Capítulo 02 - Interior
O velho enigmático com quem Akin se encontrou o deixou curioso, resolveu
então buscar informações sobre o que de fato havia acontecido, a conversa o fez
ver a vida sob uma nova ótica.
Passou muito tempo estudando e realizando pesquisas na biblioteca da cidade e encontrou um livro velho empoeirado e sem nome na capa, resolveu dar uma olhada no conteúdo.
Parecia ter encontrado algo que poderia sanar parte de sua curiosidade,
passou horas lendo, o livro falava sobre as diversas formas de se dialogar com
interior de um modo sensível como uma forma de autoconhecimento.
Resolveu então ir embora e tentar praticar o que aprendeu, chegou em
casa, entrou no quarto, fechou a janela, acendeu uma vela para ficar numa luz
baixa e se sentou em posição de meia lótus, deixou os olhos semicerrados para
praticar uma das técnicas que havia no livro.
Demorou um tempo pra se acostumar com aquela sensação, as pernas doíam
um pouco, mas com o tempo foi se acostumando, depois de alguns minutos teve a
sensação de estar caindo no sono quando sentiu seu corpo adormecer e se ver de
olhos abertos num local todo branco, não entendia direito o que tinha
acontecido, mas sabia que estava tudo bem, ouviu uma voz familiar sussurrando
em seu ouvido.
"Faça"
Então tentou pensar num local confortável, um ambiente seguro, e longe
da cidade, foi quando teve a sensação de estar "caindo" para cima,
até que quando parou de "cair" -
ou subir - teve a sensação de estar sendo sugado e a cabeça girando e
quando finalmente parou, estava em um campo verde, em um grande gramado
circular, com uma casa branca de madeira no centro do campo, ao redor dela era
cercado de uma mata densa e fechada, um ambiente tranquilo, com muita
vegetação, e barulho apenas do vento balançando as árvores.
Quase não acreditava no que estava acontecendo e não entendia o que
estava fazendo, mas decidiu apenas explorar. Se aproximou da casa, era simples,
porém muito bem feita, havia um hall de entrada, a porta entalhada com uns
desenhos estranhos e uma árvore no centro, porém de algum modo muito familiar,
pegou na maçaneta e girou, a porta estava aberta, entrou e se deparou com um
ambiente um tanto sofisticado demais para um local que parecia estar isolado,
havia um sofá branco, uma mesa de centro de vidro, com um girassol num vasinho
no centro da mesa, havia um piano em frente ao sofá, em cima do piano na parede
havia um espelho retangular na horizontal. Depois do sofá havia uma estante com
alguns livros, uma lareira ao lado da estante, e uma janela na direção do sol
nascente, mais à frente havia uma escada que dava para um sótão.
Tudo era muito bonito e sofisticado, decidiu explorar o lado de fora,
ver o que havia nos limites do campo, foi em direção ao Sol, era cedo ainda,
mas conforme se aproximava do mato, percebia o quanto era denso, mesmo assim
resolveu entrar.
Conforme ia adentrando à mata, a luz do sol ia ficando mais fraca, e em
dado momento conseguia ver muito pouco, foi quando ouviu barulhos de galhos
farfalhando e algo muito veloz se aproximava, até que viu um animal se
aproximando muito rápido, ao ficar a uns 3 metros de distância parou e o
encarou, era um Gorila com olhos amarelos penetrantes que o encarava imóvel,
Akin estava paralisado, não queria correr para não dar as costas para o gorila,
mas também não queria ficar ali, o animal foi se aproximando bem lentamente, e
foi ficando cada vez mais assustado, até que o animal ficou numa distância
próximo o suficiente para que o tocar, estendeu a mão, e o gorila abaixou a
cabeça em um sinal de respeito, e ao sentir o pelo dele em sua mão, despertou.
Abriu os olhos, estava novamente em seu quarto, ainda assustado, mas
muito animado com a experiência, anotou num caderno o resultado do experimento
e decidiu tentar novamente, mas com mais cuidado.
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