadas para suas respectivas áreas de atuação.

– Tem uma mensagem para você – Magno falou entregando um envelope para o Akin.

– Porque eles não são pessoas comuns que usam o celular? – Falou abrindo o envelope.

– Você sabe o porquê. – Magno falou rabiscando o caderno de desenho.

– Sugiro começar a ir às aulas de informática. – Akin leu em voz alta a mensagem do Sr.F.

– Acredito que vai ser bem difícil.

– Nem tanto – A Bruna falou com o Notebook aberto escrevendo alguma coisa muito rápido e com fones de ouvidos.

Estavam no pátio conversando enquanto o Okedirá tentava fazer alguns movimentos de Skate.

– O que você está fazendo aí? – Akin se aproximou para ver a tela do notebook. – Eram várias letras coloridas numa tela preta.

– Estudando umas linhas de códigos.

– Bem legal. – Pode me mostrar como funciona? – aquelas letras, da forma com que estavam organizadas o fez lembrar de um local desagradável, por um momento as formas das letras se embaralharam e formaram um rosto, depois voltaram a ser apenas letras. – Você viu isso?


– Isso o quê? – perguntou Bruna, se assustando.

– Nada, esquece. – Percebeu que ela não iria entender e olhou para o Magno que o encarava preocupado.

Eles começaram a conversar sobre como funcionavam os códigos fontes, a Bruna explicou a diferença básica entre softwares e hardwares, e o básico que ele precisava saber para entender o funcionamento dos computadores.

– No curso você vai ver isso de forma aprofundada, mas acho que já dá para você ter uma noção melhor.

– Porque você tem estado tão concentrada nesses dias?

– Estou estudando para uma prova.

– Não parece ser apenas isso, você costuma ser mais agitada, mas atualmente anda um pouco calada. – Akin posicionou as peças do xadrez para começar a praticar e o Okedirá sentou.

– Vamos nessa, quero praticar também.

– A internet tem andado estranha ultimamente. – Falou em um tom obscuro.

– Como assim? – Okedirá falou movendo a primeira peça.

– O que vocês sabem sobre internet?

– Que tem muita informação e quando você pesquisa, aparece o que você procurou. – Okedirá respondeu novamente, enquanto Akin movia em resposta e ouvia a conversa atentamente.

– Isso é o que você e a maioria das pessoas sabem. – A Bruna falou, observando o tabuleiro e tirando os fones de ouvidos. – Mas e se eu dissesse para vocês que os sites de buscas são apenas ilhas e que os sites que vemos são fragmentos, apenas partículas pequenas de um universo quase infinito de informações?

– O que quer dizer com isso? – Akin perguntou interessado.

– Ei, Magno me empresta a prancheta?

– Para que? – Magno perguntou entregando a prancheta a ela, quando ela pegou, para sua surpresa já havia exatamente o que ela tinha imaginado, um mar mostrando a ponta de um iceberg em cima, e a parte de baixo dele, quase 20x maior do que a ponta. - Mas como você sabia?

– Sabia o que? – blefou magno, disfarçando.

– Enfim não importa – Ela mostrou o desenho aos meninos, interrompendo a partida por um momento – Akin, o que vemos na web é apenas a pontinha do Iceberg aqui, toda essa parte visível é a parte que dá pra se observar se você for uma pessoa muito estudiosa no assunto e procurar saber muito sobre isso, é chamado de Surface.

– E essa parte toda aí embaixo? Okedirá perguntou muito curioso.

– Aí que está, essa parte é a DeepWeb, uma parte que não dá para acessar através de aplicativos comerciais, ela é dividida em níveis, e quanto mais difícil for para descobrir um site, mais profundo você está nela.

– Isso quer dizer que, quanto mais você procura, mais há para se descobrir? – Akin falou lembrando de uma informação que escutou no labirinto.

– Sim, é isso, mas geralmente não é muito usual as pessoas usarem a internet além da surface, geralmente é usado por pessoas que não querem ser rastreadas. – Ela respondeu, devolvendo o desenho para o Magno e voltando para o computador.

– E como você sabe disso? – Magno perguntou pegando a prancheta.

– Gosto de entender como as coisas funcionam. – Respondeu com um risinho de canto. – Mas ultimamente os fóruns que eu acompanho tem andado muito movimentado por conta de um grupo que tem recrutado programadores oferecendo muita grana.

– Grupo? – Akin perguntou curioso.

– Sim – A Bruna mostrou a imagem de uma mariposa na tela do computador.

– Ei, pode me falar mais sobre isso?

– Não agora.

O Alarme tocou e eles voltaram para sala.

“A Bruna sabe sobre os Mariposas” – pensou preocupado.

Depois das aulas, foi para o seu primeiro dia do curso de informática e sentou próximo da Bruna para poderem conversar.

– O que sabe sobre esse grupo?

– Eles são um grupo pouco conhecido na surface, mas atuam de forma bem ativa na DW, trabalham com desenvolvimento de tecnologia avançada e vendem essas tecnologias para o governo.

– Para o governo?

– Shiu, fala baixo, sim…

– E o que você é mesmo para saber dessas coisas?

– Já que agora você vai passar a estudar isso mais a fundo, você precisa saber que é comum as pessoas usarem outros nomes para não ficarem tão vulneráveis, lá você pode me chamar de Ariadne.

– Interessante, pode me mostrar como funciona?

Passaram o resto do curso estudando, a Bruna dando dicas e mostrando como ele poderia se proteger e acessar outros locais da internet de forma segura.

 

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