Capítulo 56 – Sob o Castelo
Antes de amanhecer em Tekohá, Esme e Za’tar estavam andando
pelos corredores do Castelo dos Coelhos, eles foram até o nível mais baixo do
castelo onde só havia as câmaras onde os soldados guardavam suas armas e
vestimentas, e em um desses corredores era sem saída, ela tateou até encontrar
uma pedra com 3 marcas em alto relevo do tamanho de um polegar, e entoou um cântico
em uma linguagem antiga, as pedras se moveram revelando uma escada em espiral
que descia e dava para um corredor longo.
- Têm certeza que quer fazer isso? – Za’tar perguntou
aflito, o que não era do seu costume.
- Não há outra escolha, as escrituras não mentem, os
antigos sabiam que esse momento chegaria e meu pai confiou isso a mim.
Ao chegar no final do corredor, havia uma porta com os 3 Símbolos
do Fântaso, Ícelo e Morpheus estampados na porta.
- Antes de entrar precisamos do último item. – Falou para
o Za’tar solicitando a bolsa que o mesmo segurava.
- Mas como? Você só está com a Caneta.
- Não exatamente. – Ela abriu um pequeno baú igual ao que
guardava o Colar que deu a Onirê.
- Você criou uma réplica?
- Sim, com poderes mágicos, mas muito mais fraco que esse,
não poderia deixar um item tão valioso nas mãos de uma pessoa inexperiente. –
Ela respondeu friamente, mas com certa inquietação, não gostava de mentiras,
mas era o trabalho dela.
- E a máscara? – Za’tar perguntou.
- Essa é a parte divertida. – Esme sorriu. Pegou alguns itens
na bolsa e fez uma porta desenhada com um giz roxo na parede, entoou alguns
cânticos e então a porta se tornou útil como uma porta normal.
Demorou uns dois minutos até que a porta se abrisse e dela
saiu a Karen.
Za’tar puxou a espada e ficou em posição de ataque, pulando
em frente a Esme para protege-la.
- Não será nescessário, Za’tar.
- Ele ainda não sabe? – A Karen Parecia confusa, mas agiu
como se nada houvesse acontecido, pegou a bolsa em que carregava e tirou dela
um pano roxo fluorescente por conta do item que o mesmo carregava.
- Onde conseguiu isso? – Za’tar perguntou.
- Com os Mariposas, é claro.
- Você está trabalhando com os Mariposas, Esme?
- Mas é claro que não, mas a minha melhor aluna precisava
estar muito envolvida em todos os passos para poder concluir a mais difícil
missão a quem a deixei encarregada. – Esse é o preço do nosso trabalho. -
Então, afastem-se – A esme ordenou seriamente.
“Ei aqui o grande dia
Desde o fim de seu reinado
Dormentes sem magia
Mas logo será acordado”
- Um dos símbolos começou a brilhar.
“É onde tudo recomeça
Se assim for do seu desejo
Quando todos dormem
É assim que apareço.”
- Outra inscrição começou a brilhar
“É nas trevas que se encontra
Mas não é o que parece
Se olhar bem de perto
De todo o medo se esquece.
- A última inscrição começou a brilhar
A parede onde havia uma porta começou a se mexer e a subir
lentamente, como se fosse uma porta, mas do outro dela não havia uma sala, e
sim 3 Estátuas, as três estatuas dos deuses do Reino Onírico. Cada um com sua
própria beleza, Morpheus estava com a mão estendida como se esperasse alguém
por algo em sua mão, Ícelo estava com a Mão indo em direção ao rosto, e Fântaso
estava a escrever alguma coisa, mas sem sua caneta.
- Então – Você precisa devolver os artefatos, não é? – Supôs
a Karen
- Sim... É o que diz as antigas inscrições. – Pegou a Máscara
da mão da Karen. - Seguindo a sequência lógica... – Esme falou para si mesma. Foi
em direção ao Fântaso e devolveu a sua caneta, foi em direção ao Morpheus e pôs
o Colar verdadeiro em sua mão, e foi em direção ao Ícelo e colocou a Máscara na
mão em que ele levava ao rosto, e assim que o fez as estátuas se moveram, o Fântaso
começou a escrever, o Morpheus pôs o colar no pescoço e o Ícelo pôs a máscara
no rosto.

As estátuas foram tomando uma coloração diferente, a pele
dela começaram a tomar colorações humanas, o Ícelo uma pele branca meio
amarelada, o Morpheus um tom de pele marrom indo para o vermelho e o Ícelo branco
bem pálido. Os 3 se entreolharam, depois olharam para as figuras humanas em
suas frentes, desceram do pedestal onde se encontravam.
- Enfim livres. – Disse o Ícelo.
- Já não era sem tempo, está tudo uma bagunça – Falou o
Morpheus.
- E precisamos concertar tudo isso – Finalizou o Fântaso.
A Esme se curvou em reverência, o Morpheus fez um gesto indicando
que não precisava.
- Ah, eu até que gostei – Falou o Ícelo, esboçando um riso
irônico.
- Precisamos de sua ajuda – A Esme falou para o Morpheus.
A Karen e o Za’tar não sabiam como agir, só ficaram afastados
esperando pra saber o que fazer, ele não sabia o que ia acontecer quando os
três fossem libertados, então ele estava atento, com a mão no punho da espada.
- Eu sei, estávamos observando tudo, só não estávamos em
nossos avatares. – Explicou ele.
- Enfim, há muito o que arrumar, existem muita gente que
não é daqui fazendo bagunça.
- Ei, deixe minhas Mariposas quietas, eles estão fazendo
um trabalho importante, e você sabe disso. – Ícelo falou com uma voz de desdém
para o Fântaso e o Morpheus olhou para ele com reprovação, ele ignorou e olhou
para Karen. - Você é realmente uma peça valiosa, bem escorregadia, gosto disso.
- Enfim, você sabe o que precisa fazer, Esme, vá para a
reunião, a Ars Magna será uma aliada poderosa, agora precisamos ir. – Ele se
virou devagar para olhar para os irmãos e eles viraram fumaça, sumiram.
- Para onde eles foram? – Zat’ar perguntou confuso.
- Não sei, mas são Deuses, eles disseram que precisam
concertar as coisas, mas não sei o que vai acontecer a partir de agora. - Respondeu Esme.