Capítulo 43 - Emaranhando os
inimigos
A Rotina estava muito
puxada para o Sr.F, estava entrando em contato com os acionistas da Sain’t
Phillipus para convocar uma reunião, na tentativa de retirar o Ricardo da
direção do colégio.
– O que aconteceu para essa mudança repentina? Já havia notado as rusgas, mas sempre elogiou os pensamentos estratégicos para as finanças dele. – Perguntou o Dr. André.
– Ele violou uma das regras
da constituição, Pai, e está usando minha secretária para me sabotar. – Sr. F,
respondeu calmamente enquanto lia alguns documentos.
– Deixamos passar alguém
com tal desvio de caráter? Já demitiu ela?
– Ainda não, estou pensando
em usar a informação a meu favor.
– Então, você quer que eu
dê uma ajudinha para pressionar os demais sócios?
– É a ideia.
– E o que pretende fazer
com o Ricardo depois disso, sabe que ele vai revidar, não é?
– Imagino que sim, mas vou
conversar com algumas pessoas. – Sr. F, terminou a frase dando ênfase.
– Já falei com você para
evitar esse tipo de contato. – Dr. André falou em tom de reprovação. – Você
poderia muito bem o processar por espionagem industrial.
– Infelizmente pai, esse
processo duraria anos, não surtiria efeito, e não duvidaria se eu perdesse, ele
tem tanta influência quanto nós.
– E sua amiga
desembargadora?
– Essa é uma carta que
ainda não pretendo usar, ela é muito ocupada e eu acredito que posso resolver
esse problema com menos recursos. – Falou vestindo uma camisa manga longa por
cima da regata e pegando as chaves do carro. – Quebra esse galho para mim, e
por favor, não envolva minha mãe nisso, ela já tem muitos problemas.
– Não se preocupe com isso,
não pretendia a deixar preocupada com isso, boa sorte.
– Obrigado, qualquer coisa
me liga. – Sr. F. saiu do escritório em direção a garagem.
Dirigiu até a Casa de Chá
da família do Magno, era horário de aula então sabia que ele não estaria lá, o
ambiente estava lotado, muito barulho, se dirigiu até o balcão e sentou em um
dos brancos que havia próximo do mesmo.
– Um café por favor. –
Solicitou ao balconista.
– O de sempre, Sr.? –
perguntou e foi respondido com um sinal afirmativo, ele foi até a parte de trás
do caixa, pegou um envelope e entregou ao Sr. F. junto com um café. – Aqui
está, Sr.
– E como vai a Família, Jó?
– Sr.F. Respondeu com um ar de satisfação ao pegar o envelope e guardar embaixo
do braço, escondido pela camisa de manga longa.
– Vai muito bem. Sr. – E
seu pai, vai bem?
– Vai bem sim, Jó, eu
estava pensando em ir em uma festa, tem muito tempo que não vou. – Olhou para o
balconista com um olhar sério.
– Tem certeza Sr.? – Jó,
perguntou parecendo muito preocupado.
– Com toda certeza, sabe o
endereço e a data da festa mais recente?
O Balconista pegou um
guardanapo, tirou a caneta que usava para anotar os pedidos do bolso, rabiscou
alguma coisa e o entregou.
– Aqui, tome cuidado Sr. –
Entregou o guardanapo dobrado ao Sr. F.
– Muito obrigado, Jó. –
Pegou, colocou no bolso, terminou de beber o café. – O seu café continua
divino, velho amigo. – Se despediu com um sorriso de canto de boca enquanto se
levantava para sair, deu mais uma olhada no ambiente e foi em direção ao carro,
guardou o envelope no porta luvas e leu os rabiscos no guardanapo, deu partida
no carro e voltou a dirigir.
– Por favor, ligue para o
Sr. Baron – deu um comando de voz ao celular enquanto dirigia para não perder
tempo.
– Bom dia, qual a
emergência? Você nunca liga.
– Estou indo ao Museu, por
favor me espera lá em frente, preciso te entregar uma coisa.
– Pode deixar com o
segurança.
– Não, preciso lhe entregar
em mãos.
– Então porque você não
entra? Eu também estou ocupado, sabia?
– Só faz o que eu estou
pedindo, depois conversamos – Desligou sem se despedir.
Ao chegar em frente ao
Museu Sr. Baron estava lá, mas com uma cara extremamente aborrecida.
– Você desligou na minha
cara. – Desabafou quando o carro se aproximou.
– Desculpe, havia uma
blitz. – Sr. F. Blefou rindo.
– Engraçadinho, qual a
emergência?
– Leia isso em segredo –
Entregou o envelope ao Sr. Baron – Preciso resolver algumas pendências, quando
voltar conversamos melhor.
– E por que não entrou? Se
era só para me entregar isso?
– Há alguém trabalhando aí
que ainda não quero ver, depois eu volto. – Falou acelerando o carro e saindo
rápido da frente do museu.
Dirigiu por algum tempo,
entrando cada vez mais fundo no centro da cidade, mas em algumas ruas que não
eram tão movimentadas, até chegar em um local cheio de motos tunadas em frente
de um bar que estava fechado, havia grafite nas paredes de fora, a porta de
enrolar era preta e havia uns caras com jaquetas de couro escrito “Selvagens”
bordados nelas, a maioria tinha cara de Headbangers, cabelos longos, outros
carecas, com barbas longas, alguns com óculos escuros, quase todos muito
tatuados, e todos estavam parados olhando pro carro, notando a estranha
presença dele ali, ele desceu calmamente do carro e foi em direção aos
grandões.
– Quem é você? – Falou um
dos caras.
– Boa tarde…
Antes que pudesse se
apresentar um rapaz baixinho com um cabelo preto, curto saiu de dentro da
multidão de grandões, e deu um abraço apertado no Sr.F.
– CARA! A quanto tempo!!!
Relaxa galera, o cara é meu. – Assim que falou isso os grandões voltaram a
conversar e o deixou a sós com o baixinho.
– E aí Lucas, como tem
passado?
– Melhor do que eu
gostaria, fazendo umas lutas aqui, resolvendo outros problemas ali, sabe como
é.
– O Bill está?
– No momento não, como
achou nosso endereço? Nos mudamos recentemente devido a alguns problemas aí.
– Amigo nosso em comum, não
se preocupe, é de confiança.
– Beleza, aconteceu alguma
coisa, você não é de ir a campo para resolver as coisas.
– Sim, preciso que fiquem
de olho em uma pessoa para mim, e coletem informações, de forma urgente, por
isso gostaria de falar pessoalmente com o Bill.
– É caso de vida ou morte?
– Infelizmente sim, há
pessoas infiltradas nos meus negócios, roubando informações.
– Nossa cara, que
problemão, e não quer que eu resolva para você? – Lucas olhou para o Sr.F. com
um olhar malicioso.
– Não precisa, não é o tipo
de gente que se dá para mexer sem chamar atenção.
– Beleza, vou conversar com
o Bill e entre em contato contigo, pode me dar seu número?
– Não, melhor resolvermos
isso na forma antiga, deixa o recado na casa de Chá com o Jó.
– Ahhh, foi aquele sacana,
hahahaha, beleza, xá comigo minha benção!
– Você nunca muda! –
Respondeu Sr. F. rindo.
Apertaram as mãos, deram um
abraço amigável e saíram, Sr.F. voltou para seu carro e foi em direção ao
Sain’t Phillipus. “Finalmente posso voltar para minhas leituras.”
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