Capítulo
46 - A DW
A Sain’t Phillipus não era um colégio comum, ao chegar no ensino médio, os alunos tinham cursos em áreas que desejavam começar a estudar já pensando na universidade, então além das aulas tradicionais, cada aluno tinha aula extras destinadas para suas respectivas áreas de atuação.
– Tem uma mensagem para você – Magno falou entregando um
envelope para o Akin.
– Porque eles não são pessoas comuns que usam o celular? –
Falou abrindo o envelope.
– Você sabe o porquê. – Magno falou rabiscando o caderno de
desenho.
– Sugiro começar a ir às aulas de informática. – Akin leu
em voz alta a mensagem do Sr.F.
– Acredito que vai ser bem difícil.
– Nem tanto – A Bruna falou com o Notebook aberto
escrevendo alguma coisa muito rápido e com fones de ouvidos.
Estavam no pátio conversando enquanto o Okedirá tentava
fazer alguns movimentos de Skate.
– O que você está fazendo aí? – Akin se aproximou para ver
a tela do notebook. – Eram várias letras coloridas numa tela preta.
– Estudando umas linhas de códigos.
– Bem legal. – Pode me mostrar como funciona? – aquelas
letras, da forma com que estavam organizadas o fez lembrar de um local
desagradável, por um momento as formas das letras se embaralharam e formaram um
rosto, depois voltaram a ser apenas letras. – Você viu isso?
– Isso o quê? – perguntou Bruna, se assustando.
– Nada, esquece. – Percebeu que ela não iria entender e
olhou para o Magno que o encarava preocupado.
Eles começaram a conversar sobre como funcionavam os
códigos fontes, a Bruna explicou a diferença básica entre softwares e
hardwares, e o básico que ele precisava saber para entender o funcionamento dos
computadores.
– No curso você vai ver isso de forma aprofundada, mas acho
que já dá para você ter uma noção melhor.
– Porque você tem estado tão concentrada nesses dias?
– Estou estudando para uma prova.
– Não parece ser apenas isso, você costuma ser mais
agitada, mas atualmente anda um pouco calada. – Akin posicionou as peças do
xadrez para começar a praticar e o Okedirá sentou.
– Vamos nessa, quero praticar também.
– A internet tem andado estranha ultimamente. – Falou em um
tom obscuro.
– Como assim? – Okedirá falou movendo a primeira peça.
– O que vocês sabem sobre internet?
– Que tem muita informação e quando você pesquisa, aparece
o que você procurou. – Okedirá respondeu novamente, enquanto Akin movia em
resposta e ouvia a conversa atentamente.
– Isso é o que você e a maioria das pessoas sabem. – A
Bruna falou, observando o tabuleiro e tirando os fones de ouvidos. – Mas e se
eu dissesse para vocês que os sites de buscas são apenas ilhas e que os sites
que vemos são fragmentos, apenas partículas pequenas de um universo quase
infinito de informações?
– O que quer dizer com isso? – Akin perguntou interessado.
– Ei, Magno me empresta a prancheta?
– Para que? – Magno perguntou entregando a prancheta a ela,
quando ela pegou, para sua surpresa já havia exatamente o que ela tinha
imaginado, um mar mostrando a ponta de um iceberg em cima, e a parte de baixo
dele, quase 20x maior do que a ponta. - Mas como você sabia?
– Sabia o que? – blefou magno, disfarçando.
– Enfim não importa – Ela mostrou o desenho aos meninos,
interrompendo a partida por um momento – Akin, o que vemos na web é apenas a
pontinha do Iceberg aqui, toda essa parte visível é a parte que dá pra se
observar se você for uma pessoa muito estudiosa no assunto e procurar saber
muito sobre isso, é chamado de Surface.
– E essa parte toda aí embaixo? Okedirá perguntou muito
curioso.
– Aí que está, essa parte é a DeepWeb, uma parte que não dá
para acessar através de aplicativos comerciais, ela é dividida em níveis, e
quanto mais difícil for para descobrir um site, mais profundo você está nela.
– Isso quer dizer que, quanto mais você procura, mais há
para se descobrir? – Akin falou lembrando de uma informação que escutou no
labirinto.
– Sim, é isso, mas geralmente não é muito usual as pessoas
usarem a internet além da surface, geralmente é usado por pessoas que não
querem ser rastreadas. – Ela respondeu, devolvendo o desenho para o Magno e
voltando para o computador.
– E como você sabe disso? – Magno perguntou pegando a
prancheta.
– Gosto de entender como as coisas funcionam. – Respondeu
com um risinho de canto. – Mas ultimamente os fóruns que eu acompanho tem
andado muito movimentado por conta de um grupo que tem recrutado programadores
oferecendo muita grana.
– Grupo? – Akin perguntou curioso.
– Sim – A Bruna mostrou a imagem de uma mariposa na tela do
computador.
– Ei, pode me falar mais sobre isso?
– Não agora.
O Alarme tocou e eles voltaram para sala.
“A Bruna sabe sobre os Mariposas” – pensou preocupado.
Depois das aulas, foi para o seu primeiro dia do curso de
informática e sentou próximo da Bruna para poderem conversar.
– O que sabe sobre esse grupo?
– Eles são um grupo pouco conhecido na surface, mas atuam
de forma bem ativa na DW, trabalham com desenvolvimento de tecnologia avançada
e vendem essas tecnologias para o governo.
– Para o governo?
– Shiu, fala baixo, sim…
– E o que você é mesmo para saber dessas coisas?
– Já que agora você vai passar a estudar isso mais a fundo,
você precisa saber que é comum as pessoas usarem outros nomes para não ficarem
tão vulneráveis, lá você pode me chamar de Ariadne.
– Interessante, pode me mostrar como funciona?
Passaram o resto do curso estudando, a Bruna dando dicas e
mostrando como ele poderia se proteger e acessar outros locais da internet de
forma segura.
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