Capítulo 41 - A Guerreira do clã
Capítulo 41 - A Guerreira do clã
Os dois continuaram se olhando por um tempo, até que finalmente quebraram o silêncio.
– O que foi que aconteceu? – Thainá reiniciou o diálogo.
– Fui parar num labirinto duas vezes, e na última descobri que o Ícelo está usando o Mundo Virtual para se fortalecer.
– Mas como isso seria possível? Humanos não deveriam ser capazes de ter acesso àquela dimensão.
– Aparentemente eu não sou uma pessoa comum, a Esme me contou algo sobre eu ser o Guardião. – Onirê falou para Thainá que pareceu ter recebido a informação como uma pedrada.
– Isso não pode ser possível - falou baixo, mais para si, do que para ele.
– Thainá, eu preciso das anotações, mas o que houve entre você e a Esme? – Onirê falou em um tom de ordem.
Ela estranhou o quanto ele havia mudado desde a última vez que se viram, a informação sobre ele ser o Guardião a abalou.
– Nós éramos apaixonadas, mas nosso destino não permitiu que ficássemos juntas. – Os olhos dela lacrimejaram.
– Apaixonadas? – falou de sobressalto, levantando rapidamente.
– Sim, brigamos feio quando ela decidiu entrar para à Ars Magna.
– Mas… Como… – Ele ainda tentava entender. – Mas não dava para continuarem mesmo com ela lá?
– Não, faz muito tempo que ela não retorna para casa, porque está em uma missão a anos, buscando informações através da Ars Magna.
– Que tipo de informações?
– Informações de onde o Guardião está. – Concluiu levantando os olhos, e o encarando.
– Então agora que ela achou, vocês vão se encontrar?
– É possível, mas muita coisa mudou desde então, e temos destinos diferentes.
– É sobre ela ser a guardiã das chaves?
– Não, isso não importa agora. – Pegou o pedaço de papel com o poema escrito da pequena bolsa que carregava consigo, em sua cinta. – Toma. – falou mudando de assunto.
– Porque mudou de opinião? Não ia resolver isso sozinha?
– No nosso clã, cada família é responsável por uma função específica, a família da Esme, faz parte dos Sacerdotes, a minha faz parte das guerreiras, e minha função é ajudar o Guardião. – Ela o encarava fixamente sem piscar.
Onirê pegou o papel devagar, parecia ainda estar processando a informação.
– Onde exatamente fica o seu clã?
– No nordeste do continente.
– E onde exatamente estamos?
– Estamos em uma ilha do planeta Karawara, fica muito longe do continente Tekohá que foi encontrada pelo Zen e usada como base para proteger os assuntos mais sigilosos sobre a pesquisa sobre os três.
– Se o Zen é o pai da Esme, ele não deveria ser Sacerdote?
– Não exatamente, a mãe dela é sacerdotisa, ele é responsável pela arqueologia, os estudos antigos.
– Então agora você é minha guarda-costas?
– Não vai se achando, garoto – Ela riu quebrando o gelo que estava depois da informação. – O que faremos agora senhor guardião?
– Vamos para casa, preciso te contar sobre o que aconteceu comigo, onde o Kong está?
– Você não percebeu?
– O que?
– Ele era você o tempo inteiro, fazia sua proteção enquanto você não conseguia acessá-lo internamente.
Ela encostou nele devagar, e colocou a mão suavemente no centro do seu peito.
– Ele agora está aqui. – Falou olhando-o fixamente.
– Certo…
– Vou te ajudar com isso, agora vamos…
– Porque esse lado da floresta é tão escuro? – Onirê perguntou enquanto caminhavam.
– As Árvores cresceram demais desse lado da ilha, o que fez com que muitos animais noturnos migrassem para cá e cuidassem do território.
– Foi aqui que encontrei o Kong pela primeira vez.
– A presença dos animais noturnos deve ter te deixado em alerta e ele se manifestou.
– Vou poder fazer isso com frequência?
– O quê? Usar a forma animal?
– É…
– Com frequência não, exige muito gasto de Vigor.
– Então somente em situações extremas?
– É o recomendado, o que sentiu quando sentiu a presença dele pela primeira vez?
– Me senti com muita raiva, mas com uma energia pulsante esquentando o meu corpo inteiro - falou lembrando da luta com Zat’ar.
– E depois…?
– Senti minhas forças se esvaindo e caí de joelhos.
– Exatamente, você precisa aprender a controlar esse fluxo, para não se desgastar demais e poder continuar ativo.
– E como vamos fazer isso?
– Do outro lado da Floresta há um lago.
– Na Floresta de Pedra?
– Floresta de pedra? – Thainá riu. – Lá é onde fica o lago Sagrado, é onde vamos treinar. – Colocou a mão dentro da pequena bolsa novamente e retirou um pergaminho.
– O que é isso? – Pegou o pergaminho e quando abriu viu que era mapa do continente.
– Vê isso aqui no centro? é uma região que atualmente se encontra deserta, mas já foi uma grande floresta.
– O que aconteceu? – Houve um grande cataclisma gerado pela guerra dos 3, a muito tempo atrás.
– Há mais ou menos 600 anos? – chutou Onirê.
– É por aí – Confirmou – Esse evento deixou quase metade do continente infértil, nosso clã tem a missão de restabelecer o ecossistema de Tekohá, mas um clã surgiu logo depois desse cataclisma, eles se intitulam de Mariposas, eles não têm respeito nenhum pelo nosso ecossistema e fizeram a base deles nesta região aqui. – Apontou para o Sudeste do mapa.
– Porque eles não respeitam o Ecossistema?
– Eles estão utilizando a tecnologia como forma de sugar os nossos recursos para enriquecer na terra.
– O Clã das Folhas não tem forças suficientes para os confrontarem?
– Não diretamente, e não sem o guardião, a tecnologia deles os colocam em uma certa vantagem, e com isso eles se protegem muito bem.
– Deixa eu adivinhar, aí precisam do Guardião para equilibrar a batalha.
– Exatamente. – Ela falou olhando para ele, rindo.
– Que no caso, sou eu…
– Por isso eu gosto de você, você é espertinho. – Falou em tom de deboche.
– E qual o plano?
– Primeiro, você tem que treinar, segundo eu preciso entrar em contato com a Soraia.
– Soraia? – Onirê perguntou enquanto se aproximavam da casa.
– Sim, a minha Mestre, ótima caminhada, não acha? – Thainá entrou na casa, enquanto guardava o mapa.




